Force India: “Água mole em pedra dura…”

…Tanto bate até que fura!” É um adágio popular que se aplica à Force India, que sempre que pode, fala neste assunto, e com toda a razão. Bob Fernley, Diretor da Force India, está confiante de que a Liberty Media vai trabalhar melhor na distribuição de prémios, de modo a tornar a Fórmula 1 mais justa e equitativa. A chegada da Liberty deu alento às equipas com menos poderio financeiro pois já anunciou que quer mudar de alguma forma a distribuição que era feita pela Formula One Management, que privilegia sempre as equipas com mais dinheiro, tornando a modalidade um ciclo vicioso. Quem ganha, vai ter mais dinheiro e com esse dinheiro cresce ainda mais, o mesmo sucedendo em sentido contrário, pois outras equipas, quanto menos ganham, mais se afundam.

Recorde-se que a Ferrari o ano passado recebeu 190 milhões de euros, o que representou cerca de 20% do total distribuído pela FOM; a equipa italiana foi que mais recebeu nesta distribuição. A Force India, que ficou em quarto lugar em 2016, recebeu ‘apenas’ 66 milhões de euros, e Fernley quer mudar isto, apesar de saber que a curto prazo é complicado: “Acho que vai ficar pior e isso é o mais preocupante. Eu acredito que a Liberty está a ver isto como uma preocupação para o espetáculo. E com razão. Espero que isso possa resolver-se nos próximos meses. Neste momento a competição é sobre quem gasta mais e não sobre corridas. Não acho que possa ser feito nada este ano, mas poderia ir-se adaptando o regulamento de forma progressiva. Se a Liberty fizer estas mudanças só vai beneficiar a F1”, acrescentou Fernley, que esclareceu ainda que não está contra as equipas mais ricas, mas sim contra o sistema que contribui muito para cavar ainda mais o fosso: “Não as podemos culpar de estar onde estão, a distribuição é que está errada”.

Este é um assunto muito complicado de resolver, pois o fosso é de tal maneira grande que na F1, hoje em dia, temos o plantel completamente partido. Há três equipas, Mercedes, Ferrari e Red Bull, com uma margem muito grande para as restantes, a Williams só tem condições para ser a melhor do grupo a seguir, a Force India faz milagres com o que tem, a Toro Rosso está bem suportada pela Red Bull e nunca lhe será ‘permitido’ bater a casa mãe, tal como sucedeu em Monza 2008, a Renault tem poderio para chegar ao grupo dos três da frente mas tem que fazer a travessia do deserto – resta saber quanto tempo vai levar – a McLaren tem um problema grave para resolver, que pode levar anos, e por fim a Sauber, que dificilmente sairá de onde está. Só há uma solução para isto, o ‘famoso’ ‘budget cap’, teto orçamental. Limita-se o orçamento bem abaixo do que as três grandes estas a gastar, mas acima do que gasta, por exemplo a Force India, e dessa forma, com o passar do tempo as diferenças atenuam-se. Boa sorte é para quem tentar convencer as principais equipas a aceitarem isto…

JLA/Rodrigo Fernandes