GP Grã-Bretanha F1: A Ferrari tem as prioridades alinhadas?

Por a 4 Julho 2022 12:41

A Ferrari venceu, mas nas hostes da equipa italiana voltou a sentir-se frustração com as escolhas estratégicas realizadas, parecendo que a Scuderia não tem as suas prioridades bem definidas.

A formação de Maranello encontrou-se numa situação em que poderia ter feito uma dobradinha e ganhar muitos pontos relativamente à Red Bull e a Max Verstappen, mas desde muito cedo no Grande Prémio da Grã-Bretanha pareceu insegura nas decisões a tomar.

Ficou evidente que Charles Leclerc era o piloto mais rápido da equipa, apesar de carregar danos no seu monolugar, e perante a ameaça que constituía Lewis Hamilton os estrategas da Ferrari levaram uma eternidade até trocarem as posições dos seus carros, correndo o risco de ambos serem suplantados pelo inglês.

No final isso acabou por não ser determinante no desfecho da corrida e para a derrota da Leclerc num dia em que poderia recuperar muitos pontos a Verstappen, que tinha problemas no seu carro, mas deu uma pista de que as prioridades no seio da Ferrari não estão verdadeiramente alinhadas.

Foi quando o Safety-Car entrou em pista, espoletado pelo abandono de Esteban Ocon, que foi evidente a falta de proteção ao piloto que é claramente a sua arma para lutar pelo título de pilotos.

Com Leclerc no comando e Sainz em segundo lugar a Ferrari tinha de reagir e não tinha muito tempo para o fazer, dado que quando o Safety-Car entrou em pista, Leclerc estava a aproximar-se da entrada das boxes, deixando o “pit-wall” com cerca de oito segundos para reagir, mas a avaliar pelas comunicações de rádio, chamar o monegasco, nunca foi uma opção.

A Ferrari, estranhamente, preferiu manter o seu piloto mais forte em pista com borrachas duras usadas e defender Carlos Sainz, montando no carro do espanhol pneus macios o que numa pista em que as ultrapassagens são fáceis de concretizar, deixava Leclerc exposto a todos aqueles que seguissem a linha estratégica do piloto de Madrid.

O resultado foi o esperado, apesar dos esforços heróicos de Leclerc, que envolveu recuperar um lugar a Hamilton em Copse por fora, tendo terminado em quarto num dia em que, uma vez, mais a vitória parecia ser sua.

Tal como acontecera no Mónaco, a Ferrari jogou mal estrategicamente, hipotecando as possibilidades do seu piloto que lhe dá mais garantias de vencer o título de pilotos.

Deveria ser Leclerc a prioridade da equipa e deveria ser ele entrar nas boxes para montar pneus macios novos, sacrificando a prova de Sainz. Mesmo que perdesse posição em pista, na eventualidade de Hamilton se manter em pista, como se verificou, o “delta” entre borrachas marcadas a vermelho e as a branco era suficiente para recuperar o lugar ao inglês.

A falta de liderança estratégica que a equipa evidenciou quando Leclerc estava no encalço do espanhol e a erro aquando da entrada do Safety-Car são questões que não se passam na Red Bull, sendo evidente que Verstappen é o piloto defendido – basta recordar o Grande Prémio de Espanha – e esta diferença de abordagens serão determinantes para o desfecho da luta pelo título, sobretudo numa situação em que o monegasco tem uma grande desvantagem para suprir.

Tem ainda impacto psicológico no seu piloto, uma vez que Leclerc pode sentir que não tem a sua equipa atrás de si no seu desafio pelo título, observando a diferença de tratamento que o seu rival tem.

Pode até ser que agora que Sainz conquistou a sua primeira vitória na Fórmula 1, o papel dos dois pilotos no seio da Ferrari fique mais bem definido, mas se Mattia Binotto e os seus homens querem lutar pelo Campeonato de Pilotos, têm de colocar a ‘fichas todas’ em Leclerc e colocar Sainz a jogar para o seu colega de equipa. Porém, Silverstone foi uma oportunidade perdida e foram 13 pontos que voaram nas contas do título.

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Scirocco
Scirocco
1 ano atrás

Ontem a Ferrari optou por fazer um boost na motivação do Sainz que estava bastante em baixo. Infelizmente ao fazer isso, desmotivou o Charles e hipotecou bastante a hipótese no campeonato de pilotos (até o Sérgio já está a frente do Leclerc). è aqui que se vê a capacidade de liderança e temo que tenha que dar razão a todos os detractores aqui no AS (e são muitos) do Binotto.

Cágado1
1 ano atrás

Deve ter bem alinhadas. O Santander deve ser uma delas.

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