Opinião – Do 8 ao 80?
Depois de vários anos de pouca animação (na luta pelo título), 2021 tem sido um ano intenso, com grandes corridas, lutas tremendas em pista e fora dela, com dois pilotos no topo da sua forma. Finalmente chegamos à F1 que queríamos, mas o GP da Arábia Saudita deixou alguns avisos que necessariamente terão de ser revistos por todos os intervenientes.
Max Verstappen e Lewis Hamilton fizeram o que se espera deles. Deram tudo em pista e cada um usou os truques que tinham na manga para levar a melhor. Uns podem criticar o que Verstappen fez, outros defender o neerlandês, uns podem elogiar Hamilton, outros podem apontar o dedo. A paixão pela F1 motiva este tipo de conversa. Devíamos ter mais lutas assim e devíamos estar agradecidos por termos dois talentos deste calibre em pista. O problema não esteve nos pilotos, que deram um excelente espetáculo.
Mas na Arábia Saudita ficamos com a sensação que se quis levar o espetáculo ao limite e esse limite revelou-se por vezes contraproducente. A filosofia “Tilkiana” de fazer traçados de F1 foi completamente esquecida e em Jidá vimos uma pista “hardcore” apenas para corajosos. Era algo já há muito pedido, pistas de coração que não perdoam o erro e, acredito que este tipo de pistas faz sentido na F1 e são bem vindas. Mas uma coisa é não perdoar o erro, outra coisa é potenciar interrupções sucessivas, sem soluções para as evitar. O que vimos ontem foi o equivalente a um jogo grande de futebol onde prevaleceu o contacto físico e a polémica. Emocionante? Sem dúvida. Interessante? Talvez não.
É preciso encarar os factos com alguma frieza e não apontar culpados sem ponderar bem. Vivemos uma fase decisiva de um campeonato muito intenso, onde as lideranças das equipas têm por vezes assumido um protagonismo questionável, numa guerra de palavras sem fim, com ataques constantes das duas partes, um espetáculo que até certo ponto é interessante, mas que já começa a entediar pela insistência em certos argumentos já esgotados. A pista era nova e, como vimos no início do fim de semana, alguns pormenores estavam ainda por terminar. A segurança não ficou em causa, mas a fluidez da retirada dos carros e da resolução dos problemas não foi a ideal. Todos deram o seu melhor, mas numa fase tão importante do ano fica a dúvida no ar se não se deveria ter feito mais um esforço para limar as arestas a tempo. A direção de corrida também se deixou ir pela onda e nem sempre terá tomado as opções certas, complicando ainda mais uma equação difícil de resolver. Já se notou que Michael Masi tem uma postura diferente do que estávamos habituados para um diretor de corrida, o que não é necessariamente mau, mas que neste caso o colocou na corda bamba e à mercê de críticas fáceis.
O que vimos em Jidá foi uma tempestade perfeita que, talvez por sorte, não tomou proporções maiores. A pressão da luta pelo título em pista, a constante pressão das equipas, uma pista nova e terminada, à pressa e uma gestão nem sempre feliz dos acontecimentos, deram-nos talvez a noite mais emocionante do ano… assim como uma das piores corridas. Se queremos levar a F1 para um terreno mais “americanizado”, então estamos no caminho certo. Se queremos preservar a essência da F1, temos de admitir que foi um mau espetáculo, olhar para o que se fez ontem e entender o que correu mal. Ontem vimos coração a mais e razão a menos. E de vez em quando é bom vermos isso… apenas de vez em quando. A pergunta mais repetida no final da prova foi “o que se passou aqui?” e quando há dúvidas sobre o espetáculo que acabamos de ver, é preciso analisar e evitar certos erros.
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Excelente artigo de opinião!
Não vi, nem tenho pachorra para ver a prova, mas tudo correu como se previa.
No Abu Dhabi não haverá tanto sangue, mas é muito provavel que o Max tente eliminar o Hamilton, sabendo que não tem uma arma tão poderosa como ele. Mas pôr o carro do Hamilton KO não é nada facil, como se tem visto !
Afinal entra à frente do campeonato na última prova e isso é mais importante do que parece. Vai condicionar muita coisa. É algo que já se viu no passado por outros grandes campeões.
Circuito de M….. Perigoso e muito difícil de ultrapassar. Não se entende porque circuitos como este continuam a surgir na F1. Já basta o Mónaco que literalmente acaba quando os treinos terminam. a F1 Não é a nascar Nascar. Começo a achar que está a ficar demasiadamente americanizada para o meu gosto. Um meio termo entre o restling e o big brother…
Ter o Mónaco no calendário é exactamente o oposto a ameracanizar, pelo que o seu comentário não faz sentido.
O Mónaco é difícil de ultrapassar á semelhança deste. Foi o que quis dizer.
A Americanização da F1 passa precisamente por utilizar estes “truques” como DRS para se ultrapassar com mais facilidade, fácil de ultrapassar não está no código genético da F1.
O circuito apesar de tudo até nem é dos piores. Com os meios financeiros que dispõe o anfitrião, outras soluções de evacuação de viaturas e detritos seriam expectáveis, ver um comissário a escorregar em plena trajetória com um detrito na mão, não existirá imagem mais degradante para estes bravos homens. A barreiras absorventes é a solução de futuro mas há que as associar a outras soluções.
Quanto a direção de prova, a inexperiência foi por demais visível, e aquele episódio surrealista “we propose” coisa e tal, nem os antigos polícias sinaleiro teriam lembrado de tal coisa mais horrível.
O Masi e a sua equipa tiveram em mãos uma corrida completamente caótica (já a anterior de F2 tinha sido) e se formos a analisar passo a passo as decisões do director de prova, vamos ter mais decisões acertadas do que erradas. Fico com a clara impressão, em primeiro lugar, que a pista não ajudou. Em segundo lugar, que os pilotos, e aqui nomeio principalmente o Max, não ajudou de todo com as suas manobras “Kamikaze”. E por fim, a pressão absurda, feita por ambas as equipas durante toda a prova, tornando o Masi um alvo demasiado fácil. Tenho sido… Ler mais »
Concordo plenamente. Circuito demasiado perigoso. Não pela sua filosofia, citadino mas por ser demasiado rápido, entre paredes. Qualquer dia vemos a F1 apenas onde há dinheiro. Colocando a vida dos pilotos em risco.
Também acho.Não sou fan nem do LH nem do MV,mas acho que o MV exagerou …aliás a foto ilustrativa deste artigo,mostra bem a forma como ele quis entalar o LH contra o Ocon e ficar com a coisa ,mais ou menos,resolvida.
Acho que o MV exagerou e foi bem penalizado, no entanto o LH não é santinho nenhum. Acho mesmo que no toque na traseira do MV foi descuido dele podia ter sido mais grave. Uma penalização também não seria mal…
O MV desvia-se para a direita para o deixar passar mas ele foi “fussão”
A telemetria confirmou que Max travou quando Hamitlon estava perto dele, além que nunca se desviou para a direita, ficou quase no meio da pista. Em suma, ele queria fazer aquilo que fez mais tarde, deixar passar, mas que Hamitlon tivesse que ir pela parte suja da pista e antes da linha de deteção do DRS, para o passar logo a seguir. No passado isto deu uma penalização a Hamilton, quando o fez a Raikkonen em SPA. Agora parece que já não é problema que Max o faça. E porque Max fugiu assim que Hamilton lhe bateu? Não era suposto… Ler mais »
Blá blá blá…o LH não quis passar, Max devia ter ficado à espera que sua alteza se decidisse???