GP Alemanha F1: Notas AutoSport (Parte I)

Nunca desistir. É uma das frases que mais se ouve na F1 e no desporto em geral. Para ter sucesso ao mais alto nível, os atletas precisam ter uma resiliência à prova de bala. Na Alemanha tivemos mais um exemplo  do que esta frase significa para os pilotos de F1, especialmente para Hamilton  que na manhã de domingo dificilmente esperava vir a festejar o primeiro lugar, que até então parecia estar encaminhado para Vettel. Mas no final, de uma forma que ninguém esperava, a vingança serviu-se e depois de Vettel ter festejado em casa de Hamilton, o britânico retribuiu.

Mercedes: Estratégia apurada e um campeão em forma

Dizia Nico Rosberg que Hamilton parecia estranhamente desanimado, relatos também reproduzidos por quem esteve in loco no sábado. Provavelmente guardou o entusiasmo todo para domingo, o dia em que são distribuídos os pontos. Durante os treinos livres, os Mercedes não foram particularmente impressionantes e na qualificação ficou confirmado que a sua supremacia chegou ao fim e que a Ferrari tem um carro mais rápido. As melhorias no motor fizeram a Scuderia ganhar quase  0.5 seg em relação aos Mercedes ( a aerodinâmica também jogou o seu papel neste pormenor) e o aumento de forma da Haas e da Sauber não pode ser coincidência. Um problema hidráulico acabou prematuramente com o esforço de Hamilton, que tinha o 14º posto como o melhor lugar para largar, caso não tivesse de trocar de componentes. Bottas fez tudo para contrariar sozinho o favoritismo vermelho, mas mesmo com uma volta canhão, não conseguiu impedir a pole de Vettel. O domingo iria ser difícil, mas a Mercedes fez tudo bem a nível estratégico. Colocou Hamilton com os pneus macios e deu-lhe a missão de subir o máximo de lugares possível até a troca de pneus. Todos estavam à espera da chuva mas a Mercedes, vendo Hamilton a começar a perder tempo, arriscou nos ultrasoft, que seriam a escolha ideal se a chuva não fosse abundante. Resultou na perfeição e James Vowles, redimiu-se do erro na Áustria. Teve ainda assim de voltar a pedir desculpa, desta vez a Bottas, que estava com vontade de roubar o primeiro lugar a Hamilton. A Mercedes deixou cair a autorização para competirem (como tanto falaram no passado) e usou ordens de equipa para garantir o resultado final. Hamilton esteve muito forte e a forma como geriu o primeiro stint foi de campeão. O segundo stint já teve mais dedo da equipa mas ainda assim uma das melhores performances do britânico este ano. Foi do inferno ao céu em pouco mais de 24h e sai da Alemanha com a liderança e com a confiança reforçada. Se há uns anos atrás seria dificil ver Hamilton recuperar de situações mas desafiantes, o britânico tem coleccionado prestações deste género nas últimas épocas.  Bottas esteve sempre à distância ideal para atacar o líder, quase este “escorregasse” e quando Vettel saiu de pista, parecia que a vitória finalmente lhe ia sorrir. Tal não aconteceu e Bottas, mais uma vez jogou para a equipa. Faz lembrar aqueles jogadores de futebol talentosos que jogam a meio campo que raramente mostram laivos de génio, mas que são essenciais à equipa. Bottas é um excelente piloto, mas coloca sempre os interesses da equipa acima dos seus. Por isso  lhe renovaram o contrato… e talvez por isso nunca venha a ter uma legião de fãs como outros.

Lewis Hamilton: Nota 10

Valtteri Bottas: Nota 9

Mercedes: Nota 10

Ferrari: 2017 revisitado

O carro é bom e está cada vez melhor, a equipa é boa e está também cada vez mais forte. Mas por algum motivo, nos momentos chave, a Ferrari escorrega sempre da forma menos esperada. Este fim de semana tinha tudo para ser memorável e, mais que isso, podiam ter dado um golpe tremendo na Mercedes. Na qualificação o seu poderio ficou claro e parecia que a vitória de Vettel carecia apenas de confirmação. E o início da corrida foi também auspicioso, com Vettel a fazer aquilo que sabe fazer muito bem… liderar e gerir tudo ao pormenor. Tudo estava preparado para a festa até aquele erro na curva Sachs que transfigurou a corrida. Um tetra-campeão e candidato ao título, não pode cometer um erro destes. Mas a facilidade com estes erros podem surgir  prova que a F1 é verdadeiramente exigente. Vettel tem apenas de olhar para o espelho para encontrar o principal culpado do insucesso deste fim de semana. Terá de encontrar força para recuperar da desilusão e acima de tudo não se deixar influenciar pelos fantasmas do passado recente. Já Raikkonen voltou ao pódio pela sétima vez este ano. Quando os rumores de uma possível ida para a Sauber começam a surgir, o finlandês mostra que ainda é muito útil à equipa e que traz pontos valiosos. Não tem o mesmo andamento de Vettel, mas tem a experiência necessária para conseguir os pontos que a equipa precisa. Muitos vêm Leclerc como a opção mais acertada para 2019, mas Kimi, continua a provar que tem ainda algo para mostrar. Foi colocado numa posição difícil a nível estratégico, sendo o primeiro a parar para colocar macios que teve de fazer durar grande parte da corrida. Terá servido para levar tentar roubar o lugar a Bottas ou para atrapalhar Hamilton? A primeira opção parece a acertada, mas a equipa tentou juntar as duas. Foi obrigado a deixar passar Vettel, mas exigiu que lhe dissessem com todas as letras, para que ficasse claro. É este carácter que já não se encontra em grande quantidade na F1. Foi um fim de semana longe do ideal para a Ferrari, mas as distâncias são tão curtas e  a vantagem que a Ferrari começa a ser cada vez mais clara, que tudo está em aberto. E como 2018 tem sido um ano louco e recheado de surpresas.

