F1: O que falta à Haas para dar um passo em frente?

Por a 2 Fevereiro 2023 10:38

A Haas abriu a temporada de apresentações deste defeso, apesar de não ter revelado a sua máquina de 2023, esperando dar um passo em frente relativamente à época anterior. Mas do que precisa a pequena equipa norte americana para melhorar o oitavo lugar no Campeonato de Construtores do ano passado?

A formação de Kannapolis iniciou a época passada em grande forma, assumindo-se como a quinta ou sexta força em pista, em parte beneficiando dos problemas da McLaren e da performance da unidade de potência da Ferrari que, sem os problemas que a afetaria mais para a frente, era a mais competitiva do plantel.

Estes foram dois fatores fora do controlo da estrutura liderada pelo fleumático Guenther Steiner e que tiveram um impacto nos resultados da Haas.

Dificilmente os homens da formação americana poderiam antes do primeiro Grande Prémio ambicionar ser mais competitivos que a McLaren e a capacidade dos V6 turbo-híbridos italianos não dependem de si.

No entanto, houve alguns aspetos em que a equipa de Gene Haas não esteve no seu melhor, como é o caso do desenvolvimento do VF-22.

Até ao Grande Prémio da Áustria, a décima primeira corrida de vinte e duas, a Haas somou trinta e quatro dos trinta e sete pontos que apresentou no final da época.

Isto demonstra que Simon Resta, o diretor técnico da equipa, não evoluiu o seu monolugar ao mesmo ritmo que as suas adversárias, vendo-se ultrapassada pela Aston Martin e perdendo terreno para a Alfa Romeo.

No entanto, esta poderá ser uma área difícil para a Haas. O facto de comprar o máximo possivel de componentes à Ferrari e de ter a Dallara a construir todo o resto implica uma capacidade técnica inferior às demais, que têm um departamento técnico mais forte e capaz de traçar um caminho mais seguro para o desenvolvimento.

Na verdade, desde que a formação norte-americana ingressou na Fórmula 1, em 2016, se excluirmos 2021, que este tem sido o padrão das suas temporadas – iniciar bem, para ir perdendo competitividade ao longo do ano.

Para poder dar um salto seguro para o Segundo Pelotão, a Haas terá de melhorar este aspecto, apesar das limitações que tem devido à forma como está na Fórmula 1.

Contudo, a criação de uma célula técnica em Maranello poderá dar frutos este ano. Esta antena tecnológica começou a trabalhar na segunda metade de 2021 com técnicos que a Ferrari teve colocar de parte devido ao Tecto Orçamental.

Como é normal num novo departamento, é preciso algum tempo para que tudo comece a ‘carburar’ bem, dado que é um novo ambiente e cada técnico tem de ser colocado na função certa para dar o seu melhor. Com a crescente adaptação de todos, o ritmo de desenvolvimento poderá ser incrementado para níveis que permitam à Haas ter uma maior consistência competitiva ao longo da próxima temporada.

Outro aspecto em que a formação dirigida por Steiner não esteve num nível capaz de lhe permitir mais e melhor foi no dos pilotos, mais concretamente no de Mick Schumacher.

O jovem alemão não confirmou as boas indicações que tinha dado em 2021, sendo completamente dominado pelo retornado Kevin Magnussen, que apesar de ter não ter feito toda a pré-época, mostrou-se o líder da equipa desde o primeiro Grande Prémio da temporada.

Para além da falta de ritmo relativamente ao seu colega de equipa, o alemão mostrou, tal como na sua temporada de estreia, propensão para protagonizar violentos acidentes que, para além de condicionarem os seus resultados, levou a que parte dos recursos da equipa tenham sido obrigados a ser alocados para a recuperação de carros ao invés de serem colocados no desenvolvimento do VF-22.

Steiner resolveu substituir Schumacher por Nico Hulkenberg, apostando num piloto mais experiente e consistente para acompanhar o dinamarquês.

O veterano alemão, porém está há duas temporadas fora a tempo inteiro da Fórmula 1, tendo realizado alguns Grandes Prémios em 2020 e 2022 no lugar de pilotos apanhados pela COVID-19 e, muito embora tenha estado em bom nível sempre que foi chamado à liça, o Hulkenberg de 2023 poderá não ser o de 2019 – três temporadas fora de um monolugar da categoria máxima é muito tempo, apesar das quatro provas realizadas com a Racing Point e a Aston Martin.

Para além disso, é conhecida a acrimónia existente entre o alemão e o dinamarquês, sendo públicas algumas declarações de um sobre o outro.

Não seria novidade assistirmos a uma pequena guerra civil no seio da Haas, basta recordar alguns episódios entre Romain Grosjean e Magnussen, o que poderá ter um impacto numa equipa que não tem os recursos da maior parte das suas adversárias no Segundo Pelotão.

Existem, portanto, algumas dúvidas quanto à performance de Hulkenberg, para além, de Steiner poder ter de ser obrigado a gerir de forma consistente a relação entre os seus pilotos, algo que não seria uma novidade.

Por último, ao longo da temporada passada foram-se verificando alguns erros operacionais por parte da Haas, o que prejudicou os seus resultados. Esta é uma área em que a equipa tem de melhorar obrigatoriamente até porque depende apenas de si.

A pole-position de Magnussen em Interlagos demonstra que formação de Kannapolis tem capacidade para ser bem-sucedida nas suas decisões e na forma como as executa, tem ‘apenas’ de ser mais consistente.

Se conseguir melhorar todos estes aspectos apontados, seguramente que a temporada de 2023 da Haas será um claro passo em frente relativamente ao ano passado, mas será a pista a confirmar se a equipa evoluiu no sentido certo… Como sempre…

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