GP Alemanha F1: O regresso a Hockenheim

Por a 18 Julho 2018 12:30

Depois de uma pausa indesejada, o GP da Alemanha está de regresso à F1. As exigências financeiras do Grande Circo e a pouca vontade dos alemães em manterem uma prova que dá prejuízo aos organizadores, sem apoios estatais, pode significar que este regresso é apenas o último suspiro da F1 em solo germânico. Se tal cenário se confirmar é ao mesmo tempo triste ver duas das mais míticas pistas do mundo não receberem a F1 e confuso ver um país que deu dois dos mais titulados pilotos de sempre, além da marca que tem dominado a F1 desde 2014, ficar fora do calendário. A postura inicial da Liberty foi de tentar manter os traçados com mais história, mas a pouca vontade das equipas em aumentar o calendário e a potencial entrada de dinheiro fresco vindo de outras paragens poderá ditar o fim da F1 em solo germânico.

 

Sete configurações diferentes ao longo da história

Hockenheim recebeu a primeira prova de F1 em 1970, tendo até aí  sido Nurburgring a reinar. Mas as exigências de segurança levaram a que o Inferno Verde deixasse a sua coroa. Hockenheim já teve sete configurações diferente, sendo que as cinco mais conhecidas vêm de 1970 até ao presente. A primeira versão (1932-1938) contava com 12 km de pista e um formato em triângulo, tendo sido encurtada (1938) para 7 quilómetros, com a introdução da famosa “Ostkurve “. Em 1966  ganhou o desenho que a tornou famosa (uma espécie de ferradura), mas em 1968 o fatal acidente de Jim Clark levou a colocação de duas chicanes nas grandes rectas do circuito, na secção que atravessava a floresta. A “Ostkurve” ganhou também uma pequena chicane em 1982, resultado do grave acidente de Patrick Depailler. Até 2002 foram sendo feitas alterações as chicanes, sendo que a primeira passou a ser chamada de Clark e a terceira de Senna, com a Ostkurve a manter o nome até 2002, ano em que desapareceu de vez.

A necessidade de diminuir o tamanho da pista para facilitar a manutenção e permitir que o público visse os carros por mais tempo levou a alterações profundas e aquela que era a pista mais rápida da F1, a par de Monza, perdeu a sua identidade. Hermann Tilke foi o homem responsável pela alteração bastante criticada, por ter retirado os desafios do antigo Hockenheim. Tanto ou mais criticada, foi a plantação de árvores no antigo traçado para evitar que voltasse a ser usado no futuro. Hoje nas imagens aéreas ainda podemos vislumbrar a sombra do que era o glorioso traçado antigo. Se as vezes ouvir o “antigamente é que era” irrita, neste caso faz  sentido.

 

Irá Hamilton estragar a festa de Vettel?

É com este misto de indefinição quanto ao futuro e um passado carregado de história que a F1 inicia a sua 11ª jornada, também com muita história para trás e muita indefinição quanto à luta pelo título.

Lewis Hamilton tinha planeado fazer do fim de semana de Silverstone, o “seu” fim de semana e preparou a festa condignamente, com uma pole inquestionável que lhe dava o ânimo para levar para casa mais um recorde… a sexta vitória no traçado britânico. Mas um toque com Kimi arruinou-lhe a festa e quem ficou a rir foi Sebastian Vettel, que conquistou o troféu que Hamilton tanto queria. O bate boca no final da prova foi grande e a Mercedes perdeu um pouco a compostura com acusações infundadas e pouco elegantes, que logo de seguida foram retiradas, com o devido pedido de desculpa, num gesto que se louva. O destino quis que depois de jogar em casa, Hamilton iria ao reduto do seu principal adversário tentar retribuir o favor de estragar a festa ao anfitrião. Curiosamente, Vettel nunca venceu em Hockenheim, ao contrário de Hamilton que já ganhou por duas vezes neste traçado. Mas se Vettel quer brilhar frente ao seu público também a Mercedes joga em casa, numa pista com muitas ligações à marca (chegou a ser pista de testes para  os flechas de prata). Nas duas passagens na era turbo-híbrida, a Mercedes dominou, mas também nunca esteve sob tanta pressão do adversário como este ano.

Os finlandeses Kimi Raikkonen e Valtteri Bottas têm sido actores secundários neste filme, muito a contragosto pois se Kimi tem mostrado um nível positivo, embora não consiga chegar ao andamento de Vettel, já Bottas tem tido o azar do seu lado, que o  tem feito perder muito pontos. Sem isso poderia ser outro nome na luta pelo título.

