“É muito complicado os pilotos conseguirem evoluir só pelo talento”

Por a 6 Dezembro 2010 10:49

Uma das conclusões: Para chegar às vitórias e à consagração como campeão não basta ter talento. Por trás, exige-se uma máquina financeira que não só suporte os pilotos, mas sirva de cartão-de-visita às melhores equipas e a patrocinadores. Esta foi uma das conclusões apresentadas por Filipe Albuquerque, César Campaniço e Francisco Carvalho, na 7ª Conferência de Gouveia, que decorreu este sábado, com o tema “Portugueses na Velocidade Internacional”.

Os três pilotos internacionais de velocidade foram unânimes em realçar o valor do dinheiro e dos “lobbies” nas provas por onde passam e vencem, a nível internacional. Falaram da dificuldade que há em encontrar patrocinadores, sobretudo se forem de um pequeno país como Portugal, mesmo quando os pilotos são reconhecidos internacionalmente. César Campaniço, campeão de Turismo em Portugal e Espanha, disse mesmo que “somos um país pequeno, muito bonito e bom para passar férias, mas quando se fala em qualquer tipo de disciplina automóvel os interesses estão acima de tudo. É muito complicado os pilotos conseguirem evoluir só pelo talento. Alguns conseguem, mas por portas travessas, e a nacionalidade ajuda muito”.

Filipe Albuquerque, vencedor, há dias, da Race Of Champions 2010 em Dusseldorf, na Alemanha, falou da contradição que existe na procura, por um lado, de pilotos jovens e rápidos, ou de outros mais velhos e experientes, mas onde o dinheiro é determinante na decisão. Foi o panorama financeiro e político que também parece ter levado Filipe Albuquerque a pensar o seu futuro. O campeão dos campeões referiu que à medida que se foi aproximando da Fórmula 1, que antes era o seu sonho, verificou que afinal “não é tão bonito quanto isso. As pessoas pensam que quem está lá são os melhores e os que fizeram a diferença nas categorias anteriores. Infelizmente não é assim e hoje em dia está pior. O piloto que vem de uma nação diferente e com muito dinheiro vem com uma possibilidade. É preciso ser bom, ter alguns bons resultados, mas há muitos pilotos que estão longe de merecer esse lugar. Têm o interesse político e o interesse a nível monetário que hoje em dia move mundos”.

O campeão salientou que a sorte e a antecipação favorecem o apoio ou não do piloto: “é preciso estar no lugar certo à hora certa, e com tudo perfeito”. Para estimular a importância do automobilismo e a valorização dos pilotos em Portugal “acho que precisamos um bocadinho mais de tradição no desporto automóvel”, referiu, uma realidade reiterada pelos outros pilotos que acrescentam a necessidade da promoção e acompanhamento de jovens valores. Francisco Carvalho acrescentou ainda a necessidade de levar as provas ao público, e de lhes juntar outras mais-valias, como feiras e eventos, sobretudo num país de pequena dimensão como Portugal.

De resto, nesta 7ª conferência falou-se de tudo: da sua evolução como pilotos, dos carros conduzidos mais e menos amados, do aparatoso acidente de Francisco Carvalho, do pouco mediatismo em Portugal dos pilotos nacionais no estrangeiro.

Os hábitos e superstições antes das provas, e as histórias mais insólitas deram também azo às gargalhadas da audiência. Filipe recordou o dia em que num teste da competição DTM com a Audi, o famoso piloto Bernd Schneider perguntou se precisava de alguma ajuda, ao que respondeu que estava tudo bem, exceto algum receio em passar uma curva rápida da pista, cheia de borracha e com pouca trajetória para utilizar. Surpreendentemente, “Saiu da box, pegou numa vassoura e foi ele próprio varrer a pista”, conta Albuquerque. “Chegou e disse: Agora tens que ser o mais rápido”. “E fui”!

César Campaniço lembrou um dia na Fórmula 3, em Macau, em que apostou cem euros com um piloto brasileiro, para que este passasse numa curva específica, a fundo, logo na primeira volta dos testes. Inesperadamente, o colega arriscou e ele… perdeu o dinheiro.

Francisco Carvalho, piloto da Eurocopa Seat fez rir o público com a história do dia em que se tinha levantado às 4h30 da manhã para treinar a rampa da Falperra, em Braga. Ao passar a terceira vez na curva do Hotel foi mandado parar pela GNR. Explicou que teria uma prova daí a uns dias e um dos guardas pediu para o levar com ele. “Ele subiu mas já não veio, pois quando chegamos á curva da morte lá em cima ele vomitou dentro do carro e com isto zanguei-me com o mecânico da altura.”

Luís Celínio, presidente do Clube Escape Livre, considera que esta 7ª Conferência de Gouveia “correspondeu aos objetivos de dinamização do Museu da Miniatura, que todos os pilotos e convidados ficaram a conhecer, e permitiu ouvir na primeira pessoa credenciados pilotos abordar temas atuais do desporto automóvel”

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