Campeonato de Portugal de Ralis: Que ‘casta’ para este Rali Vinho Madeira?

Por a 1 Agosto 2022 10:36

O Campeonato de Portugal de Ralis 2022 entra na sua fase decisiva, com o Rali Vinho Madeira, um dos pontos altos do ano, num evento em que os madeirenses costumam discutir o triunfo entre si, seguidos de perto pelos melhores do CPR. E este ano há estrangeiros que podem entrar na luta. Os Campeonatos da Madeira e CPR estão muito ‘inclinados’ para Miguel Nunes e Armindo Araújo, mas ainda não estão decididos…

Realiza-se no próximo fim de semana do Rali Vinho Madeira, sexta prova do Campeonato de Portugal de Ralis, quinta prova do Campeonato da Madeira Coral de Ralis, competições que estão bastante bem encaminhadas para dois pilotos da Skoda, mas cujas contas precisam ainda de muitos ‘acertos’ para se tornarem decisivas ou definitivas.

As coisas estão bastante bem mais encaminhadas no que ao campeonato regional madeirense diz respeito, já que no Campeonato de Portugal de Ralis os números são substancialmente mais equilibrados, por conta do ‘pior’ resultado que tem de ser retirado nas contas finais.

No caso do CPR, esse ‘pior’ resultado para já é um segundo lugar para o líder do campeonato, Armindo Araújo, o que não sucede com a concorrência e isso faz com que os números sejam em termos virtuais um pouco, mas não muito, diferentes.

Seja como for, essas contas fazem-se só no fim, para já o mais importante é que pela frente temos uma prova que é claramente dos pontos mais altos do ano nos ralis em Portugal, devido à festa que o povo madeirense faz com a ‘sua’ prova.

Num ambiente ainda muito marcado pela trágica perda de um grande piloto e uma pessoa muito querida por todos, Pedro Paixão, fica aqui a referência à falta que ele faz a este rali, depois de vários anos em que abrilhantou a prova com as suas prestações.

A vida continua para os que cá estão, e nesse contexto, os responsáveis da prova madeirense começam novamente a ‘encher o peito’ com a vontade que a prova regresse aos seus grandes tempos em que era das mais destacadas do Europeu de Ralis.

Há que dar tempo ao tempo, até porque Portugal está muito bem representado a esse nível, seja no ERC ou WRC. Seja como for, a prova pertence ao Iberian Rally Trophy, uma competição que engloba três provas espanholas e duas portuguesas, e que tem para já um português e um espanhol, Miguel Correia e Pepe Lopez empatados no topo da classificação.

Festa madeirense

Como habitualmente, a Madeira vai ‘parar’ para fazer a festa do Rali Vinho Madeira, e em termos desportivos, começando pelo Campeonato de Portugal de Ralis, a três provas do fim tudo se começa definitivamente a decidir.

Armindo Araújo soma 121 pontos e tem 24 de avanço para Miguel Correia, a surpresa positiva deste campeonato, que ficará marcado pela sua primeira vitória de sempre à geral. Tendo em conta que ‘falamos’ de asfalto, e ainda mais o ‘específico’ Rali da Madeira em que a experiência, e fundamentalmente o conhecimento são fundamentais para se andar nas lutas da frente, serão possivelmente José Pedro Fontes, Bruno Magalhães e Ricardo Teodósio os pilotos que vão andar na luta na frente do CPR e potencialmente do rali também.

Sendo estes três que têm de recuperar pontos a Armindo Araújo, e sem dúvida irão tentar fazê-lo, até porque a Madeira não é o rali em que o líder do campeonato tem o seu melhor palmarés, mas será certamente necessário contar com ele.

Tendo em conta o seu avanço na competição, não está obrigado a vencer, longe disso, são os ‘outros’ que precisam de o fazer para manter vivas as suas esperanças na competição, e por isso vamos ver como Armindo Araújo irá encarar a prova.

Provavelmente, querendo sair de lá, no mínimo com um avanço semelhante ao que traz.

Se isso acontecer, fica bem mais perto de reconquistar o título.

Quanto a Miguel Correia, o seu melhor resultado na Madeira é um nono lugar, sexto no CPR. Este ano tem condições para fazer melhor, o quanto, logo se vê.

José Pedro Fontes é provavelmente candidato a vencer no CPR e também a lutar pelo triunfo à geral. Depende sempre da evolução da prova.

Sendo certo que o favoritismo à geral vai inteirinho para Miguel Nunes e Alexandre Camacho, os melhores pilotos do CPR podem misturar-se nesta luta.