Os Red Bull mantêm o papel reservado aos jovens que entram nas festas sem serem convidados. Sem argumentos ao nível do motor para discutir de igual para igual com as duas equipas da frente, Ricciardo e Verstappen vão aproveitando as sobras e sempre que possível, colocando em causa o poder estabelecido, como se quer da juventude irreverente. Verstappen está numa fase positiva e o espectro dos erros sucessivos parece já ter desaparecido, enquanto Ricciardo tem estado mais discreto que o habitual. Hockenheim não deverá ser um palco privilegiado para os Bull´s, que aguardarão, atentos, por falhas alheias.

 

No meio é que está a virtude

As lutas no meio da tabela estão ao rubro. A Renault mantêm-se como quarta força do campeonato mas está sob forte ameaça da Haas que desde o GP da França tem estado muito forte. Quando se pensava que a época dos americanos já tinha dado todo  o sumo que podia, afinal um conjunto de melhorias levou a um aumento de forma. Hulkenberg é o líder desta luta e a correr perante o seu público não pensa perder o lugar, até porque Alonso é o homem mais próximo e está com outros problemas em mente e Magnussen é o segundo opositor, mas poderá ter problemas no último setor, onde as curvas mais lentas não jogam a favor das características da sua máquina.

Sainz, Pérez e Ocon estão muito juntos na tabela, um pouco à semelhança do que acontece com a Haas, McLaren e Force India. É este equilíbrio que tem sido constante ao longo do ano e que tem dado lutas muito interessantes. Se os Renault têm feito uso da regularidade para se manterem na frente, a Haas tem aproveitado as pistas mais rápidas para brilhar, enquanto a McLaren procura uma solução para a falta de andamento na qualificação, o calcanhar de Aquiles da equipa que em corrida tem conseguido estar minimamente competitiva. A Force India tem sido uma equipa pouco regular (ao contrário do que era habitual), com muitos altos e baixos, sendo mais difícil de prever o que poderão mostrar.

O futuro faz-se no fim da tabela

No final da tabela a Sauber é claramente o destaque nesta fase e só não ultrapassou a Toro Rosso na tabela pois o quarto lugar de Gasly no Barhein tem sido uma boa almofada. Mas a este ritmo o mais certo é que a Sauber assuma o oitavo lugar em breve, com o alto patrocínio de Leclerc, que tem tido um ano de estreia fenomenal. Na Toro Rosso é Gasly a garantir os melhores resultados e é nesta luta entre os dois jovens que se centram as atenções. O futuro da F1 a começar a desenhar-se. Por fim a Williams… que tem mostrado muito pouco e apenas em Silverstone tiveram uma prestação um pouco mais positiva no geral. Mas longe do que se espera deles.

 

Notas:

Nicholas Latifi irá substituir Ocon na FP1 tal como Antonio Giovinazzi  subsituirá Ericsson na Sauber.

Teremos uma terceira zona DRS. Uma após a curva 1 e outra na zona rápida da parabólica, como habitualmente, mas a novidade é a zona DRS na recta da meta.

A Pirelli optrou por dar “um salto” na escolha dos pneus, com ultra-macios, Macios e médios, deixando de parte os super-macios, o que poderá apimentar as escolhas estratégicas. Já tivemos um cenário semelhante na China e a corrida foi muito boa de seguir.

Para Stoffel Vandoorne, Pierre Gasly, Charles Leclerc, Brendon Hartley e Sergey Sirotkin é a estreia neste traçado em F1. A maioria já conhece a pista mas ao volante de máquinas menos velozes.

 

Horários:

Sexta

TL1 – 10:00 – 11:30

TL2 – 14:00 – 15:30

Sábado

TL3 – 11:00 – 12:00

Qualificação – 14:00 – 15:00

Domingo

Corrida – 14:10

 

Classificação do campeonato / pilotos: aqui 

Classificação do campeonato / equipa: aqui

 

Dados da pista:

Comprimento da pista: 4.574km

Nº de voltas: 67

Distância de corrida: 306.458km

Volta mais rápida: 1’13.780 (Kimi Raikkonen, 2004)

Recorde de pista: 1’13.306 (Michael Schumacher, 2004, Q2)

Apoio aerodinâmico: Médio

Pneus:

 

Onboard da pista:

 

Corrida de 2016:

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