F1: Giovinazzi e o trabalho nas sombras

Para ter sucesso, um piloto depende de centenas de pessoas que trabalham de forma incansável para dar as melhores soluções e respostas aos problemas que vão surgindo. Uma equipa de topo da F1 tem um staff impressionante de profissionais dedicados para que a estrela possa brilhar em pista. Um privilégio mas também uma responsabilidade tremenda.

Na Ferrari há um homem que trabalha na sombra, mas que tem recebido elogios por parte dos responsáveis. António Giovinazzi, piloto de testes da Scuderia, que estará nas 24h de Le Mans, tem trabalhado no simulador da equipa italiana nos fim de semana de corridas, para ajudar a encontrar a melhor afinação dos monolugares vermelhos.

As ferramentas de simulação são de extrema importância e graças a elas, as equipas poupam muitas horas de pista e encontram soluções que exigiriam um esforço ainda maior em pista. Num fim de semana de corridas, o piloto do simulador tem como missão ajudar a encontrar o equilíbrio certo do carro, juntamente com os engenheiros que recebem os dados recolhidos em pista. Não é a primeira vez que a Ferrari começa mal um fim de semana, com Vettel a queixar-se de que o carro está longe do que gostaria, mas que no sábado consegue performances que permitem chegar ao topo. Ainda no passado fim de semana, no final de sexta o alemão qualificava a prestação nos treinos como um desastre, para depois no sábado conquistar a pole. Esta mudança de um dia para o outro deve-se também ao trabalho de Giovinazzi, que tem sido muito elogiado pelo esforço desenvolvido nos simuladores.

Kubica também teve esse papel na Mercedes em 2013, em que ajudou a afinar o carro dos flechas de prata em várias corridas, depois de uma sessão arranjada por Toto Wolff que por ser grande admirador do polaco lhe ofereceu a oportunidade. Os engenheiros da Mercedes não gostaram de ver um dia de trabalho dedicado ao que consideravam um capricho e a contragosto, convidaram o polaco a iniciar os seus “testes” na pista de Barcelona onde a equipa iria correr nesse fim de semana. Durante oito horas, quase sem pausa para almoço, Kubica rodou no simulador, sugerindo modificações no acerto do W04 e quando terminou o seu dia de adaptação ao simulador da Mercedes, tinha melhorado o chassis em 0,3s numa pista em que os alemães pensavam que já tinham chegado ao limite.

Assim se pode ver o trabalho importantíssimo que os pilotos nos simuladores desenvolvem e para os responsáveis da Ferrari elogiarem Giovinazzi, é porque o italiano tem sido de facto importante. Giovinazzi estreou-se na F1 em 2017, na Sauber, como substituto de Pascal Wehrlein, lesionado devido a um acidente na Corrida dos Campeões.  Surpreendeu na Austrália com um excelente 12º lugar mas na China acabou a corrida mais cedo devido a um acidente.  O piloto vice-campeão de GP2 em 2016 não deverá ter muitas hipóteses de chegar à F1, mas tem cumprido com a sua parte e se a oportunidade surgir não será surpresa se for chamado.