Rali de Castelo Branco: A retoma de Armindo

Por a 6 Julho 2020 06:35

O Rali de Castelo Branco foi a prova que marcou o regresso do CPR, após quatro meses de interregno, e também da retoma das vitórias de Armindo Araújo, que já tinha vencido a prova de Fafe. Bruno Magalhães lutou muito e foi segundo, na frente de Ricardo Teodósio. Pódio exatamente igual a Fafe…

O mundo inteiro está totalmente diferente de fevereiro para julho, mas há um pormenor que foi exatamente o mesmo. Armindo Araújo, Bruno Magalhães e Ricardo Teodósio ficaram na mesma exata ordem da prova de Fafe, mas na sequência de uma prova bem diferente. Desta feita houve forte luta a três no primeiro dia, contenda que ficou reduzida a dois depois de um azar de Zé Pedro Fontes, que se atrasou e terminou aí com as suas hipóteses de vencer. Ricardo Teodósio, Campeão em título, é que esteve algo apagado. Melhor o resultado do que a exibição.

Foi uma prova que ‘encheu’ as medidas dos adeptos, este ansiado regresso do CPR após quatro meses de luta contra a pandemia.

Num evento que a Escuderia Castelo Branco colocou de pé com grande brilho, ultrapassando todas as pedras que teve no caminho…antes da prova se realizar, colocando-a na estrada com muito sucesso, deixando claro que apesar da pandemia ainda ‘estar bem viva’, é possível a todos os intervenientes lutarem contra ela com as armas que têm: saberem proteger-se. Em todos os aspetos o rali foi brilhante: No cumprimento das normas sanitárias e na ‘quente’ luta na estrada. No final do primeiro dia, três pilotos cabiam em 4.2s, o rali terminou com 7.3s entre primeiro e segundo.

Armindo Araújo e Luís Ramalho estiveram imperiais e repetiram o triunfo de 2019, agora com o Skoda. Atacaram nos momentos certos, e depois geriram o andamento dos adversários mais diretos, vencendo com toda a justiça. A fase inicial da prova viu Araújo, Magalhães e Fontes a lutarem ao segundo, o piloto do Citroën soçobrou no arranque do dia decisivo, Magalhães ainda tentou chegar-se à frente, mas Araújo reagiu bem, foi mais regular e venceu pela segunda vez este ano, isolando-se ainda mais nas contas do campeonato.

A história conta-se em poucas linhas. No primeiro dia, três especiais, cada piloto, Armindo, Bruno e Fontes venceu uma. Teodósio atrasou-se, e os três melhores chegaram ao final separados por 4.2. Novo dia, novo ataque de Armindo que colocou a margem em 10.5s para Bruno. Fontes danificou a suspensão, e afundou-se na classificação. Teodósio, subiu a terceiro, mas muito longe da frente. Bruno vence, Armindo reage e Bruno vence a PowerStage. Nunca o triunfo esteve em cheque.

Bruno e Carlos Magalhães não conseguiram vencer, mas saíram satisfeitos de Castelo Branco, já que perceberam que há potencial vencedor. Venceram três troços, mas não chegou, porque foram menos regulares, pois tiveram mais dificuldades nas partes ‘sujas’. .

Já Ricardo Teodósio e José Teixeira apanharam um susto logo no primeiro troço, e com isso o algarvio perdeu confiança. No segundo dia, um problema com falta de potência do motor, impediu-os de fazer melhor. Ainda assim, um pódio, embora longe dos dois da frente.

Pedro Meireles e Mário Castro, fizeram a prova esperada. Sem ritmo para os homens da frente, foram claramente os melhores dos ‘outros’, sempre a melhorar com o decorrer do rali, após uma correção de afinações. A partir daqui, é bem mais provável chegaram-se mais à frente.

Já a João Barros e Jorge Henriques não se podia pedir muito mais. Estreando o seu novo Citroën C3 R5, tendo em conta o ritmo na frente, e numa prova em que não conhecia os troços, ficou na posição esperada. Se fizer mais ralis, vai chegar-se à frente, pois a sua rapidez não ‘morreu’. Está é sem ritmo…

Miguel Correia foi sexto e teve uma boa prestação. Com o seu novo e experiente navegador, António Costa, a puxar por si, foi rápido, e está a chegar-se a pouco e pouco à frente. Mas ainda lhe falta experiência. Tem todo o tempo pela frente.

Manuel Castro e Ricardo Cunha não começaram bem o rali, mas o piloto mudou o ‘chip’ e no segundo dia esteve bem melhor. Divertiu-se e andou mais ao jeito do bom que deles conhecemos.

