CPR: Passado, presente e futuro (2ª parte)

Por a 9 Abril 2020 13:15

Por José Luís Abreu

FOTOS ZOOM Motorsport/António Silva; AIFA/Jorge Cunha; Go Agency/Ricardo Oliveira; Tiago Costa/Direita3, Rui Reis Photo

Na passada semana publicámos a primeira parte de um trabalho que explica pelas palavras de alguns pilotos e chefes de equipa a forma como o CPR tem vindo a crescer sendo que desta feita é a vez de falar do que se fez bem ou não tão bem e o que se pode fazer para consolidar.

Numa altura em que Portugal continua confinado e o desporto motorizado sem perspetivas de sair desta situação, voltamos ao tema Campeonato de Portugal de Ralis, e à forma como tem crescido nos últimos anos. Não vale a pena neste momento pensar nos aspetos negativos que esta pandemia que se vive atualmente pode deixar no mundo automóvel – alguns terá de certeza – o que importa agora é saber o que fazer para o ultrapassar, em primeira análise, voltar depressa ao ponto em que nos encontrávamos, e quando aí se chegar, partir para um CPR melhor, mais consolidado, atuando nos pontos comuns de crítica generalizada por parte dos pilotos e equipas, já que são eles os principais protagonistas de tudo isto.

Por isso, ‘convocámos’ novamente para o 2º round a ARC Sport (Augusto Ramiro), Sports&You (José Pedro Fontes), The Racing Factory (Justino Reis), Racing4You (Manuel Castro) e ainda a Pedro Meireles, Armindo Araújo, Gil Antunes e Miguel Barbosa, ele que não está em 2020 mas esteve entre 2016 e 2019 no CPR.

Na primeira parte do trabalho, publicado no Autosport da semana anterior, ‘demos à estampa’ as opiniões dos pilotos e equipas relativamente ao facto do O CPR ter vindo a crescer bastante nos últimos anos, pedindo-lhes a sua visão quanto ao que fazer para o consolidar.

Depois, falou-se do que em que se baseou este crescimento, por exemplo o facto da FIA ter ‘acertado’ com os R5, carros com andamentos muito parecidos que redundou em campeonatos mais competitivos, mas também lhes pedimos para alargarem a sua visão sobre o tema.

Agora, para esta segunda parte vamos falar do que se fez bem, ou não tão bem, sendo que a intenção não é propriamente olhar para trás porque o que aí ficou já não se muda, sendo importante, sim, corrigir o que não tiver estado bem. Vamos falar dum ponto que é extremamente importante, que passa por perceber o que se pode fazer para consolidar a competição.

Levar (mais) os ralis ao público

Já percebemos que uma das razões para o bom crescimento do CPR nos últimos anos foi a boa conjuntura económica, mas também é verdade que ter um bom ‘meio ambiente’ ajuda, mas só se pilotos e equipas souberem aproveitar bem esse facto e fazer o que tinham de fazer para contribuir para esse crescimento e isso foi feito, com um erro aqui e ali e nas linhas que se seguem vamos perceber que há muitos temas que são transversais a todos os protagonistas.

Para Augusto Ramiro (ARC Sport): Muita coisa foi bem feita, não vou estar a enumerar, mas acho que temos de melhorar a promoção da modalidade estabelecendo parcerias com plataformas audiovisuais de maneira que se possa ter espaço em canais generalistas e em horários ‘premium’ programas de desporto automóvel. Para ser mais pragmático criar o ‘lobby’do desporto automóvel” disse.

Já Manuel Castro, da Racing4you é de opinião que “a estabilidade regulamentar ajudou sem dúvida, o equilíbrio das provas terra e asfalto, era na minha opinião importante, no entanto penso que também era necessário conseguir uma maior garantia dos clubes e da própria FPAK, que se as equipas e os projetos existentes são hoje encarados com grande profissionalismo, é necessário que os restantes ‘players’ acompanhem esta evolução, e infelizmente isso não aconteceu nem acontece. Aqui e ali foram melhorando, mas no cômputo geral acho que ainda devem evoluir mais” disse o líder da Racing4You tocando num dos pontos que é mais comum nas apreciações gerais.

