Spa-Francorchamps: Pedro Lamy foi lá Campeão
Spa-Francorchamps é uma daquelas pistas que, uma vez descoberta, se torna inesquecível. Traçada na floresta das Ardenas, utilizou durante muito tempo estradas públicas. No início o seu perímetro tinha mais de 14 quilómetros e era particularmente perigoso. Depois dos acidentes mortais na prova das 24 Horas em 1967 e, depois, em 1973, a pista foi encurtada. Houve locais emblemáticos (quem não os lembra no filme “Grand Prix”?) que desapareceram e, hoje, quase estão irreconhecíveis. Tive o privilégio de ir a Spa pela primeira vez nos finais da década de 80; depois, fui lá várias outras vezes. Percorri a pista ao volante de carros de série; percorria-a também ao lado de pilotos conceituados. Visitei a parte antiga da pista, a que hoje não existe. Subi a pé o temível Raidillon. Assisti lá a corridas terríveis e a acidentes brutais – como o que afastou pela primeira da F1 o italiano Alex Zanardi.
Para mim, Spa é a melhor e mais gratificante pista de todo o Mundo. A zona em que está construída é também uma das mais interessantes, em termos de beleza, de paisagem, de gastronomia e memórias históricas. Nunca me esquecerei, por exemplo, das “moules” com todos os tipos de molhos e feitas de todas as maneiras que se podem comer nas pequenas vilas em redor; as batatas fritas; o frio e a chuva; a antiga chicane da Paragem do Autocarro, nas primeiras voltas das provas de 24 horas – e de uma greve “às casas de banho” dos jornalistas, em 1989 ou 1990, quando era preciso pagar algo como 100 escudos… para simplesmente “mudar a água às azeitonas!”
Pedro Lamy que, sem dúvida, foi o piloto português que mais vezes por lá passou e que mais alto lá brilhou. A primeira vez que Lamy subiu ao lugar mais alto do pódio em Spa, ouvindo com emoção
A Portuguesa, foi em 1990. O piloto português disputava a Fórmula Opel Euroseries e a pista belga foi palco da edição desse ano da Taça das Nações dessa categoria de monolugares, então ainda sob a batuta de Don Panoz. Lamy fez equipa com Diogo Castro Santos e, dessa corrida, lembro-me particularmente do carinho que todos tinham pela dupla nacional. «Portugal subiu mais alto» no pódio de uma vitória que «Foi difícil mas nossa», conforme titulava então o AutoSport.
Três anos mais tarde, Lamy estava de novo em Spa. Foi o ano em que Zanardi teve o seu acidente com o Lotus, no cimo do Raidillon. Lamy estava então a disputar o campeonato de F3000 com a equipa Crypton. Na corrida de Spa, Lamy terminou em 4º lugar, atrás de Olivier Panis, Gil de Ferran e David Coulthard, depois de ter largado da primeira linha da grelha de partida.
Só se fala do Lamy mas o Diogo Castro Santos naqueles tempos era tão bom ou melhor que o Lamy…
Sim senhor. Os anos vão falando…