Esperança: Rali de Portugal adiado, não cancelado…

Por a 25 Março 2020 10:52

Por José Luís Abreu

Não foi propriamente uma surpresa para a maioria tendo em conta tudo o que temos vindo a testemunhar derivado da COVID-19.

O Rali de Portugal foi adiado, bem como o Rali da Sardenha, e agora resta aguardar pelo momento em que será seguro ‘ligar’ os motores para perceber que calendário é possível colocar de pé.

Para já podemos agarrar-nos a algo positivo: O Rali de portugal foi adiado, não cancelado…

O mundo inteiro sofreu um enorme reviravolta com os efeitos da COVID-19. Muitos podem pensar que todos fomos apanhados de surpresa, e se isso é verdade para a maioria de nós, na comunidade científica há muito se sabe que este tipo de situações pode ocorrer com extrema facilidade, e a melhor prova disso é exatamente o que está a acontecer.

Que o contágio inicial tenha começado na China é perfeitamente irrelevante, o grande fator aqui é a falta de preparação do mundo para responder rapidamente a uma situação destas. Não é por acaso que ‘Pandemic: How to Prevent an Outbreak’, um documentário da Netflix está entre os mais vistos do momento e lá recorda-se uma situação que aconteceu no mundo há 102 anos, mas do qual ‘esse’ mundo parece ter tirado poucas lições: “Em 1918, uma grande epidemia fez 60 milhões de mortos”.

Neste momento ninguém sabe como irá evoluir o novo coronavírus, estamos a ver aqui bem perto o caso de Espanha e ainda pior, o de Itália, e só isso devia ser suficiente para todos percebermos a gravidade que a situação pode atingir.

Quem ouviu s palavras de Óscaro Haro, diretor desportivo da equipa LCR Honda do MotoGP: “Na quarta-feira o meu pai precisava de um ventilador para não morrer e eles negaram-no. O médico chamou-me em lágrimas para me pedir permissão para o deixar morrer”. São palavras impressionantes que espelham bem o que o coronavírus está a conseguir neste nada preparado mundo.

Personalidades como Bill Gates há muito avisam que o mundo em geral, EUA em particular, não estavam preparados para enfrentar uma pandemia, e é de opinião que se as coisas correrem bem, se deve esperar por um período de quarentena de seis a 10 a semanas, e alerta também para o óbvio: a economia vai ficar de rastos. Quanto, ninguém sabe. Mas o importante agora é saúde e a vida das pessoas, da economia logo se vê.

Posto isto, vamos falar de ‘motores’ e do que está a acontecer com os eventos, no caso, do Mundial de Ralis.

Rali de Portugal adiado

Já se desconfiava, a catadupa de cancelamentos/adiamentos continua, e vai continuar, e desta feita chegou a informação que na sequência da pandemia global do novo Coronavírus, o WRC Vodafone Rally de Portugal 2020, quinta ronda do Campeonato Mundial de Ralis da FIA, foi adiado.

A prova, prevista para os dias 21 a 24 de maio está, para já, fora do período de Estado de Emergência decretado pelo estado português, mas como tem vindo a evoluir toda esta situação já se percebeu que em maio é impossível haver normalidade.

Portanto, após a entrada em vigor do Estado de Emergência em Portugal, e com o acordo unânime das autoridades nacionais, da FIA e do promotor, o Automóvel Club de Portugal solicitou o adiamento do WRC Vodafone Rally de Portugal: “Queremos agradecer a todos os nossos patrocinadores e parceiros pela compreensão e esperamos contar com todos numa data posterior este ano”, disse Carlos Barbosa, presidente do ACP.

O seu congénere italiano, o presidente do Automobile Club d’Italia, Angelo Sticchi Damiani, disse: “É agora evidente que a situação da pandemia desencadeada pelo Coronavirus, com os seus diferentes métodos de desenvolvimento de país para país, requer uma revisão completa do calendário das grandes competições automóveis internacionais, incluindo o WRC e nesse sentido, o Automobile Club d’Italia como organizador do Rally Italia Sardegna disponibilizou-se com a FIA e com o Promotor do WRC para estudar uma possível nova data para o evento italiano do Campeonato do Mundo de Ralis”.

Dizendo muito mais que as palavras de circunstância que já lhe ouvimos noutras ocasiões, Oliver Ciesla, líder do Promotor do WRC revelou que “estamos todos a trabalhar para identificar possíveis datas alternativas no final da temporada, caso a situação do COVID-19 melhore, levando em consideração a logística do campeonato, a capacidade de as equipas viajarem novamente e a capacidade dos respetivos países organizarem o WRC nessa altura”.