Depois, os homens do Team Hyundai Portugal. Sem ainda ter vencido qualquer prova este ano, Bruno Magalhães tem na prova madeirense uma bela oportunidade de o fazer, especialmente se encontrar uma boa afinação para o seu i20 N Rally2.

Se isso suceder há claramente que contar com ele para a luta à geral, pois todos sabemos que o Rali da Madeira é uma prova em que Bruno Magalhães sempre andou bem.

Já Ricardo Teodósio nem tanto, mas tendo em conta que na prática (não em termos matemáticos) está afastado da luta pelo título, pode, sem o peso da obrigatoriedade de vencer, fazer uma prova sem pressão e vencer. Não é a nossa primeira aposta, mas tem categoria e velocidade para o fazer.

A luta à geral tem sido há vários anos um feudo quase exclusivo dos melhores pilotos madeirenses e este ano isso não deve ser exceção. O facto do Rali Vinho Madeira se realizar nas mesmas estradas que fazem parte de vários ralis do ‘regional’ isso dá-lhes um conhecimento e uma vantagem técnica que é quase inigualável a este nível e se a isso aliarmos a categoria e rapidez natural de Miguel Nunes e Alexandre Camacho, colocá-los como os dois principais favoritos é absolutamente natural.

Aqui, o único ponto de dúvida é o facto de Miguel Nunes ter tanto avanço no campeonato local, que pode preferir ‘garantir’ um bom resultado ao invés de arriscar um acidente e ‘perder’ o resultado. Por exemplo, como lhe sucedeu o ano passado em que chegou ao último troço na frente e bateu, desistindo.

Essa memória pode fazer com que arrisque um pouco menos. Já para Alexandre Camacho será tudo ou nada em termos de campeonato local. Tem de arriscar.

Esta prova tem alguns bons ‘outsiders’, um deles, Simone Campedelli, foi segundo classificado no recente Rally di Roma Capitale, sexta prova do campeonato europeu da modalidade. Quem anda a esse nível, pode em teoria lutar na frente, só que o italiano nunca veio ao Rali da Madeira e isso torna a sua tarefa bem mais difícil.

Já o jovem espanhol Alejandro Cachón (Citroën C3 Rally2) vem bem equipado, tem andado bastante bem no supercampeonato espanhol, mas não só este é o seu primeiro ano de Rally2, como também nunca veio à Madeira o que deve tornar muito difícil lutar na frente face aos especialistas locais.

Uma incógnita será Bernardo Sousa. Bom (naturalmente) conhecedor das estradas da ‘sua’ terra, o ano passado foi sexto nesta prova, 3º do CPR, mas este ano só fez o Rali de Lisboa e o Rali do Faial, e desde setembro passado que não competia, pelo que ficará para comprovar que ritmo vai ter face à concorrência.

Será uma boa surpresa caso se coloque nas lutas na frente logo desde o início duma prova, que este ano tem das melhores listas de sempre no que aos carros de topo diz respeito.

21 RC2 é um número muito interessante, e o melhor em muito tempo.

Pedro Meireles é outro piloto que pode fazer um bom resultado na Madeira, até porque se está a entender muito bem com o seu novo Hyundai i20 N Rally2, e como bem se sabe, é grande adepto deste rali.

Esta prova não conta para os 2RM ‘continentais’ pelo que aí a luta só irá prosseguir no Rali da Água/Alto Tâmega, mas na Madeira vão estar presentes mais pilotos do CPR, como é o caso por exemplo de Pedro Almeida, Paulo Neto, Paulo Caldeira, Paulo Meireles, Ernesto Cunha, Rui Lopes, e em estreia absoluta na Pérola do Atlântico, Daniel Nunes.

Miguel Nunes destacado

Na luta do campeonato madeirense de ralis, três vitórias e um segundo lugar em quatro provas, dão a Miguel Nunes uma boa vantagem numa competição que venceu nos últimos dois anos, 2020 e 2021. Alexandre Camacho é segundo, venceu na Ribeira Brava, mas o seu abandono na sequência de um toque logo na primeira prova, o Rali Município de São Vicente, prejudica-lhe fortemente as contas, pelo que tem rapidamente de tentar recuperar pontos aos seu adversário direto, esperando-se por isso que se reedite o duelo do ano passado, quando chegaram ao derradeiro troço separados por 1.7s.