Apesar da classe e rapidez que lhe conhecemos, não é fácil chegar a uma prova do CPR e andar perto da frente. Foi o que sucedeu a Carlos Martins e José Pedro Silva, que fizeram uma prova em crescendo, e não temos a menor dúvida que com ‘carro’ para isso, e ritmo, lutariam na frente. O oitavo lugar aceita-se. Logo a seguir terminaram Pedro Antunes e Pedro Alves, que estrearam mundialmente o novo Peugeot 208 Rally 4. O piloto mostrou-se muito contente com a sua nova montada, mas admite que há ainda muito para explorar e preparar a Peugeot Rally Cup Ibérica, essa sim, o grande objetivo.

José Pedro Fontes e Inês Ponte foram os grandes azarados desta prova. Atrasaram-se logo no início do segundo dia, quando estavam a 1.1s dos líderes. Um corte duma berma levou à quebra de um apoio da suspensão, e com isso a prova ficou estragada. Atrasaram-se penalizaram, e não foi possível melhor que o 10º lugar. Uma prova agridoce. Por um lado o azar, por outro a certeza que têm andamento para lutar pelas vitórias, e ainda faltam cinco ralis.

No 11º lugar ficaram Daniel Nunes e Nuno Mota Ribeiro. Sem guiar no asfalto há um ano, e com um carro mal afinado no primeiro dia, Daniel Nunes entrou mal, depois no segundo dia já vimos o ‘velho’ e rápido Campeão dos 2WD. Ricardo Sousa e Luís Marques foram terceiros nos 2WD na sequência de uma das melhores exibições que já lhe vimos fazer.

Muitos problemas para Gil Antunes e Diogo Correia na estreia do Dacia Sandero R4 não permitiram melhor que um 13º lugar. Muito por corrigir no R4, e foram poucas as vezes em que o carro esteve ‘normal’.

Fernando Teotónio e Luís Morgadinho (Mitsubishi Lancer Evo X) venceram facilmente o Grupo N, fruto de um bom andamento, apesar de alguns pequenos problemas. Vítor Pascoal e Ricardo Faria (Porsche 911 GT3 Cup) venceram entre os R-GT, numa prova difícil em termos emocionais. Luís Mota e Alexandre Ramos (Mitsubishi Lancer Evo) foram segundos do Grupo N, na frente de Paulo Neto e Vítor Hugo, que prosseguiram adaptação ao Skoda Fabia R5, mas um furo no primeiro dia atrasou-os imenso. Terminaram em 17º

Paulo Caldeira e Ana Gonçalves foram 21º na estreia com o Citroën C3 R5. Vários furos e o calor, limitaram a prova da simpática dupla.

O CPR prossegue dentro de um mês com o Rali Vinho Madeira.

MOMENTO

O facto de Armindo Araújo ter atacado no início do segundo dia, foi o momento decisivo da prova, até porque nessa especial, Zé Pedro Fontes atrasava-se, e Bruno Magalhães que estava a 4.2s ficou a 10.5. Não foi a estocada final, mas sim a especial em que o piloto do Team Armindo Araújo/The Racing Factory ganhou uma vantagem que lhe permitiu gerir no resto da prova. A partir daí, só perderia o rali com algum problema.

FIGURA

Armindo Araújo esteve novamente ao seu melhor nível. Não deixa qualquer detalhe por explorar no pré-prova, prepara-se muito bem, e em Castelo Branco mostrou novamente que a sua ligação ao Skoda Fabia R5 é perfeita. É verdade que os adversários não andam longe mas para já, com a sua rapidez e experiência de saber quando aliviar ou manter o pé em baixo, está demasiado forte para os adversários.

Fernando Teotónio venceu RC2N

Fernando Teotónio e Luís Morgadinho dominaram o Grupo N no Rali de Castelo Branco, alcançando a sua primeira vitória da temporada, depois de terem abandonado em Fafe. Os homens da Macambi Racing Team não começaram bem, com um pião na PE1, mas a partir daí tudo correu bem: “Não perdemos a concentração com o incidente da 1ª PE. Andámos sempre rápido, mas dentro dos limites” e dessa forma venceram com mais de um minuto de avanço para Luís Mota e Alexandre Ramos (Mitsubishi Lancer Evolution).

Vítor Pascoal venceu nos RGT

Numa competição em que os Porsche ditam as leis, Vítor Pascoal foi o melhor de todos. O piloto do 911 GT3 Cup teve uma demonstração irrepreensível entre os RGT e venceu o Rali de Castelo Branco, na categoria, com 2m36s de vantagem sobre Pedro Silva e quase cinco minutos para Paulo Carvalheiro.