Neste contexto, percebe-se que os responsáveis do Mundial de Ralis vão ter que aguardar pela passagem da pandemia, para depois colocar de pé o calendário possível até ao final de 2020. É natural que vão conversando sobre os diversos cenários, e esse é o rumo certo. Traçar todos os cenários resultantes da pandemia, e colocar em prática o que for mais adequado quando chegar o momento de decidir o que fazer.

Que calendário?

Neste momento, e depois de já se terem realizado os ralis de Monte Carlo (vitória de Thierry Neuville), Suécia (vitória de Elfyn Evans) e México (vitória de Sébastien Ogier, numa prova que ‘perdeu’ o último dia), o WRC, que já tinha visto o Rali do Chile sair do calendário devido à fraca situação política do país, e a Argentina, cujos organizadores decidiram cancelar a prova devido à COVID-19, o calendário também já foi alterado para os ralis de Portugal e Itália, que foram adiados, sendo que a prova seguinte é o Rally Safari, previsto para o fim de semana de 16 a 19 de julho.

É para esta prova que se aponta o possível recomeço do WRC este ano, numa situação que depende, como se sabe, da evolução da COVID-19.

Tomando como exemplo a China, e se a Europa estiver a tomar medidas similares às da China na contenção da pandemia, serão ‘apenas’ cinco semanas de suplício, seguindo-se uma lenta recuperação, tal como já está a suceder no país asiático.

A grande questão é que o pico da pandemia na Europa só deve ter lugar a meio de abril e só a partir daí poderá – e convém reforçar o poderá, pois neste momento tudo é incerto – começar a lenta recuperação. Seja como for, não é difícil olhar para o atual estado de coisas e ficar apreensivos.

Três meses até ao Rali Safari a meio de julho. A teoria, parece ser minimamente boa, mas na prática ninguém sabe o que vai suceder.

Até porque, ironicamente, não é o COVID-19 que está a afetar o Quénia, neste momento, mas sim uma praga gigante de gafanhotos, não sendo de descurar que a pandemia também atinja África com força, tal como sucedeu na Europa, e está a começar a acontecer nos Estados Unidos da América do Norte.

Se quisermos partir do princípio que em julho tudo estará resolvido, ou pelo menos muito bem encaminhado, será a partir daí que se poderão ‘encaixar’ provas.

Em primeiro lugar, parece-nos que o drama que se vive em Itália vai deixar pouca margem aos organizadores para retomar o seu rali.

É verdade que a Sardenha é uma ilha, rumar à Sardenha pode fazer-se a partir de Barcelona ou Marselha, mas não só Espanha e França também estão a ser muito afetadas com o COVID-19, como o no contexto em que Itália está, e as sequelas que vão naturalmente ficar, é difícil pensar o que pode ser Itália em 2020. A todos os níveis.

Depois do Safari, segue-se a Finlândia, na primeira semana de agosto. Em condições normais, não se esperam problemas aqui, e depois disso está previsto o Rali da Nova Zelândia, no início de setembro sendo que estas três semanas permitem encaixar uma prova europeia e não forçosamente nenhuma das que foram adiadas.

Serão necessários ajustes no calendário, e se recordarmos as

palavras de Oliver Ciesla, “identificar possíveis datas alternativas no final

da temporada”, “logística do campeonato”, “capacidade das

equipas viajarem” e finalmente “capacidade dos países organizarem o

WRC nessa altura”. São frases-chave.

Por exemplo, um Rali de Portugal em agosto está fora de

causa, devido às restrições da Proteção Civil devido aos incêndios. E quanto à

data para a prova portuguesa do WRC não nos podemos esquecer do Campeonato de

Portugal de Ralis.

Mas há outras provas, que se tiverem a capacidade de

antecipar os seus eventos, podem mudar. Mais uma vez, como estamos neste

momento é impossível prever isso.

Após o Rali da Finlândia está prevista a Nova Zelândia entre 3 e 6 de setembro, Turquia (24/27 de setembro), Alemanha, (15/18 outubro), Rali da Grã-Bretanha (29 outubro/1 novembro), Rali do Japão (19/22 novembro).

O que poderá fazer a FIA e o Promotor? Encurtar ralis com reconhecimentos 4ª e 5ª Feira, com rali 6ª, sábado e domingo em alguns (ou todos) os casos.

Há muito para ponderar, sendo que neste momento é impossível prever o que pode acontecer nas próximas semanas e meses, sendo que nenhuma das hipóteses é de descurar: continuar a piorar e então nada mais interessará do que sobreviver, ou que melhore muito e todos tentemos recomeçar a fazer tudo normalmente. Desnecessário será dizer que resta a todos esperar, ficando cientes que se não vamos ter Rali de Portugal em maio, continua em aberto poder ter Rali de Portugal em 2020. Vamos ficar com ‘essa’ fisgada, e logo se vê…

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