Com dois pódios e dois quartos lugares, Filipe Freitas e o seu imponente Porsche são terceiros do campeonato, dois pontos atrás de Alexandre Camacho, e persegue os dois homens da frente, podendo aproveitar qualquer deslize de um deles, ou mesmo de ambos. Um top 10 à geral na prova está claramente ao seu alcance, um pódio na prova ‘regional’ é quase certo, em condições normais, mais do que isso, seriam os seus melhores resultados de sempre na prova madeirense.

Noutro Porsche 991 GT3 Cup estará Paulo Mendes, que tem ficado pelo caminho nos dois últimos ralis da Madeira, querendo por isso este ano ultrapassar essa situação.

Quem infelizmente para todos nós não poderá lutar pelo triunfo na prova é Pedro Paixão, tragicamente desaparecido há pouco mais do que um mês. Será certamente muito recordado neste evento. Somou dois pódios na Calheta e na Ribeira Brava, mas infelizmente já não o temos entre nós para fazer o que melhor sabia: dar espetáculo na estrada e fora dela.

Regresso da Avenida do Mar

A 63ª edição do Rali Vinho da Madeira apresenta algumas alterações relativamente aos anos anteriores. Bastante saudado é o regresso da classificativa da Avenida do Mar – Centro Internacional de Negócios da Madeira, que abre o itinerário na tarde de quinta-feira, 4 de agosto. Disputada nas faixas sul e norte da avenida que a nomeia, com passagem por outros arruamentos limítrofes, esta prova especial terá este ano uma extensão de 2,18 km.

Outro ponto de destaque do percurso da prova é o regresso do Chão da Lagoa. A prova deste ano recupera alguns traçados não utilizados nos dois últimos anos e uma delas é a do Palheiro Ferreiro, a mais extensa da organização do Club Sports da Madeira, com 19,01 km. Em 2022 este troço cronometrado volta a incluir a passagem pelo Chão da Lagoa, em pleno Parque Ecológico do Funchal e uma das ‘instituições’ do evento. Os acampamentos e uma grande moldura humana na zona são um dos ícones da prova.

Para além disso a prova tem no primeiro dia dupla passagem por quatro troços: Campo de Golfe, Palheiro Ferreiro, Boaventura e Cidade de Santana. No sábado, nova dupla passagem por mais quatro troços: Câmara de Lobos, Ponta do Sol, Ponta do Pargo e Rosário, num percurso, como sempre, muito competitivo.

Está tudo pronto para que o Rali Vinho Madeira seja mais um grande evento, é sempre enorme o entusiasmo e mobilização do público madeirense com a sua prova, e este ano, já com a pandemia bem menos complicada do que em 2020 e 2021, tudo se conjuga para um excelente rali, com diversos pontos de interesse, quer seja a luta à geral onde os madeirenses surgem na frente nas ‘casas de apostas’, seguidos de perto pelos melhores pilotos do CPR e também pelos bons estrangeiros presentes.

