F1: O exemplo de Kubica

Por a 22 Novembro 2018 12:38

O anúncio oficial de Robert Kubica para piloto da Williams é mais um capítulo de uma história impressionante que merece ser contada várias vezes. Kubica desafiou todas as probabilidades e fez o que poucos achavam ser possível… regressar ao lugar de onde foi arrancado e de onde nunca deveria ter saído.

Os altos e baixos da carreira de Robert Kubica – CLIQUE AQUI

O ano de 2011 foi negro para o piloto polaco que encantava a F1 com o seu talento. Era um ano que tinha tudo para ser memorável. A equipa Renault tinha sido renomeada Lotus Renault e os testes de inverno tinham sido muito positivos, tendo Kubica sido o mais rápido da última sessão de testes, no traçado de Valência.

Mas chegou o dia 6 de fevereiro, primeiro dia da sua participação no Rali Ronde di Andora. Na primeira especial, um acidente violento, cujas imagens do rail dentro do Skoda Fabia S2000 ainda fazem arrepiar. Kubica sofreu uma amputação parcial do seu braço e múltiplas fraturas. Saiu do Hospital em abril e com uma recuperação longa pela sua frente que levaria naturalmente a Lotus a optar por Kimi Raikkonen e Romain Grosjean para a época 2012, com os excelentes resultados que todos conhecem (o que teria sido a Lotus com Kubica?)

O azar não largou Kubica e em janeiro de 2012 voltou a fraturar uma perna em sua casa, depois de ter escorregado numa placa de gelo. Nem isso o impediu de voltar a pegar no volante de um carro de competição, nesse mesmo ano, num rali. Foi nos ralis que começou o seu regresso à alta competição no ERC e em WRC2 com o seu regresso a ser feito em Portugal em 2013, ano em que venceu o título de WRC2. Pensava-se que o rali seria a nova casa de Kubica, mas a sua postura intrépida levou-o a acabar mais ralis de cabeça para baixo do que gostaria e a aventura terminou em 2015.

Kubica nunca escondeu a vontade de regressar à velocidade, tendo feito corridas em GT3 e chegou a ter um contrato assinado com a ByKolles no WEC, acordo que não chegou a ir para a frente, Kubica tinha um objetivo em mente… a F1.

E em 2017, quando ninguém o esperava, Kubica faz um teste pela Renault em Valência, em junho e um mês depois participou num teste oficial da equipa na Hungria, com resultados muito positivos. Já antes tinha estado ligado à F1, com trabalho de simulador para a Mercedes, que se tornou fundamental para o sucesso da equipa. As portas da Renault começaram a fechar-se, mas a Williams recebeu o polaco. Esteve quase para ser piloto da equipa em 2018, mas a escolha recaiu sobre os jovens Lance Stroll e Sergey Sirotkin, ficando Kubica com o lugar de piloto de reserva. Ainda foi falado para o papel de piloto de reserva da Ferrari em 2019, mas Kubica vai concluir o seu merecido regresso à F1, como piloto a tempo inteiro, com a Williams.

Pessoalmente, nunca pensei que este momento fosse acontecer. Fui admirando cada vez mais a coragem e a tenacidade daquele que era um dos maiores talentos da F1 a par de Alonso e Hamilton. Costumava dizer que Kubica era o homem mais azarado do desporto motorizado. Estava redondamente enganado. Kubica é um dos maiores exemplos do desporto motorizado.  É daqueles homens que tornam este desporto ainda mais especial. Um desporto que por vezes parece fazer pouco sentido, olhando para os acidentes e as consequências graves.

Gosto de ver as corridas com uma certa dose de ingenuidade e de olhar para os pilotos como uma espécie de heróis que fazem coisas que mais ninguém faz. O talento, o trabalho e a força mental necessárias para chegar ao mais alto nível é difícil de imaginar e por vezes dilui-se na conversa de que o carro “x” é melhor ou o carro “y” é mais rápido.

Homens como Kubica, Zanardi (que está a preparar as 24h de Daytona), Robert Wickens (que mostra regularmente a sua evolução), Billy Monger, entre outros, mostram-nos algo mais. Mostram-nos o que é possível ser feito quando existe uma determinação inabalável. Eles que caíram, voltaram a erguer-se e a sorrir perante adversidade. O desporto deve servir de exemplo para todos e eles são o seu exponente máximo.

Eu era daqueles que achava que Kubica não regressaria à F1. Fico muito contente por estar enganado e por ver que se fez justiça. A história ainda não chegou ao fim, mas sinto-me um privilegiado por poder acompanha-la e quem sabe no futuro poder conta-la.

O que é que nos faz gostar de carros a andar às voltas no pedaço de asfalto? Muita coisa, por vezes difícil de explicar. Mas estas “pequenas,” histórias dão-lhe ainda mais brilho.

 

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