Para Pedro Meireles: “Algumas coisas fizeram-se bem, e uma serie de mudanças sugeridas pela APPR (Assoçiação Portuguesa de Pilotos de Ralis) foram aceites pela Federação, o limitar os pneus a utilizar, taxar as inscrições consoante a categoria – embora aqui acho que as inscrições deveriam ser mais baratas – o agrupar o CPR por tipos de piso, etc. Mas continua a haver um excesso de provas, e sobretudo acho que devíamos competir todos contra todos, e não haver escolha de provas. A promoção deste campeonato tinha que alcançar outra dimensão, como se costuma dizer cá na minha terra, ‘não bate a cara com a careta’….”

Armindo Araújo começa logo pelo ponto mais frágil que é apontado de forma generalizada: “O grande problema do CPR continua a ser claramente a fraca promoção do campeonato. Era, e continua a ser, indispensável um promotor que ‘venda’ o campeonato e os nossos projetos de uma forma mais profissional. Um dos pontos importantes, já o referi anteriormente e tem a ver com o sistema de pontuações. Não podemos ter classificações em que é extremamente difícil explicar aos público em geral como são obtidas. Confusões com décimas nas vitórias das classificativas e sabermos se obtemos pontos ou não por ter sido interrompida, são alguns pontos que considero desajustados.

Sou completamente contra o facto de existirem dez ralis, termos de escolher, oito e pontuar apenas sete. Um campeonato em que os pilotos não disputam entre si todas as provas é, na minha opinião, pouco lógico, e corre o risco de ficar desvirtuado. Acho que deveriam realizar-se oito provas e todos os pilotos disputariam essas mesmas oito provas”, disse Armindo Araújo.

Quanto a Gil Antunes, foi lacónico: “O que se fez bem foi canalizar o maximo das atenções no CPR. O que não se tem feito tão bem é manter as mesmas provas, e por vezes muito idênticas aos anos anteriores, isto para além da falta da divulgação das mesmas. Há um ponto que para mim é de capital importância. Temos de levar muito mais os ralis às pessoas.”

Por fim, Miguel Barbosa, vai ainda mais longe, explicando um ponto que parece ser de extrema importância: Levar os ralis a grandes cidades: “em termos globais, temos todos que elevar o nosso nível, cada um tem que fazer a sua parte, os clubes, as equipas, os pilotos, todos os envolvidos neste desporto têm contribuído para o elevar.

Mas temos que procurar melhores soluções, soluções de promoção, temos de estar em centros de cidades, não podemos estar longe do público, temos que nos aproximar dos grandes centros populacionais, e levar os automóveis até às pessoas, portanto temos que nos aproximar dos grandes centros populacionais, colocar os automóveis bem na frente dos olhos das pessoas. Isso é algo que faz falta e também obviamente ter cada vez maior visibilidade nos media e tentar fazer ações. Eu penso que isto é uma bola de neve e uma pescadinha de rabo na boca. Se não formos aumentando este nível, o efeito é contrário. Quanto mais nível trouxermos ao campeonato e quanto mais coisas positivas, essas chamam outras e penso que isso é uma bola de neve que vai gerando positivamente outras coisas.

O que fazer para consolidar

Como se percebe, há muitos caminhos para serem trabalhados, mas há outro ponto que preocupa e que também já foi referido na parte inicial do trabalho: A base de toda esta pirâmide. É facilmente aceito por todos que o CPR vive numa espécie de pirâmide invertida, ou seja, há imensos carros de topo, o que é muito positivo para o público, mas depois temos a base que deveria alimentar tudo isso quase inexistente. Ou seja. Não é por acaso que os principais protagonistas do CPR são globalmente os mesmos há largos anos. Tem a haver precisamente com o facto de não haver essa base que logicamente serviria para ir alimentando o topo. Salvo raríssimas exceções, todo e qualquer piloto de ralis (exceção feita ao gentleman drivers) começa nos troféus, muitos casos até regionais de ralis, e vai subindo as diversos patamares de acesso. O problema é que não existe.

Victor Calisto, há uns anos, ‘penou’ para conseguir apoios para colocar de pé e manter o DS3 R1 Challenge. Conseguiu-o durante algum tempo, mas depois teve de parar porque não conseguia dar o salto para algo mais bem suportado. Pedro Antunes apareceu por aí. Ricardo Sousa, Hugo Lopes, Diogo Soares, que muito prometeu, mas desapareceu por falta de apoios. São apenas alguns exemplos.

