AC Cobra Daytona: O subtil veneno da serpente

AC são as iniciais de uma companhia inglesa fundada em 1908, que fabricava camionetas e se denominava, de facto, Autocarrier. O seu primeiro automóvel foi o AC Sociable, em 1914, que tinha três rodas, à moda da época, mas os dois lugares eram lado a lado – uma inovação. No princípio, a AC ficou conhecida não por fabricar carros de quatro rodas, mas sim de três, em especial carros para inválidos, produção que manteve até à década de 70, quando se voltou em definitivo para as quatro rodas.

Cobra foi o nome do projeto liderado pelo piloto norte-americano Carroll Shelby, para a construção de carros desportivos, muito musculados e

rápidos. Os primeiros exemplares nasceram no início dos anos 60, vencendo sem rivais nas pistas curtas.

A primeira vez que os Cobra foram à Europa, nas 24 Horas de Le Mans de 1963, foram um fiasco – não tinham velocidade suficiente para enfrentarem as pistas grandes, onde se desenrolavam as provas do campeonato do Mundo.

Então, Shelby resolveu juntar-se à AC, bem como à Ford, para produzir carros com chassis em alumínio, leves e potentes, que iriam tornar-se um ícone dessa década.

O AC/Shelby/Ford Cobra foi, de facto, um sucesso. Com um motor Ford V8 de 4.942cc e mais de 225 cv, desenvolvido pelo piloto Ken Miles, a sua carroçaria coupé de dois lugares recebeu o nome da mítica prova de Daytona e, logo na primeira aparição na Europa, venceu a classe GT em Le Mans, através de Dan Gurney e Bob Bondurant.

Nesse ano, o título foi para os Ferrari 250 GTO, apenas porque a corrida de Monza foi anulada. Mas, em 1965, os Cobra Daytona ganharam oito das dez corridas do campeonato e, assim, o título mundial resultou fácil. A partir desse triunfo, Shelby e a Ford perderam o interesse no Cobra Daytona, empenhando-se no programa do GT40. Hoje em dia, o Daytona é o mais emblemático dos Cobra e pode valer um milhão de dólares.