A INCRÍVEL HISTÓRIA DO RALI DE PORTUGAL DE 1959

Por a 23 Novembro 2022 09:03

Por Martin Holmes

As mudanças nos ralis tem sido muitas ao longo dos anos, mas uma coisa mantém-se igual: a vontade de ganhar títulos. No final de 1959, o Campeonato Europeu era o ‘ponta-de-lança’ da disciplina e as marcas tinham orgulho em ter alguns pilotos a defender as suas cores. Era esse o caso da Citroën que via, à entrada da última prova do ano (precisamente, o Rali de Portugal), Paul Coltelloni guiar um dos seus carros e apresentar-se como favorito ao título. Erik Carlsson, o piloto sueco da Saab, era o único com reais hipóteses de lutar ainda pelo ceptro, mas para o conquistar precisava de ficar num dos quatro primeiros lugares. À última da hora, o sueco recebeu boas notícias pois a Citroën não tinha conseguido colocar um carro para Coltelloni em Portugal a tempo pelo que o francês acabou por alinhar como navegador, num Alfa Romeo (o que lhe garantiria também pontos). Mas, aquilo que pareciam começar a ser ‘favas contadas’, rapidamente se transformou num pesadelo para o homem da Saab.

Carlsson capotou numa das etapas noturnas (depois dos faróis se terem apagado num cruzamento) e apesar dos estragos, a equipa manteve o terceiro posto, o suficiente para consumar o título. Só que a organização decidiu atribuir-lhe uma penalização pelo facto do Saab ter números nas portas de uma cor diferente do que exigia o regulamento. Com o percalço, o sueco desceu apenas uma posição, o que lhe permitiu ainda vestir o seu fato de gala para ir receber o seu honroso prémio na distribuição de prémios da prova, mas, antes de entrar, ainda olhou para o quadro oficial e percebeu que afinal tinha mesmo descido mais posições porque lhe foi atribuída uma segunda penalização com a incrível justificação de que do outro lado do carro, os números da porta tinham também a cor errada. Automaticamente, o título foi parar às mãos do afortunado Coltelloni!

Outro tempos, sem dúvida. Mas 60 anos depois e mesmo sem ser possível apresentar provas credíveis sobre eventuais pressões da marca francesa, não deixou de ser curioso ver a Citroën a insurgir-se contra a FIA quando esta adotou as regras de “inversão de ordem partida” alegando que isso fomentaria as oportunidades táticas. Telhados de vidro?

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