A maioria migrou para os R2, mas só recentemente a Sports&You surgiu com a Peugeot Rally Cup Ibérica, que não é o início da ‘cadeia’, sendo que este ano já criou o Challenge R2&You, que aproveita os Peugeot 208 R2 dos pilotos que não migraram para a Rally Cup com os novos Peugeot 208 Rally4. São de extrema importância importância estas duas competições, mas é pouco.

Há outras, mas têm tido dificuldade de se desenvolver. A KIA Picanto Rally Cup não ‘pegou’ nos ralis como se esperava inicialmente, embora esteja bastante bem na velocidade. A Copa 106 tem moderado sucesso, há ainda o Challenge 1000cc, Além Mar Rally Challenge e Play/Autoaçoreana Trophy nos Açores.

Para Justino Reis da The Racing Factory: “Não podemos querer ter um CPR forte se não apostarmos na renovação e na ‘democratização’ do mesmo. Por isso, defendemos sobretudo a criação de desenvolvimentos de Troféus, ‘challenges’ e a valorização dos vencedores de classes nos campeonatos regionais que tivessem como prémios alguns benefícios para poder subir de escalão na temporada seguinte.

Coisas simples, como benefícios que permitissem reduzir o ‘budget’ necessário para que mais pilotos viessem se mostrar no CPR.

Há também que tentar que não só as marcas que tenham produtos R5 e R2 homologados venham para os ralis. Com a categoria R4 qualquer marca, mesmo sem produto comercial homologado poderá envolver-se, como temos o exemplo da Suzuki Espanha”.

Já para Manuel Castro (Racing4You): “Infelizmente com o estado de emergência em vigor e que provavelmente será prolongado até maio, isso deita por terra o trabalho realizado e o prometedor arranque de campeonato, comprovado em Fafe. Fica bastante complicado saber o que fazer, quando não sabemos sequer quando podermos regressar à normalidade. Como será a normalidade do pós pandemia?

Mas o caminho numa dita ‘normalidade’ seria de continuar com a estabilidade regulamentar, profissionalizar os serviços prestados pela Federação e pelos clubes nas provas que organizam, uma maior aposta na profissionalização do Marketing e Comunicação do CPR, onde, nos últimos anos foi notório um trabalho mais competente dos pilotos e algumas equipas na promoção e divulgação das provas, e da modalidade, do que o realizado pela entidades competentes.

É também urgente olhar para o futuro, e neste campo seria importante um compromisso, não só com um troféu – esse troféu é sem dúvida importante – mas é necessário uma fórmula de iniciação que os jovens possam lograr participar. Conhecer melhor o lado de dentro da modalidade e mostrar a sua competitividade. Penso que essa fórmula podia bem ser conseguida com os KIA, como foi possível verificar pelo sucesso obtido na velocidade, mas também nos ralis que participaram, um carro com baixos custos de manutenção, competitivo e que me parece poder ser uma escola importante, e uma importante porta de entrada para o CPR. Faz falta um troféu que faça provas de terra e asfalto num patamar abaixo dos 208 Rally4 e dos 208 R2”.

Gil Antunes insiste no ponto de “reduzir custos aos pilotos e equipas, para tentar que se mantenham nos campeonatos. Oferecer prémios, créditos para ser utilizados na época seguinte. É importante o piloto que ganha ter ajudas para poder continuar a correr, principalmente se for para subir de categoria.

Para todos os organizadores, na minha opinião, é muito melhor reduzir alguns custos aos pilotos e ter o dobro ou o triplo de equipas, que por sua vez aumentam o número de apoiantes nas provas”.

Miguel Barbosa volta a tocar numa tecla muito importante: Haver consonância entre a qualidade do plantel, no que às equipas e pilotos diz respeito, e a qualidade das provas: “Eu acho que é o caminho que se tem que seguir é: sabemos que temos boas equipas, temos bons pilotos, ótimos carros, temos marcas envolvidas no campeonato, que é algo que já não acontecia há imenso tempo, o que é excecional, e se temos algo que está a funcionar bem há bastante tempo, e isso é excecional, é preciso agora ter o reverso da medalha, que é ter bastante comunicação, bastante divulgação, as provas primarem pela excelência, procurar como é podem melhorar ano após ano e não apenas repeti-las.