Sebastian Vettel: Nota 5

Kimi Raikkonen: Nota 8

Ferrari: Nota 8

Red Bull: Max ainda sorriu mas a chuva chegou com 5 minutos de atraso

A Red Bull bem tentou incomodar os homens da frente, mas não sobraram vagas no pódio para Verstappen. O holandês viu novo mar laranja nas bancadas (uma tendência saudável nas provas mais próximas da Holanda) e tentou dar nova alegria aos fãs. Max é um dos favoritos quando a chuva cai do céu, mas desta vez não o favoreceu. A aposta da equipa nos intermédios terá sido feita cedo demais e a chuva não caiu com a consistência que o jovem da Red Bull precisava. Regressou às boxes para nova troca de pneus, sem problemas, pois a distância para o quinto era considerável e resignou-se com o positivo  quarto lugar. Já Ricciardo, tinha antecipado um fim de semana complicado mas nada deste género. As últimas três corridas têm sido duras para o australiano, que tem perdido o sorriso. Chegou com o fim da grelha garantido, devido a trocas nos componentes do motor, que resolveu boicotar a sua recuperação a meio da prova. O chassis da Red Bull provou a sua valia mais uma vez, com os Bull´s a serem dos mais rápidos nos sectores 1 e 3, mas sem motor para aguentar o ritmo no sector 2.  Vem uma pista “à moda da Red Bull”. Hungaroring é o traçado ideal para acabar em beleza esta metade da época, mas resta ver se os motores cooperam.

Max Verstappen: Nota 8

Daniel Ricciardo: Nota 6

Red Bull: Nota 7

Renault: Hulkenberg brindou o seu público com excelente prestação

Dos 80 pontos da Renault, 52 são da autoria de Hulkenberg. Uma contribuição valiosa do alemão que conseguiu na Alemanha o melhor resultado da época até agora. Quinto lugar e o melhor dos pilotos do meio da tabela é um prémio que Hulk deverá aceitar de bom grado. Uma prova exemplar do #27, elogiada pelos responsáveis da Renault. Foi para isto que a equipa o contratou e não tem desiludido minimamente. Já Sainz teve um dia que prometeu muito, mas que foi pautado pelo azar. A troca de pneus uma volta antes do Safety Car provocado por Vettel e uma penalização de 10 segundos por ter ultrapassado um carro em situação de Safety Car, acabaram com a tarde do espanhol. Os rumores quanto ao seu futuro continuam e enquanto uns falam de um possível regresso à estrutura Red Bull, com a entrada de Ocon a ser olhada de forma muito séria, outros acreditam que o espanhol ficará na equipa. Outros dizem que é opção para se juntar a Alonso na McLaren. A slilly season está em brasa mas Sainz tem de melhorar as suas prestações o quanto antes.

Nico Hulkenberg: Nota 8

Carlos Sainz: Nota 6

Renault: Nota 8

Haas: Grosjean não desistiu e foi buscar o sexto lugar

Na qualificação foram mais fortes que os Renault mas na corrida, algumas falhas e azares não permitiram repetir a façanha. Grosjean arrancou mal e perdeu algumas posições com isso. Aguentou-se na primeira metade de corrida (muito movimentada) como pôde, mas guardou o melhor para o fim. A Haas arriscou nos Intermédios, o que se revelou um erro mas com os ultra-macios, Grosjean voou baixinho e se a dez voltas do fim estava fora dos pontos, cruzou a linha de meta em sexto, depois de uma recuperação notável. Grosjean é isto… capaz do melhor e do pior. E numa fase em que se fala de Pérez para o seu lugar, o francês tem mesmo de se mostrar em bom nível. Magnussen teve uma tarde estranha e se andou grande parte da corrida confortavelmente nos pontos, caiu vertiginosamente na tabela quando a chuva apareceu e não foi capaz de contrariar essa tendência. Acabou quase de forma inexplicável fora dos pontos quando se esperava que iria ser ele a trazer a maior fatia do bolo para a equipa.

Romain Grosjean: Nota 8

Kevin Magnussen : Nota 7

Haas: Nota 8

Continua