Hélio Rodrigues: Um exemplo de valioso “carregador de piano”

De Francisco Santos, colega e amigo, recebemos um sentido texto de homenagem a Hélio Rodrigues,  nosso colega recentemente falecido. Aqui fica:

A maioria dos da nossa raça, jornalistas, até gosta de escrever. Certamente não tanto quanto o falecido e genial colega brasileiro, escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues, que sempre dizia sentir-se realmente feliz quando escrevia as suas colunas sobre futebol e a sociedade carioca, as suas peças de teatro, ensaios e folhetins.

Ao recordar e homenagear o nosso amigo Hélio Rodrigues cuja alma partiu há um mês para outra dimensão, também só posso estar feliz ao escrever estas linhas. É mais uma forma de o recordar e de partilhar a felicidade que sempre foi conviver com ele.

Conheço o Hélio há muitos, muitos anos. Sim, meus caros, escrevi, e bem, no presente, pois o espírito dele continua connosco.

Em todos os grupos profissionais, empresas, em jornais, em equipas de futebol há as grandes estrelas, os virtuosos, e os “carregadores de piano”. Estes são tão importantes e essenciais para cada grupo quanto os “Ronaldos”. São os tais “carregadores” que mais proporcionam, abnegadamente, muitas vezes até com mais esforço que os superdotados, o tão importante espírito de grupo. A identidade de marca, de um título de jornal e o seu estilo.

Hélio era um “carregador de piano” – agora no passado, pois ele já cá não está fisicamente para trabalhar. Era-o com muita honra. Calculo, dele. E, estou certo, de todos os amigos, colegas e leitores do “Autosport, que lhe devem muito.

Convivi com ele pouco, demasiado pouco, tal foi o enorme prazer que ele sempre me dava quando nos encontrávamos. Invariavelmente com um sorriso e um espírito prazeroso, o Hélio, apesar dos grandes problemas físicos que há muito o debilitavam, sabia levar a vida como ela se lhe apresentava. Só isso dava gosto de vivenciar. Vou sentir falta desses encontros esporádicos.

O jornalismo português de desporto motorizado no qual milito há mais de 55 anos, vai sentir a sua falta. Mais do que este “chavão” – vamos ter, todos, muita saudade dele. Seres humanos como ele há poucos. Com a sua postura, seriedade e sentimento de valores e de amizade.

Felizmente que temos a memória do seu espírito e com ele continuaremos a conviver.

Francisco Santos

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