Tentar melhorar a visibilidade, a localização das provas, como levar as máquinas e os pilotos até perto do povo, que de algum modo tem acontecido, é verdade, mas há ainda mais por fazer, e eu acho que é isto que é preciso, é preciso elevar o nível é preciso adaptar-nos a estas novas realidades, dos digitais, tudo mais, mas sobretudo é viver paixão automóvel junto das pessoas, pois é preciso levar os carros ao pé das pessoas que é para se ter noção, como por exemplo como foi o Dakar quando arrancou de Lisboa, que suscitou um interesse na modalidade (TT) que nunca tinha sido antes visto, e isso tem a ver com o aproximar da modalidade às pessoas, tudo isto tem a ver com a proximidade às pessoas e com promoção, que foi algo que nesse caso foi bem feito.

Eu acho que esse é o caminho, é isso que temos que fazer, penso que em Portugal os pilotos e as equipas sempre foram muito profissionais, e alguns clubes também, mas é preciso mais. É preciso mais nesse sentido e esse é o ponto fulcral”.

Fazer o que ainda não foi feito

Já Pedro Abrunhosa dizia na sua bela canção, “Fazer O Que Ainda Não Foi Feito (…) porque amanhã é sempre tarde demais”.

Feita a radiografia do essencial que há para fazer no CPR, pedimos, por fim, aos pilotos e às equipas que toquem noutros pontos que entendam ser relevantes, dando sugestões para explorar, novas ideias.

Para Justino Reis (The Racing Factory): “Como acontece com todas as competições globais, não podemos ficar indiferentes ás novas vagas e tendências do ‘politicamente correto’ e da eletrificação do automóvel. Portanto é essencial que se esteja atento desde já a esta tendência e sabendo que os ralis ainda irão demorar até chegar a uma ‘eletrificação’, desenvolverem-se estratégias, para que que se passe uma mensagem ambiental e sustentável positiva nos eventos, num trabalho que deve ser concertado entre as marcas presentes (marcas automóveis e sponsors em geral), a FPAK e os clubes, as equipas e os pilotos.

Também, e num tema que nunca esteve tão atual, se deveria promover uma categoria de E-sports do CPR cujas provas ou finais decorressem nos parques de assistência de provas do CPR. Por fim, voltando a temas focados atrás, é essencial que se possam criar possibilidades de apoiar os pilotos mais jovens do CPR, de modo a que estes possam tentar uma subida de escalão e procurar algum percurso internacional, nomeadamente, e por exemplo, apoiando uma participação no ERC3 Junior ou WRC Júnior. Da nossa parte, da The Racing Factory, até já o fizemos.

Manuel Castro entende que o “desporto automóvel está bastante afastado dos mais jovens, e é necessário fomentar a educação nos ralis também, que sendo um desporto caro não é fácil ao comum dos jovens poder desenvolver essa paixão e a prática, acho que se poderia fazer um trabalho construtivo e a pensar no futuro junto dos mais jovens, um programa/escola para os mais jovens, um trabalho que se vê por toda a Europa onde as Federações conseguem identificar e ajudar a formação de novos jovens talentos, mas um programa sério, competente e profissional.

A profissionalização dos serviços prestados pela Federação e pelos clubes é também muito importante para uma consolidação do CPR”.

Pedro Meireles entende que “o CPR está de boa saúde mas tem que se olhar para os pontos fracos, temos um lote de carros e pilotos a lutar pelos primeiros lugares que dignifica muito este campeonato, a Hyundai esta a dar um enorme contributo para este campeonato e se o faz é porque com certeza o retorno compensa, mas também todos temos que ver, não só o que se faz, mas o que poderia ser feito, e pode se fazer muito mais.

Temos que olhar seriamente para as outras categorias, sem ser os R5, essas têm que ser a base de sustentação do campeonato e deve-se criar condições para que as listas de inscritos cresçam por aí.

O Campeonato devia ter , no máximo oito provas, ideal, sete, para mim, e sou claramente a favor da inclusão das três provas ‘grandes’ no campeonato Admito a não inclusão no CPR do Rali de Portugal para as outras categorias, que não os R5, isto pelo feed back que tive de alguns pilotos das referidas categorias, com as devidas condições para a deslocação as ilhas (o Rali dos Açores tem sido exemplar neste aspeto), todas as provas contariam deitando-se a pior pontuação fora.

