Vitória em três rodas é inédita, mas ‘triciclos’ na F1 são mais comuns do que se pensa

Por a 5 Agosto 2020 00:08

Peter Bonington estava uma pilha de nervos; Lewis Hamilton ficou sem pinga de sangue na meia volta que fez com um triciclo; Max Verstapen chegou à reta e não queria acreditar como perdeu uma corrida que estava ao seu alcance; os espetadores em casa roeram as unhas até ao sabugo, uns porque queriam a vitória de Hamilton, outros porque queriam o britânico de encontro ao muro estendendo a passadeira a Vertstappen. Foi mais ou menos isto que aconteceu no GP da Grã-Bretanha, sendo forçoso dar os parabéns a Peter Bonington por deixar o seu piloto calmo e a Lewis Hamilton por conseguir levar o seu Mercedes triciclo até final com a bandeira de xadrez a beijar o esforço do britânico.

Foi uma vitória emblemática, daquelas que forja ídolos e lendas como aconteceu com Ayrton Senna, que venceu o GP da Hungria de 1991 com dois pneus duros no lado esquerdo do carro, dois pneus macios do lado direito – algo nunca visto e que hoje não é permitido – o GP do Brasil do mesmo ano que ganhou apenas com a sexta velocidade ou a vitória no GP do Mónaco de 1988, quando bateu Alain Prost ao volante de um McLaren sem duas mudanças numa prova onde cada volta exige 46 passagens de caixa, mais de 3.500 no final da corrida.

Lewis Hamilton foi o primeiro piloto a ganhar uma corrida de Fórmula 1 em três rodas, mas pilotos ao volante de triciclos foram mais do que se pensa e houve mesmo um que ficou muito perto de ganhar em três rodas: Stefan Johansson, ao volante de um McLaren, exatamente no GP da Grã Bretanha, mas em 1987, viu o pneu desintegrar-se na última volta, mas não foi além do segundo lugar.

O Grande Prémio a Grã-Bretanha de 2020 veio confirmar que há pilotos cuja relação com a má sorte parece ser eterna. Nico Hulkenberg, ex-piloto da Renault, foi chamado pela Racing Point para ocupar o lugar de Sergio Perez, arrancado do carro pelo Covid-19, apareceu em SIlverstone com sorriso de orelha a orelha, chegou a domingo com o corpo a gritar de dor… e abandonou ainda antes de sair para a pré-grelha! Bolas, deve ter pensado o alemão que, pela terceira vez na sua carreira, não arrancou para a corrida: a primeira vez foi em 2013, em Melbourne, quando o Sauber fez birra devido a uma bomba de gasolina avariada, depois em 2015, na Bélgica, o motor Mercedes do Force India decidiu não voltar a trabalhar depois do aquecimento. Desta feita, foi a embraiagem que cedeu e Nico Hulkenberg conquistou o título de “Rei do Azar”.

A vitória sortuda de Lewis Hamilton ofereceu ao britânico a oportunidade de bater vários recordes que estavam na posse de Ayrton Senna e de Michael Schumacher e deixou-o mais perto de ser o melhor piloto de todos os tempos.

O GP da Gra Bretanha foi rico em termos de estatística e de recordes. Desde o caótico GP da Alemanha de 2019 que cinco equipas diferentes ocupavam os cinco primeiros lugares e Lewis Hamilton é o único piloto a ter pontuado nas quatro provas já disputadas e desde 2000, com Michael Schumacher, que um piloto não conseguia ficar as quatro primeiras provas de uma temporada no Top 10.

Ao liderar todas as voltas saindo da “pole position” pela 20ª vez na sua carreira, Lewis Hamilton isolou-se como o piloto que mais vezes conseguiu sair da “pole”, liderar todas as voltas e ganhar: Ayrton Senna é agora o segundo ao ter liderado todas as voltas e ganhar saindo da “pole position” por 19 vezes.

Se ficar no pódio no próximo fim de semana, será a 155º vez que Lewis Hamilton o consegue, batendo o recorde de pódios na posse de Michael Schumacher. Curiosamente, Hamilton e Schumacher estiveram juntos três anos na Fórmula 1, mas nunca subiram ao pódio juntos!

Max Verstappen deve andar a irritar Lewis Hamilton, pois na Hungria o piloto da Mercedes perdeu um “Grand Chelem” quando o holandês fez a melhor volta já no final e agora voltou a impedir que Hamilton se aproximasse de Jim Clark. O compatriota de Hamilton tem oito “Grand Chelem” (1962 – GP Grã Bretanha; 1963 – GP Holanda e GP França, GP México; 1964 – GP Grã Bretanha; 1965 – GP África do Sul, França e Aemanha), enquanto o piloto da Mercedes tem seis (2014 – Malásia; 2015 – Itália; 2017 – China, Canadá e Grã-Bretanha e 2019 – Abu Dhabi). Poderia ter igualado Jim Clark não fosse Verstappen.

Lewis Hamilton venceu pela sétima vez o GP da Grã Bretanha, tendo ultrapassado Alain Prost, o piloto que até agora tinha ganho mais vez a corrida do seu pais natal, com seis vitórias no GP de França. É verdade que quem tem mais vitórias em solo natal é Michael Schumacher, pois ganhou nove vezes no Nurburgring, mas para a estatística oficial, o alemão ganhou algumas corridas que eram denominadas GP da Europa. Outro recorde de Hamilton são as 10 idas ao pódio em Silverstone, mais que qualquer outro piloto.

Lewis Hamilton chegou á 91ª “pole position” enquanto que Michael Schumacher tem 91 vitórias, nota curiosa que nos permite dizer que Lewis Hamilton está a apenas quatro vitórias do recorde de Schumacher a apenas a 13 sucessos da centena de vitórias na Fórmula 1, Mais curioso ainda: no GP de San Marino, Michael Schumacher alcançou a 65ª vitória e o seu grande rival em termos estatísticos, Ayrton Senna, tinha 65 “ºpole positions”.

A Mercedes conseguiu a 8º “pole position” no GP da Grã-Bretanha, o azar de Valteri Bottas impediu que Hamilton, Verstappen e Bottas ficassem no pódio pela terceira vez consecutiva, Sebastien Vettel falhou o pódio nas quatro primeiras corridas da temporada, a primeira vez desde 2008, onde alinhava com um Toro Rosso, que isso aconteceu. Max Verstappen igualou o número de corridas feitas na Fórmula 1 do seu pai: 106.

Sabem que o GP da Grã-Bretanha foi a corrida 1.022 da Fórmula 1? E sabe o que é que este dado tem a ver com Michael Schumacher? O alemão cumpriu a sua estreia na Fórmula 1 em 1991, ao volante de um Jordan, em Spa Francorchamps, na 511ª corrida da Fórmula 1, ou seja, mesmo a meio da história da Fórmula 1.

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