Os anos mais dominantes na história da F1

Por a 1 Dezembro 2023 11:01

A Fórmula 1 sempre foi uma disciplina conhecida pela sua competitividade e imprevisibilidade, mas ao longo da sua história, houve alguns anos ou períodos de domínio absoluto de uma equipa ou piloto.

Max Verstappen e a Red Bull bateram este ano todos os recordes na F1, mas esta temporada está longe de ser a única em que uma equipa e um piloto dominaram por completo… ou quase.

Por exemplo, em 2002, Michael Schumacher teve um ano muito parecido, com a Ferrari, e curiosamente o alemão subiu ao pódio em todas as corridas, o que não sucedeu com Verstappen este ano.

Os domínios na F1 começaram logo em 1950, ano de estreia do Mundial, e desde aí houve uns quantos bem desequilibrados. Vamos destacar apenas os mais significativos, embora tenhamos consciência que houve outras épocas em que também houve acentuado domínio, por exemplo 1955 quando a Mercedes venceu cinco de sete provas, no ano seguinte 1956 quando a Ferrari triunfou em cinco das oito corridas, a Vanvall em 1958 triunfou em seis, mais do que todas as outras vencedoras juntas, a Cooper nos anos seguintes, a Lotus e Jim Clark em 1963 e 1965, a Matra e Jackie Stewart em 1969, Jackie Stewart de novo em 1971, mas agora com a Tyrell, seguiu-se um período de maior equilíbrio, mas em 1984 a McLaren venceu 75% das corridas, divididas entre Alain Prost e Niki Lauda, no célebre campeonato do meio ponto. Em 1986 a Williams foi dominadora com mais de metade das vitórias do ano, mas o campeão foi Alain Prost e a McLaren, pois na altura não havia ‘primazias’ e Nigel Mansell e Nelson Piquet andaram a ‘canibalizar-se’ um ao outro na luta com Prost.

Em 1993 a Williams voltou a dominar e Alain Prost fez o tetra de campeonatos, o seu último título mundial.

A Benetton e Michael Schumacher dominaram em 1995, mas não sem polémica, que já tinha havido também em 1994 com o ‘Grand Finale’ em Adelaide, 1996 foi o ano de Damon Hill, e novamente da Williams, Hill venceu oito corridas, Jacques Villeneuve, quatro, e desde aí, exceção feita aos anos destacados mais abaixo, só em 2011 voltou a haver um forte domínio, da Red Bull que venceu 12 das 19 corridas, e de Sebastian Vettel, que venceu 11, chegando ao bicampeonato quando ainda faltavam quatro corridas para o final da temporada.

Em 2013 mais do mesmo, com a Red Bull a vencer 13 vezes, face aos três triunfos da Mercedes, dois da Ferrari e um da Lotus com mais um título para Vettel, e desde aí, a era híbrida com o domínio Mercedes até 2020, uns anos mais expressivos que outros, até que a Red Bull meteu um travão nessa superioridade, e ‘virou o tabuleiro’ a seu favor…

1950-1953

A década de 50 do século XX foi marcada pelo ascendente daquele que por todos é considerado um dos maiores pilotos de sempre, o argentino Juan Manuel Fangio. A primeira prova válida para o mundial realizou-se em Silverstone a 13 de maio, o GP da Grã-Bretanha e Nino Farina, com 44 anos de idade, tripulando o Alfa Romeo 158 S8 da escuderia Alfa Corse sagrou-se vencedor, o que também aconteceria no GP da Suíça e de Itália, permitindo-lhe conquistar, neste curto campeonato de apenas sete corridas, o primeiro cetro mundial. Da sua equipa faziam parte Fangio e Fagioli tendo como principal antagonista o Ferrari de Alberto Ascari, que triunfaria nos dois anos seguintes. A Alfa Romeo venceu seis das sete corridas do ano e foi logo no arranque que se assistiu um domínio de uma só equipa.

Mas seria Fangio quem acabaria por marcar esta década ao conquistar o título em 1951 (com a Alfa Romeo), em 1954, primeiro com a Maserati e posteriormente beneficiando da estreia na F1 da Mercedes-Benz com os famosos Silver Arrows, novamente com a marca da estrela em 55, em 1956 com o Lancia-Ferrari e, finalmente em 1957 com o Maserati 250 F.

Nos anos de 1952 e 1953, quando a Alfa Romeo saiu, em 1952, a Ferrari manteve-se como equipa a bater, vencendo todas as corridas de 1952 em que competiu, mantendo o domínio em 1953, só não triunfando numa corrida. Alberto Ascari venceu os dois títulos.

1988

Em 1988 assistiu-se a um aguerrido campeonato entre os dois pilotos da McLaren, Prost e Senna, que venceram todas as corridas e, no último GP, realizado no Japão, o piloto brasileiro, apesar de uma má partida conseguiu vencer e conquistar o seu primeiro título. Terminaram separados por três pontos, depois de aplicada a regra da retirada do pior resultado, pois Alain Prost terminaria o ano com 105 pontos e Senna com 94.

A McLaren venceu 15 dos 16 GP, cilindrando a concorrência com a Ferrari a vencer em Monza, por Gerhard Berger, depois de Senna, que liderava, ser atingido por um retardatário no início da penúltima volta.

1992

O Williams FW14B em combinação com o motor Renault, formou um conjunto imbatível, que permitiu finalmente a Nigel Mansell garantir o tão perseguido título mundial. O chassis era da autoria de Adrian Newey e este foi um ‘package’ completamente imbatível em 1992, com o piloto inglês a vencer nove das 16 corridas do ano, vencendo com quase o dobro dos pontos do segundo classificado, Riccardo Patrese, seu colega de equipa. A Mclaren, cinco, e Benetton, uma, também venceram corridas. Foi o ano em que Michael Schumacher venceu pela primeira vez uma corrida na F1.