A federação deveria criar um caderno de encargos, que teria de ser rigorosamente cumprido pelos clubes que quisessem organizar um rali do CPR, um rali/tipo, a meu ver Shakedown, na sexta-feira, e Super especial à noite, e todas as classificativas realizadas no sábado. Temos que pensar no público e naqueles que se querem deslocar para ver ralis, não faz sentido haver classificativas à sexta feira, é dia de trabalho e tira classificativas de rali ao sábado, que é quando se deve concentrar o rali. Outras medidas deviam constar desse caderno de encargos, nomeadamente ao nível da promoção e acompanhamento das provas.

Está na hora da Federação promover o nosso campeonato com a dimensão que ele merece, a nível televisivo tem que se fazer muito mais, deixo um exemplo, vejam o que se faz no Rali Vinho Madeira, um exemplo a cobertura televisiva e radiofónica que se faz naquele rali, sim o gosto e as pessoas fazem a diferença, já não peço para se fazer o mesmo mas será que é impossível transmitir uma classificativa em direto? Que seja uma curta (Power Stage). Relembro que há uns anos vi alguns prólogos do TT em direto, é possível… Custa-me ver a forma como os jornais diários desportivos tratam a nossa modalidade, qualquer modalidade com menos expressão que a nossa tem direito a muito mais jornal, que os ralis, isto é facilmente alterável.

Seria fastidioso enumerar tudo aquilo que penso, por aqui, só peço que façam com que haja dinamismo, que se tente, não por mim, mas pela modalidade e pela geração de pilotos vindoura…”

Armindo Araújo é de opinião que se deve “aproveitar as grandes catedrais dos ralis nacionais e o sonho dos mais novos, e reavivar a chama dos que já acompanham ralis há décadas. É possível, se conseguirmos disputar provas em locais míticos. Por exemplo, uma super-especial na Póvoa do Varzim, no Autódromo do Estoril ou troços como a Lagoa Azul, junto dos maiores centros urbanos, que nos darão uma maior visibilidade e teriam um impacto e retorno mediático muito importante para a modalidade”.

Gil Antunes reforça algo que faz todo o sentido tendo em conta o projeto que agora desenvolveu, os R4. É verdade que os R5 estão reservados apenas às marcas que os desenvolveram, mas se uma marca do Grupo Renault, a Dacia, entende ser importante (e não só em Portugal) a existência de um projeto R4, pois como todos bem sabemos os ralis ‘comunicam’ emoção e fortalecem a ligação às marcas, estas podem facilmente embarcar em projetos Kit R4 FIA: “Acho que podiam aparecer mais viaturas R4. Podem e devem ser projetos para trabalhar com potenciais marcas do ramo automóvel que possam vir dar ainda mais enquadramento ao CPR”.

Novamente, Miguel Barbosa destaca a questão da base dos ralis: “É preciso criar escadas no desporto e eu acho que a Peugeot Rally Cup Ibérica traz isso.

É preciso que os pilotos vislumbrem caminhos. A Peugeot Rally Cup Ibérica, para além de ter composto o plantel das provas, é uma competição bastante aliciante, com bons prémios, com um carro bastante competitivo, e depois vai permitir guiar um R5. Este tipo de iniciativas são importantes para o desporto, e também foram mais fator positivo a contribuir para o CPR pois criou mais ‘buzz’ à volta.

Há uma motivação extra, é neste momento a ‘copa’ mais importante a nível ibérico e acho que foi uma mais-valia para o nosso campeonato também, que vai por arrasto”, disse Miguel Barbosa. O melhor exemplo para o comprovar? O facto de Pedro Almeida, depois de ter andado pelos R5, ter dado um passo atrás, que lhe irá, certamente, dar vários à frente num futuro próximo.

Em resumo, agora resta esperar para ver como tudo irá ficar depois de desaparecer a pandemia e da consequente crise económica. Ninguém sabe neste momento a extensão do drama, mas pelo menos já sabemos como estávamos, e que podemos lá voltar a chegar se fizermos as coisas ainda melhor, se forem corrigidos os erros que aqui foram enumerados aos longo de duas semanas, e se converse sobre as muitas sugestões que por aqui ficaram.

Agora, vamos virar o foco para perceber a realidade dos clubes, as suas dificuldades, e o que se pode fazer também, como foi sugerido por vários pilotos e responsáveis de equipa, homogeneizar o nível das organizações – em determinados casos – a tudo o resto. Não será fácil? Não. Mas também não é impossível ajustar aqui e ali para todos sairmos a ganhar…

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