Fórmula 1: A Sauber entre duas Eras

Por a 9 Fevereiro 2023 14:33

A Sauber, ainda com as cores da Alfa Romeo, inicia este ano uma temporada que marca uma passagem entre duas Eras… Por um lado, ainda carrega as cores do construtor de Arese, por outro a Audi já faz parte do seu capital, mas isso não a impede a formação de Hinwil de olhar para 2023 com ambição.

A Sauber está na estranha situação de estar entre dois construtores que são rivais nas vendas de carros de estrada – a Alfa Romeo e a Audi – e entre a patrocínio de uma marca, a italiana, e a transformação numa verdadeira equipa de fábrica, com a alemã.

A Alfa Romeo não é mais que um patrocinador que paga para que a formação suíça e os seus carros tenham o seu nome, já a Audi vai assumir o controlo de toda a estrutura gradualmente até 2026, já adquiriu vinte e cinco por cento das acções, planeando investir massivamente em infraestruturas e recursos humanos para que possa estar em condições de se bater com as melhores quando ingressar finalmente na Fórmula 1 com o seu próprio motor.

Tendo em consideração este quadro, neste momento, em Hinwil já tudo roda em redor do construtor de Ingolstadt, apesar de estarmos a mais de três anos de assistirmos à metamorfose da Sauber em Audi.

Um dos pontos mais evidentes da importância que a marca germânica já tem na equipa é a entrada de Andreas Seidl para a liderança de todo o Sauber Group.

O alemão, conhecido do Grupo Volkswagen dos tempos do projecto da Porsche de Le Mans, tinha contrato com a McLaren por mais alguns anos, mas com a saída de Frédéric Vasseur da Sauber para rumar à Ferrari, o homem que já estava destinado a liderar o projecto da Audi na Fórmula 1 antecipou o seu regresso a Hinwil – já tinha trabalhado na equipa suíça quando esta estava sob a influência da BMW.

Seidl não chegou à Sauber para liderar a equipa de corridas, mas antes a assumir o controlo de toda a estrutura suíça e preparar a chegada da Audi, ou seja, melhorar toda a infraestrutura existente, que é um excelente ponto de partida, de modo a que possa estar preparada para dar o salto competitivo do Segundo Pelotão para a ‘Liga dos Grandes’.

A nomeação de Alessandro Alunni Bravi para assumir o papel de representante da equipa durante os fins-de-semana de corrida, ao invés de contratar um nome para desempenhar as funções de chefe de equipa é mais uma pista de como a Sauber encara 2023 como um ano de transição.

O italiano fazia já parte do Conselho de Administração da Sauber, fazendo parte da estrutura desde meados de 2017, e tem uma ligação forte com a Alfa Romeo, o que ajuda a manter uma boa relação com o construtor transalpino, parecendo que deixará de desempenhar as suas actuais funções com a cessação da parceria com a marca de Arese, que está prevista para o final de 2023, depois de seis anos.

Em 2024, já sem qualquer tipo de influência da Alfa Romeo e com a Audi a assumir cada vez mais preponderância na Sauber, poderá ser anunciado um chefe de equipa da sua inteira confiança.

Mas o facto de estar numa fase de transição não implica que a formação de Hinwil não queira melhorar e mostrar-se mais competitiva que o ano passado, quando terminou no sexto posto do Campeonato de Construtores, e o C43, o seu monolugar deste ano, é prova disso mesmo.

O carro que o ano passado envergou as cores da Alfa Romeo foi bem-nascido, chegando a ser o mais competitivo do Segundo Pelotão e incomodando mesmo os Mercedes, quando estes mostraram maiores problemas, no início da temporada.

O grande problema do C42 foi a falta de fiabilidade que impediu que Valtteri Bottas e Guanyu Zhou pudessem conseguir resultados que estavam claramente ao seu alcance.

Outra questão que não ajudou a formação de Hinwil a garantir mais pontos e, até, incomodar a Alpine e a McLaren na luta pelo quarto lugar do Campeonato de Construtores, foi a falta de desenvolvimento do seu monolugar, tendo nos últimos treze Grandes Prémios, de vinte e dois, somado apenas quatro dos cinquenta e cinco pontos que registou.

São, portanto, necessárias alguns melhoramentos que só em pista se poderão verificar, mas o C43 mostra que, apesar de estar numa fase de transição, existe ambição na Sauber para terminar a sua relação com a sua parceira dos últimos anos em alta.

O carro suíço deste ano tem uma suspensão traseira completamente redesenhada, o que implicou um novo formato exterior par a caixa de velocidades. Um sistema push-rod deu lugar a um pull-rod com o intuito de desbloquear a passagem do ar entre as rodas posteriores e a zona da ‘garrafa de Coca Cola’, aumentando a carga aerodinâmica do monolugar de Hinwil.

Esta não é uma modificação de somenos importância, exigindo da equipa um esforço suplementar para tirar partido de uma suspensão que nada tem a ver com a sua antecessora, desvalorizando alguns dos dados de telemetria obtidos o ano passado.

É evidente que, o facto de estar entre duas Eras não rouba ambição à Sauber que espera oferecer à Alfa Romeo uma saída airosa desta sua passagem pela Fórmula 1, mas para além do potencial do C43 será preponderante para a Sauber mostrar capacidade de desenvolvimento e de resolver os problemas de fiabilidade que a apoquentaram o ano passado até para indicar estar preparada para receber a Audi.

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