F1, Alta Frequência: Giovinazzi e a “grande estratégia” da Alfa Romeo

Por a 12 Novembro 2021 09:47

A relação entre a Alfa Romeo e António Giovinazzi é tensa, parecendo claro que haverá um divórcio no final da temporada. No Grande Prémio do México assistiu-se a novo episódio de desagrado entre as partes, como se pode verificar nas comunicações rádio entre o italiano e a formação de Hinwil.

Do lado do piloto transalpino, existem queixas de estratégias deficientes que lhe custaram pontos, do lado dos responsáveis da Sauber, que ostenta as cores do construtor de Arese, as lamentos de erros de pilotagem por parte de Giovinazzi são também regulares, ainda que mais em surdina, acrescendo ainda os “ouvidos moucos” do italiano, quando no Grande Prémio da Turquia lhe foi ordenado que cedesse o seu lugar a Kimi Raikkonen, que estava mais rápido e poderia alcançar o décimo lugar de Esteban Ocon, que estava em dificuldades com os pneus.

Parece uma relação mantida por obrigação, mas que será terminada na primeira oportunidade, leia-se final da temporada. Na prova mexicana assistiu-se a novo episódio.

Giovinazzi arrancou bem do décimo primeiro posto da grelha de partida e aproveitou da melhor forma a confusão lançada por Daniel Ricciardo, que lançou Valtteri Bottas para um pião, para ascender a sexto, que se transformaria em sétimo após a saída do Safety-Car, ao não conseguir suster o ataque do bem mais rápido Carlos Sainz, em Ferrari.

Porém, apesar das aproximações de Sebastian Vettel, o oitavo, o italiano da Alfa Romeo não tinha dificuldades em manter no seu encalço o Aston Martin do alemão, apesar deste ser notoriamente mais rápido.

Numa pista em que se esperava apenas uma paragem nas boxes e em que as ultrapassagens são difíceis, devido ao ar rarefeito, seria expectável que a Alfa Romeo mantivesse Giovinazzi em pista o maior número de voltas possível, até porque estava a rodar nos tempos de Ricciardo e Bottas e se parasse cairia para a caixa de velocidades do finlandês, não sendo fácil suplantar os dois carros com unidades de potência Mercedes.

Se se mantivesse em pista, o italiano poderia até atrasar ligeiramente Vettel e colocá-lo na área de “undercut” de Kimi Raikkonen, nono, que assim poderia suplantar o piloto da Aston Martin nas paragens nas boxes.

Foi, portanto, surpreendente que a Alfa Romeo tenha chamado Giovinazzi para a sua troca de pneus na décima sexta volta, caindo para a traseira de Bottas, como era esperado, o que permitiu libertar alemão da formação inglesa.

A linha estratégica da formação de Hinwil terá sido precaver o possível “undercut” de Vettel a Giovinazzi, mas, caso o adoptasse, o alemão teria o mesmo problema que o italiano teve, ficar atrás de Bottas e permanecer lá, danificando os seus pneus sem que conseguisse ganhar tempo aos pilotos com quem estava a lutar – o transalpino e Raikkonen.

Ou então, os estrategas da Alfa Romeo não confiavam que o seu piloto mantivesse na sua traseira o alemão, podendo voltar a criar um problema para a equipa, dado que Raikkonen estava mais rápido que o seu colega de equipa.

O cenário de uma eventual necessidade de trocar os dois carros de posição poderia ser uma realidade e a memória de Istambul estava ainda bem presente… Mas são apenas suposições…

Ao ouvir as trocas de mensagens de rádio entre a Alfa Romeo e o seu piloto, o mais curioso é a falta de comunicação e de debate sobre as opções em cima da mesa.

Como podem verificar mais abaixo nas transcrições – foram removidas todas as mensagens de índole meramente técnico – Giovinazzi foi questionado acerca do estado dos seus pneus e, duas voltas depois, sem qualquer aviso, é mandado entrar nas boxes, esfumando-se qualquer possibilidade de marcar pontos, apesar de ter terminado a primeira volta no sexto lugar.

O italiano rapidamente percebeu que a possibilidade de terminar entre os dez primeiros era reduzida e foi mostrando o seu desagrado, ao ponto de, na trigésima sétima volta, a sua paciência ter acabado e nem sequer ouvir corretamente a informação que o seu engenheiro lhe dava.

No final, lançou o comentário sarcástico já disseminado pela internet e que demonstra bem o seu estado de espírito após as setenta e uma voltas que compunham o Grande Prémio do México.

A ruptura entre as duas partes é evidente, mesmo nas comunicações via rádio, e dificilmente Giovinazzi continuará a defender as cores da Alfa Romeo para lá deste temporada, o que prática colocará um ponto final na sua carreira de Fórmula 1.

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917/30
2 anos atrás

A Alfa tem cometido erros que prejudicaram Gio mas o italiano tem cometido erros também. Nada contra Giovinazzi, mas nunca mostrou nada que chamasse a atenção.

garantia4
garantia4
Reply to  917/30
2 anos atrás

Sendo que é fácil não cometer erros com um Red Bull ou até um McLaren, de acordo?
É um piloto mediano, ao nível de um Gasly, Norris ou Leclerc (opinião),
mas, esta equipa permitiu-lhe mostrar alguma coisa, ou será que em momentos cruciais lhe terá destruído inúmeras corridas?

917/30
Reply to  garantia4
2 anos atrás

Em termos de fazer asneira diria que, quando não era a equipa era o piloto, quando não era o piloto era a equipa.

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