Acordo da Concórdia: Um ‘Robin dos Bosques’ muito modesto na Fórmula 1

Por a 22 Agosto 2020 20:08

Alguém escreveu que este novo Acordo da Concórdia era uma espécie de Robin dos Bosques, que tirou aos ricos, para dar aos pobres. É verdade, mas já não se fazem Robin dos Bosques como antigamente…

Todas as 10 equipas da Fórmula 1 assinaram o novo Acordo da Concórdia, comprometendo-se a ficar na Fórmula 1 entre os anos de 2021 a 2025. A ideia deste novo acordo passou por tornar mais justa a distribuição de dinheiro, impedindo que a diferença entre as equipas da frente e as restantes fosse tão significativa. Embora o acordo não tenha sido ‘drástico’, a verdade é que as equipas mais pequenas podem contar com uma fatia mais generosa, sendo que no pólo oposto, as equipas que mais ganhavam, vão muito provavelmente continuar a fazê-lo, mas não com diferenças tão substanciais para as restantes. Embora o acordo seja secreto, há uma ideia global de como mudaram as coisas.

Sergio Perez, Racing Point RP20, leads Lando Norris, McLaren MCL35, Carlos Sainz, McLaren MCL35, and Alexander Albon, Red Bull Racing RB16

Uma das que não mudou, foi o direito de veto da Ferrari e também o facto de continuar a receber pela sua longa presença e importância na disciplina, como pode ver nas tabelas em baixo. Quem tiver dúvidas dessa situação, basta questionar-se a si próprio quanto à importância da Ferrari na história da F1, e também a legião de fãs que arrasta por todo o mundo. Tem 997 corridas neste momento, cumpre as 1000 em Mugello, tem uma base de adeptos de 400 milhões de pessoas em todo o mundo. Olhando para os números divulgados pela ‘The Race’ a Mercedes é a equipa que menos corridas precisa para obter vitórias. Das 216 que tem até este momento, venceu 107 vezes o que equivale a um rácio de 2.02. A Mercedes venceu quase metade das corridas em que participou.

Ainda assim, a Ferrari é a segunda melhor, e apesar de somar 997 corridas, venceu 238 precisando por isso 4.19 corridas para vencer. A Red Bull é a terceira classificada desta lista com 63 vitórias em 292 Grandes Prémios, tendo por isso um rácio de 4.63 corridas. A Williams venceu 114 vezes em 738 corridas (rácio 6.47), e a Renault 35 em 389 corridas (rácio 11.11).

Outra das coisas que muda neste novo acordo é que deixa de ser necessária a unanimidade entre as equipas para levar a cabo mudanças no desporto. Se existir um tópico que não gere consenso, passam a ser necessárias apenas oito equipas para ser aprovado. Portanto, uma equipa não pode bloquear ideias baseadas unicamente na sua própria posição. Resta perceber como se insere o poder de veto da Ferrari nesta questão.

Resumindo a divisão do dinheiro, as três melhores equipas vão receber menos, mas podem continuar a contar com os bónus, as restantes sete, recebem bem mais do que sucedia até aqui. Não são conhecidas percentagens absolutas, em termos do bolo total, mas conhecem-se as percentagens: 1 (14%); 2 (13.1%); 3 (12.20%); 4 (11.30%); 5 (10.40%); 6 (9.60); 7 (8.70%); 8 (7.80%); 9 (6.90%); 10 (6%). A juntar ao facto de passar a haver menos dinheiro para as equipas do topo da tabela e mais para as da metade de baixo, mais importante que isso vai ser o novo teto orçamental: em 2021 o limite é de 145 milhões, 2022, 140 milhões e 2023, 135 milhões.

E não só, já que a entrada e vigor das novas regras vão permitir um ‘remix’, dependendo aqui da inspiração das equipas, que neste momento, sob as tais regras não podem ainda trabalhar nos carros de 2022. Pode haver conversas, mas nada mais do que isso, pois a FIA tem câmaras nas fábricas e quando quer, vê o que lá se passa.

Por fim, vamos fazer um exercício simples, que compara os valores ganhos o ano passado pelas 10 equipas e, ‘pegando’ nas novas percentagens que foram decididas para este acordo, embora mantendo os bónus, pois não sabemos se foram muito, ou pouco reduzidos. Seja como for, percebe-se que a Mercedes e a Ferrari recebem significativamente menos, a Red Bull, recebe pouco menos, mas porque é segunda do campeonato, o que não aconteceu em 2019, de resto todas as equipas recebem mais, ainda que estejamos a comparar classificações diferentes, pois a tabela de ganhos de 2020 está feita com a classificação atual do campeonato. Por exemplo, se a Renault ficar mais à frente, não fica negativa, e a Haas está a dar uma queda muito grande, de 2019 para 2020, de 6º para 9º. É interessante ver estes números, mas eles também dizem que este acordo da concórdia não revolucionou os valores. O que faz a diferença e pode equilibrar mais o plantel é o teto orçamental.

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