GP de Singapura F1: Viagem ao desconhecido

As condições climatéricas estão a ter um impacto evidente no Grande Prémio de Singapura e poderá continuar a ter na corrida de amanhã, enfrentando pilotos e equipas um conjunto de incógnitas amanhã, e quem as souber interpretar melhor, sairá vencedor.

Em circunstâncias normais, com a pista seca, Max Verstappen seria o grande candidato ao triunfo na prova de Marina Bay. A Ferrari está mais forte do que nos últimos Grandes Prémios, mas continua a ter problemas com a gestão dos pneus. Por seu lado, a Mercedes está também em mãos competitivas em Singapura, mas fica a ideia de que tudo teria de correr de feição para que pudesse desfeitear o Campeão do Mundo.

No entanto, a chuva que caiu sobre Marina Bay ao final da tarde mudou tudo e aquele que poderia ser o grande candidato ao triunfo arrancará apenas do oitavo posto da grelha de partida.

A Red Bull errou e Max Verstappen errou – este porque nas voltas que realizou na Q3 nunca ‘conseguiu meter’ uma volta sem cometer pequenas falhas de pilotagem. Talvez não conseguisse a pole-position, mas um lugar nas duas primeiras linhas era garantido.

A formação de Milton Keynes cometeu uma falha evidente e de principiante por ter mandado o seu piloto abortar voltas sucessivamente, sem ter em atenção o nível de combustível, mandando o holandês para uma volta que não poderia completar.

Estes erros sucessivos deixam Verstappen numa posição debilitada para chegar ao pódio, uma vez que ultrapassar em Marina Bay não é tão fácil como em Hungaroring, Spa-Francorchamps, ou Monza, mesmo com os novos monolugares, e a estratégia em Singapura passa apenas por uma paragem, devido ao tempo que se perde no pit-lane – vinte e sete segundos – não permitindo grandes ganhos estratégicos.

O papel de principais candidatos à vitória na corrida de amanhã fica nas mãos de Charles Leclerc, o autor da pole-position, Sérgio Pérez, que arrancará da primeira linha, e de Lewis Hamilton, que com Verstappen distante, poderá ter algumas possibilidades de manter o seu recorde de vencer em todas as suas temporadas de Fórmula 1.

O monegasco tem, no entanto, alguns problemas para superar. Não fez qualquer simulação de corrida, devido a questões técnicas no seu carro, e as feitas por Carlos Sainz evidenciaram que o F1-75 é mais exigente para os pneus que o Red Bull e que o Mercedes, o que poderá deixar exposto a Pérez e Hamilton, sobretudo numa pista ‘verde’ depois da chuva de hoje, que lavou o asfalto de Marina Bay.

Leclerc, que já apontou que para vencer a Ferrari terá de executar perfeita, poderá ser beneficiado pela instabilidade climatérica, uma vez que está prevista chuva para o período em que se realizará a corrida.

Nestas condições, o desgaste dos pneus passa para um segundo plano, ganhando importância o momento em que se trocam de tipo de borracha, o que poderá ser uma dificuldade para a equipa de Maranello, como se verificou em Monte Carlo, quando tinha dois carros no comando e, ainda assim, perdeu a corrida, devido ao momento desajustado para montar pneus slicks.

Outro factor a ter em conta será a forte possibilidade da entrada em pista do Safety-Car, um protagonista em todos os Grandes Prémios de Singapura.

Mesmo a interrupção da corrida com bandeiras vermelhas não seria uma novidade, o que pode virar a prova completamente do avesso.

São, portanto, muitas as incógnitas que as equipas terão de enfrentar na corrida de amanhã, aparentemente a única certeza será o aparecimento da chuva, e ler a prova a cada instante será de importância capital, exercício em que a Ferrari tem falhado consistentemente, o que talvez deixe Pérez como o grande favorito ao triunfo no Grande Prémio de Singapura.