José Cruz vence nos Clássicos

Com sete equipas à partida o Campeonato de Portugal Clássicos teve uma prova animada. Ao volante de um Porsche 911 SC, José Cruz foi o melhor, exercendo uma domínio tão forte que deixou Pedro Leone, em Ford Escort RS Cosworth, a 2m24.1s de distância. Nuno Mateus, em Mitsubishi Lancer Evo IV, completou o pódio. A fechar o top 5 ficaram Victor Calisto e António Cirne (Ford Escort MK I) e          Cipriano Antunes/Fernando Almeida (Audi Quattro).

Restantes competições

Há sempre diversas competições nas provas do CPR, pelo que para além do que já referimos, nos Júniores, venceu Ricardo Sousa (Peugeot 208 R2), nos RC3, João Figueiredo (DS3 R3T), RC5, Rodrigo Correia (Kia Picanto). Daniel Nunes venceu o Challenge R2&You.

CLASSIFICAÇÃO

Pos./Equipa/Carro/Tempo/dif.

1º Armindo Araújo Luís Ramalho Skoda Fabia R5 Evo 54:53.2 R5

2º Bruno Magalhães Carlos Magalhães Hyundai i20 R5 0:07.3 R5

3º Ricardo Teodosio José Teixeira Skoda Fabia R5 Evo 0:43.0 R5

4º Pedro Meireles Mário Castro Volkswagen Polo R5 1:12.4 R5

5º João Barros Jorge Henriques Citroën C3 R5 2:00.9 R5

6º Miguel Correia António Costa Skoda Fabia R5 2:25.1 R5

7º Manuel Castro Ricardo Cunha Skoda Favia 2:37.5 R5

8º Carlos Martins José Pedro Silva Citroën DS3 R5 3:24.8 R5

9º Pedro Antunes Pedro Alves Peugeot 208 Rally 4 3:27.1 R2

10º José Pedro Fontes Inês Ponte Citroën C3 R5 4:51.0 R5

11º Daniel Nunes Nuno Mota Ribeiro Peugeot 208 VTI 6:06.3 R2

12º Ricardo Sousa Luís Marques Peugeot 208 VTI 6:33.8 R2

13º Gil Antunes Diogo Correia Dacia Sandero R4 6:40.5 R4

14º Fernando Teotónio Luís Morgadinho Mitsubishi Lancer Evo X 7:22.3 N

15º Vitor Pascoal Ricardo Faria Porsche 911 GT3 Cup 8:32.6 RGT

16º Luis Mota Alexandre Ramos Mitsubishi Lancer Evo 8:38.9 N

17º Paulo Neto Vitor Hugo Skoda Fabia R5 9:21.9 R5

18º Pedro Silva Alexandre Rodrigues Porsche 997 GT3 11:09.1 RGT

19º João Figueiredo Fábio Ribeiro Citroën DS3 R3T 11:19.8 R3

20º Nuno Caetano Mário Feio Citroën DS3 R3T 11:54.0 R3

21º Paulo Caldeira Ana Gonçalves Citroën C3 R5 12:12.3 R5

22º Paulo Carvalheiro Dércio Carvalheiro Porsche 911 GT3 Cup 13:15.7 RGT

23º José Cruz Ana Mendes Porsche 911 SC 15:46.2 A8

24º Rodrigo Correia João Paião KIA Picanto GT 17:41.6 R1

25º Delbin Alonso Pablo Puga Peugeot 208 R2 VTI 17:48.1 R2

26º Pedro Leone Bruno Miguel Ramos Ford Escrot RS Cosworth 18:10.3 A8

27º Joaquim L. Rodrigues Luís Oliveira Ford Fiesta R2T 19:29.7 R2

28º Nuno Mateus Roberto Santos Mitsubishi Lancer Evo IV 20:53.1 A8

29º Victor Calisto Antonio Cirne Ford Escort MK I 25:33.2 2

30º Cipriano Antunes Fernando Almeida Audi Quattro 27:49.8 4

Com estes resultados, as contas do campeonato dão a Armindo Araújo uma vantagem de quase 18 pontos face a Bruno Magalhães, com Ricardo Teodósio, 11 pontos mais atrás do piloto da Hyundai.

1º Armindo Araújo – 68,51

2º B. Magalhães – 50,80

3º R. Teodósio – 39,76

4º M. Correia – 24

5º J.P. Fontes – 21,42

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