Martin Holmes: “Obrigado pelas memórias, Mikko…”

Em mais de 13 anos no Mundial de Ralis, houve um piloto que se destacou pela sinceridade e honestidade, qualidades que tornaram Mikko Hirvonen uma figura imensamente popular. Para mim, ele é também o Sir Stirling Moss dos ralis, um piloto que ficou tão próximo do título sem nunca realmente o conquistar… mas que também nunca deixou que as desilusões mudassem o seu caráter. Mikko foi o centro de uma festa na habitual Happy Hour da M-Sport, antes do rali, e por entre todas as (genuínas) expressões de carinho, ele saiu do local para me fazer um pequeno balanço sobre alguns dos momentos mais importantes da sua carreira, alguns deles que nós nunca compreendemos.

Como aquela época semi-desastrosa na Subaru oficial, em 2004: “Eu acho que tudo aconteceu demasiado depressa para mim. Eu era ainda tão novo (23 anos) e de repente vi-me como o segundo piloto de uma equipa oficial no WRC e o meu companheiro de equipa era o campeão em título (Petter Solberg). Por acaso, acho que aprendi imenso nesse ano e por um lado até estou contente que isso tenha acontecido”.

Em 2006, o Mikko foi para a Ford ao lado do bicampeão Marcus Grönholm e essa época ficou marcada pela sua primeira vitória no WRC. “O Marcus ensinou-me como as coisas complicadas podem ser simples. Tens simplesmente que desviar a tua atenção para o que é importante. Afina o carro para que te sintas confortável e depois guia o mais rápido que conseguires. Não é preciso estares sempre a pensar nas coisas complicadas, não é preciso pensares no que os outros vão dizer. Se gostares do carro, se te sentires bem, vais ser rápido. Aprendi isso com ele”, aponta.

Mas a vida de Mikko no Mundial também se deve a um conjunto de pessoas, como o seu manager Timo Jouhki (“Devo-lhe toda a minha carreira. Sem ele tenho a certeza que ainda estaria a correr na Finlândia.”), ou Gabriele Favero, o dono de equipa que o acolheu em Itália (“vou fazer o meu último rali daqui a três semanas com o carro dele que usei em 2002. Vai ser perfeito, é como fechar um círculo”), ou Jari Viita que lhe emprestou um Focus WRC em 2005 depois de Mikko ter sido dispensado pela Subaru (“esse carro permitiu-nos, a mim e ao Jarmo, recuperarmos a nossa carreira”), e claro o amigo e navegador de sempre, Jarmo Lehtinen.

E a pergunta mais importante: Mikko foi vice-campeão no WRC quatro vezes mas em 2009 ficou realmente perto de Sébastien Loeb, perdendo o campeonato por… um ponto. “Há tantos ‘ses’ e ‘mas’… Não adianta olhar para trás. Tive grandes lutas com o Seb e eu não me arrependo de nada. Estou orgulhoso do que consegui e tenho memórias incríveis”, atirou.

É assim Mikko Hirvonen. Um homem simples, frontal, sincero, de sorriso fácil, quer no desporto quer na vida. Feliz ao lado da mulher, Linda Martins (uma francesa de origem portuguesa que trabalhava na Citroën quando Mikko passou pela equipa), Hirvonen nunca se esquece dos amigos e é por isso que vai voltar a Itália nos dias 7 e 8 de dezembro, para o rali do ‘amico’ Gabriele.