GP da Grã-Bretanha F1/2º pelotão: Aston Martin arrisca e Ferrari joga à defesa

Por a 10 Julho 2023 16:54

Este ano existe uma volatilidade competitiva enorme, sendo o único denominador comum o domínio de Max Verstappen, que tem tido inúmeros perseguidores, entre os quais a Ferrari e a Aston Martin. No entanto, estas duas equipas não conseguiram melhor que terminar na segunda metade do top-10 do Grande Prémio da Grã-Bretanha.

FOTOS Martin Trenkler

A equipa de Silverstone e a de Maranello estavam conscientes de que a pista britânica poderia ser uma das mais difíceis que teriam de enfrentar este ano, dadas as características dos respetivos carros não se adaptarem às curvas de alta velocidade, algo que já tinha ficado bem patente em Barcelona.

No entanto, desde então, tanto o Aston Martin como o Ferrari foram alvos de profundas alterações aerodinâmicas com o intuito de erradicar as suas debilidades, mas os resultados de Silverstone não confirmaram uma evolução da parte destas duas equipas, pelo menos no que diz respeito a resultados.

Como tem sido habitual a formação de Maranello mostrou-se muito competitiva em ritmo de qualificação, muito embora em qualificação tenha sido batida, surpreendentemente, pelos dois pilotos da McLaren, com Charles Leclerc a ficar em quarto e Carlos Sainz em quinto.

Já a Aston Martin nunca mostrou rapidez no exigente traçado inglês, tendo Fernando Alonso se quedado pelo nono posto, inclusivamente atrás de Alex Albon, ao passo que Lance Stroll não passou sequer à Q3, alinhando no décimo segundo posto.

A desapontante prestação da equipa que representa o construtor britânico poderá ter origem na nova construção de pneus que a Pirelli introduziu em Silverstone.

Os novos produtos da companhia italiana, que mantém os compostos, terá provocado sobreviragem em todos os carros, sendo aqueles já com este comportamento intrínseco sofrido mais com as novas borrachas.

O Williams, naturalmente subvirador, beneficiou com os novos Pirelli, o que em parte explica a subida de forma da formação de Grove, mas outros carros, podendo um deles ser o Aston Martin, sentiram dificuldades.

Num fim-de-semana em que a sexta-feira presenteou todos com temperaturas de verão e o sábado mostrou ser dia típico inglês – com chuva –, a corrida de domingo foi disputada com a pista seca, mas com o sol escondido pelas nuvens, a temperatura da pista permaneceu fria – entre sexta-feira e a hora do Grande Prémio verificou-se uma diferença de cerca de 20ºC no asfalto – o que teria um impacto importante no desgaste dos pneus.

Foi neste cenário que os pilotos arrancaram para a prova de cinquenta e duas voltas, tendo Charles Leclerc mantido o quarto posto, com borrachas médias, ao passo que Carlos Sainz, médios, perdia um lugar para George Russell, que montara pneus macios.

Alonso, médios, subia a sétimo e Pérez, também com borrachas marcadas a amarelo, descia uma posição, para décimo sexto.

Leclerc não conseguia manter o ritmo de Max Verstappen e dos McLaren, mas apesar das ameaças de Russell, conseguia manter o quarto posto, dando ideia de que o Ferrari poderia ser suficientemente competitivo para o Mercedes.

Já Alonso, perdia uma posição para Lewis Hamilton, que saiu de pista na primeira travagem, e passava a estar mais preocupado com Pierre Gasly do que em acompanhar os pilotos que estavam à sua frente.

Na décima oitava volta, a Ferrari começava a demonstrar a sua falta de confiança na performance do seu carro.

Com Russell a manter-se próximo de Leclerc começava a transpirar que o desgaste de pneus era inferior ao esperado, beneficiando da pista fresca, uma vez que os macios do inglês estavam a manter a sua performance, apesar de rodar consistentemente na área de DRS do monegasco.

Contudo, a ‘Scuderia’ chamava o seu piloto às boxes para montar borrachas duras com o desiderato de realizar apenas uma troca de pneus, temendo que a Mercedes pudesse fazer o ‘undercut’ ao seu piloto.

Para agravar a situação de Leclerc, este teve dificuldades para colocar os duros na temperatura correcta de funcionamento, não ganhando tempo a Russell.

Na vigésima sexta volta, também Sainz entrava nas boxes, montando também duros. Entre as equipas da frente, a Ferrari era a primeira a trocar de pneus, evidenciando reservas quanto à capacidade de gestão das borrachas do seu carro.

Com algum espaço de manobra relativamente ao espanhol e a ganhar tempo a Leclerc, Russell parou na vigésima oitava volta, ficando à frente dos dois Ferraris.

A ‘Scuderia’ era assim batida pela Mercedes.

Alonso, por seu turno, sem ritmo de corrida, estendia ao máximo a sua estadia em pista, esperando um Safety-Car que o pudesse ajudar.

A sorte bafejou o piloto da Aston Martin, quando Kevin Magnussen parou em pista com problemas na unidade de potência do seu Haas, estavam decorridas trinta e três voltas.

O espanhol aproveitava para montar pneus macios, beneficiando dos dados recolhidos pela sua equipa com o primeiro ‘stint’ de Russell.

Do lado da Ferrari, mantinha Sainz em pista, mas chamava Leclerc para montar médios, apostando em dois tabuleiros.

Isto permitiu a Alonso encontrar-se à frente dos dois pilotos da equipa de Maranello e, até ao final da corrida, viu-se suplantado apenas por Sergio Pérez, que terminou num sofrível sexto posto, tendo o piloto da Aston Martin cruzado a linha de meta em sétimo.

A ‘Scuderia’ veria Leclerc a terminar em nono e Sainz em décimo, tendo inclusivamente sido batidos por Alex Albon, que no Williams, foi o mais forte na luta pelo Segundo Pelotão.

O Ferrari era mais competitivo que o Aston Martin em Silverstone, podendo até ser capaz de se bater com o Mercedes, mas a diferença entre as duas foi que enquanto a formação de Silverstone arriscou e procurou a sorte, a ‘Scuderia’ mostrou-se temerosa, ficando mais exposta que qualquer outra equipa da frente a uma situação de Safety-Car.

A Ferrari teve azar, mas não procurou a sorte, a Aston Martin teve sorte, mas procurou-a em todas as oportunidades que teve.

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