LISTA DE INSCRITOS – CLIQUE AQUI

HORÁRIO

Quinta-Feira, 4 de agosto

Shakedown (Cardais / Santo Serra / Água de Pena) 3.35 km 08:00

PEC1 Avenida do Mar – Centro Internacional de Negócios da Madeira 2.18 km 19:30

Sexta-Feira, 5 de agosto

PEC2 Campo de Golfe 1 11.41 km 09:18

PEC3 Palheiro Ferreiro 1 19.01 km 10:09

Service B – Avenida Dr. Sá Carneiro – 30 Min 11:22

PEC4 Campo de Golfe 2 11.41 km 12:45

PEC5 Palheiro Ferreiro 2 19.01 km 13:36

Service C – Avenida Dr. Sá Carneiro – 30 Min 14:49

PEC6 Boaventura 1 10.52 km 16:14

PEC7 Cidade de Santana 1 10.84 km 16:44

PEC8 Boaventura 2 10.52 km 18:39

PEC9 Cidade de Santana 2 10.84 km 19:09

Service D – Avenida Dr. Sá Carneiro – 45 Min 20:12

Sábado-Feira, 6 de agosto

PEC10 Câmara de Lobos 1 10.32 km 09:43

PEC11 Ponta do Sol 1 8.00 km 10:28

PEC12 Ponta do Pargo 1 9.77 km 11:11

PEC13 Rosário 1 11.37 km 12:06

Service F – Avenida Dr. Sá Carneiro – 30 Min 13:01

PEC14 Câmara de Lobos 2 10.32 km 14:02

PEC15 Ponta do Sol 2 8.00 km 14:47

PEC16 Ponta do Pargo 2 9.77 km 15:30

PEC17 Rosário 2 [Power Stage] 11.37 km 16:25

Service G – Avenida Dr. Sá Carneiro – 10 Min 17:18

PALMARÉS

2021 Alexandre Camacho/Pedro Calado Skoda Fabia R5 evo

2020 Miguel Nunes/João Paulo Skoda Fabia R5 evo

2019 Alexandre Camacho/Pedro Calado Skoda Fabia R5

2018 Alexandre Camacho/Pedro Calado Skoda Fabia R5

2017 Alexandre Camacho/Pedro Calado Peugeot 208 T16 R5

2016 José Pedro Fontes/Inês Ponte Citröen DS3 R5

2015 Bruno Magalhães/Hugo Magalhães Peugeot 208 T16

2014 Bruno Magalhães/Carlos Magalhães Peugeot 208 T16

2013 Giandomenico Basso/Lorenzo Granai Peugeot 207 S2000

2012 Bruno Magalhães/Nuno Rodrigues Da Silva Peugeot 207 S2000

2011 Bruno Magalhães/Paulo Grave Peugeot 207 S2000

2010 Freddy Loix/Frédéric Miclotte Skoda Fabia S2000

2009 Giandomenico Basso/Mitia Dotta Fiat Punto Abarth S2000

2008 Nicolas Vouilloz/Nicolas Klinger Peugeot 207 S2000

2007 Giandomenico Basso/Mitia Dotta Fiat Punto Abarth S2000

2006 Giandomenico Basso/Mitia Dotta Fiat Punto Abarth S2000

2005 Renato Travaglia/Flavio Zanela Renault Clio S1600

2004 Vitor Sá/Ornelas Camacho Peugeot 306 Maxi Kit Car

2003 Miguel Campos / Carlos Magalhães Peugeot 206 WRC

2002 Andrea Aghini/Loris Roggia Peugeot 206 WRC

2001 Adruzilo Lopes/Luis Lisboa Peugeot 206 WRC

2000 Piero Liatti/Carlo Cassina Subaru Impreza WRC

1999 Bruno Thiry/Stephane Prevot Subaru Impreza WRC

1998 Andrea Aghini/L. Roggia Toyota Corolla WRC

1997 Piero Liatti/F. Pons Subaru Impreza WRC

1996 F. Peres/R. Caldeira Ford Escort Cosworth

1995 Piero Liatti/Alessandrini Subaru Impreza WRC

1994 Andrea Aghini/Farnocchia Toyota Corolla WRC

1993 Patrick Snijers/D. Colebunders Ford Escort Cosworth

1992 Andrea Aghini/Farnochia Lancia Delta

1991 Fabrizio Tabaton/Imerito Lancia Delta

1990 Fabrizio Tabaton/Imerito Lancia Delta

1989 Yves Loubet/A. Andrie Lancia Delta

1988 Patrick Snijers/D. Colebunders BMW M3

1987 Dario Cerrato/Cerri Lancia Delta

1986 Fabrizio Tabaton/Tedeschini Lancia Delta S4

1985 Salvador Servia/Sabater Lancia 037

1984 Henri Toivonen/J. Pironen Porsche 9ll SC

1983 Miki Biasion /T. Siviero Lancia 037

1982 Toni Fassina/Rudy Opel Ascona 400

1981 Aly Kridel Sr/Paul Dunkel Ford Escort

1980 Adartico Vudafieri/Penariol Fiat 131 Abarth

1979 Toni Fassina/Nanini Lancia Stratos

1978 Ari Vatanen/Henry Liddon Escort 2000-RS

1977 Américo Nunes/João Baptista Porsche 911-S

1976 Giovanni Salvi/Pedro Almeida Escort 2000-RS

1975 João Clemente Aguiar/Miguel Sousa Escort 1600-RS

1973 Gomes Pereira/Almeida Pereira Opel 1904-SR

1972 Luís Neto/Jocames Fiat 125 Special

1971 Giovanni Salvi/José Arnaud Porsche 911-S

1970 Américo Nunes/Fernando Fonseca Porsche 911-S

1969 Américo Nunes/Fernando Fonseca Porsche 911-S

1968 Américo Nunes/Evaristo Saraiva Porsche 911-S

1967 Jean Pierre Nicolas/Jean Claude Roure Renault R8 1300

1966 António Sarmento Rebelo NSU Prinz 1000

1965 Zeca Cunha Triumph TR4

1964 Fernando Basílio Dos Santos Porsche SC

1963 Horácio Macedo Ferrari

1962 Horácio Macedo Ferrari

1961 António P. Peixinho Alfa Romeo

1960 Horácio Macedo Mercedes 300SL

1959 José Bernardino Lampreia MGA

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