2002

De 2000 a 2004, Michael Schumacher venceu cinco títulos consecutivos, quase acabando com o interesse da Fórmula 1, fruto das suas inegáveis capacidades de pilotagem e não só: também de excelentes carros que a Ferrari lhe proporcionou, devidamente e exclusivamente adaptados aos pneus Bridgestone e ao desempenho de um estratega chamado Ross Brawn. O Ferrari F2002, que só começou o campeonato na terceira prova, substituindo o F2001, venceu 14 das 15 corridas que fez e a Ferrari triunfou um 16, só não conseguindo vencer no Mónaco, em que o triunfo foi para a McLaren por intermédio de David Coulthard.

Michael Schumacher entrou para a história depois de se tornar no primeiro piloto a terminar todas as provas da temporada no pódio. A Ferrari conseguiu ainda nove dobradinhas, numa época marcada também pela vergonha do GP da Áustria, quando Rubens Barrichello teve de ‘oferecer’ a vitória a Schumacher.

2004

O ano de 2004 ficou marcado pelo sétimo e último título de Michael Schumacher, vencendo cinco consecutivos, de 2000 a 2004. Com o Ferrari F2004, a Scuderia venceu 15 vezes, 13 com Michael Schumacher, 2 com Rubens Barrichello, oito delas, dobradinhas.

Renault, Williams e McLaren foram as restantes três equipas a vencer corridas. Williams e McLaren dececionaram, o Williams FW26 sofreu com a pobre aerodinâmica e o McLaren MP4-19 com o motor.

O F2004 tinha muita semelhanças com o imparável F2002, e foi quase tão dominador quanto o seu ‘irmão mais velho’. A fiabilidade foi um dos seus segredos, os dois abandonos do ano deveram-se a colisões. A Ferrari também venceu o Mundial de Construtores.

2014

Foi o primeiro ano da nova era híbrida da F1, e foi a Mercedes a acertar na mouche. Os motores V8 deram lugar às complexas unidades motrizes, e o W05 marcou o começo de uma nova era na F1, depois de quatro anos seguidos de triunfos da Red Bull. A vantagem foi tanta que a Mercedes venceu 16 das 19 corridas do ano, vencendo as primeiras seis corridas, e depois do triunfo de Daniel Ricciardo e da Red Bull no Canadá, daí para a frente a Mercedes só perdeu mais duas vezes.

Lewis Hamilton foi campeão, triunfando em 14 corridas, Nico Rosberg venceu quatro. Foi a última temporada de Sebastian Vettel pela Red Bull, onde corria desde 2009. Em 2015, o tetracampeão mundial juntou-se à Ferrari. Um ‘certo’ Max Verstappen tornou-se piloto de reserva da Toro Rosso…

2015

Em 2015 foi mais do mesmo, com a Mercedes a vencer 16 das 19 corridas do ano com o W06 Hybrid, que mais não foi do que uma evolução do seu antecessor. A Mercedes foi de novo a campeã de construtores e pilotos, de novo com Lewis Hamilton, que conquistou o tricampeonato mundial no Grande Prémio dos Estados Unidos, a três corridas do fim do ano. Sebastian Vettel, agora na Ferrari, venceu três corridas e foi terceiro no campeonato, a mais de 100 pontos de Hamilton e a 44 de Nico Rosberg. Este foi também o ano em que as coisas entre Hamilton e Rosberg azedaram fortemente. 

2016

Foi um ano repleto de motivos de interesse no meio de novo domínio da Mercedes. O ano começou com um arranque fenomenal de Nico Rosberg. Teve a primeira polémica no GP de Espanha, ganho pelo surpreendente Max Verstappen, e a primeira reviravolta antes da pausa do verão, quando, após o GP da Alemanha, Lewis Hamilton recuperou de um défice de 43 pontos para assumir o comando do campeonato.

A segunda surgiu logo a seguir, depois de Nico Rosberg encabeçar nova senda de triunfos nas visitas à Bélgica, Itália e Singapura.

Quatro vitórias do colega de equipa nas últimas quatro provas do ano traduziram-se depois num final de temporada de cortar a respiração, com Rosberg a reclamar o primeiro (e último) título mundial da carreira por apenas cinco pontos, com menos vitórias (9 contra 10) do que Hamilton, e após uma estratégia arriscada do rival, que abrandou propositadamente o ritmo da corrida que teve lugar em Abu Dhabi. Houve drama, tensão, polémica. Mas no final houve mais do mesmo: pelo terceiro ano consecutivo, a Mercedes levou todos os títulos em disputa para casa, vencendo 19 das 21 etapas do campeonato mais extenso da história da F1.

2022

A Red Bull já tinha sido dominadora no passado, mas o ano de 2022 só não foi melhor que este último, de 2023, em que a Red Bull venceu 21 das 22 corridas realizadas.

Em 2022 a Red Bull triunfou 17 vezes face a quatro triunfos da Ferrari e um da Mercedes, Verstappen ganhou 15 vezes, Sergio Pérez duas, os outros triunfos foram de Charles Leclerc, três, Carlos Sainz e George Russell.

Max Verstappen fez uma época tremenda. Bateu recordes, recuperou de uma desvantagem de mais de 40 pontos e foi campeão com quatro corridas para o fim da temporada. 2022 deu-nos o melhor Verstappen de sempre na F1. Mais calmo, menos impetuoso e mais cerebral, Verstappen soube gerir muito melhor o esforço e concluiu corridas com muita classe. Conseguiu o maior número de vitórias numa época, foi o melhor em praticamente todos os aspetos e o título acaba por ser uma consequência natural do domínio do RB18 e de Verstappen.

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