GP EUA de F1: Erros de Mercedes dão vitória a Verstappen

Max Verstappen venceu o Grande Prémio dos Estados Unidos da América, uma prova que poderia ter ficado nas mãos Lewis Hamilton se a Mercedes não tivesse cometido dois erros.

O Circuit of the Americas, para além de ter subidas e descidas bastante íngremes, o que obriga a ter cuidado com a placa de madeira que limita a altura ao solo de todos os carros de Fórmula 1, tem muitos ressaltos que obrigam a que as equipas levantem os seus monolugares para garantir que chegam ao fim da corrida sem um desgaste superior a 10% da placa.

Sendo o Red Bull o carro que mais baixo pode rodar sem espoletar ‘porpoising’, ao ser elevado para cumprir com as exigências propostas pela pista de Austin, é também o que mais perde eficiência aerodinâmica, tendo de recorrer a asas com maior incidência, tal como os seus rivais, para ganhar o máximo de ‘downforce’.

Tal como acontecera em Singapura, ainda que não num nível tão elevado, o carro de Milton Keynes estava fora da sua janela de funcionamento no circuito americano, deixando Verstappen exposto aos seus adversários.

Em cima disso, a pista de Austin sobreaquece os pneus traseiros, o que obrigou a que a Red Bull apostasse numa afinação com tendência para subvirar, para proteger os Pirelli posteriores, ficando piloto neerlandês com um carro que não estava inteiramente do seu agrado.

Todos estes factores foram determinantes para que Verstappen não conseguisse a pole-position para o Grande Prémio, deixando-o em desvantagem para a corrida de domingo ao arrancar apenas de sexto.

No sábado, com a temperatura mais fresca, o Red Bull estava mais perto da sua janela de funcionamento, vencendo Verstappen o Sprint Shootout e a Sprint, mas na prova que verdadeiramente conta, a dominical, as temperaturas voltaram a subir, deixando-o com uma tarefa complicada, se quisesse vencer o seu décimo quinto Grande Prémio da temporada.

Charles Leclerc, o ‘poleman’, rapidamente ficou fora da luta pela vitória, o que foi confirmado ao assumir uma estratégia de apenas uma paragem, ao passo que Lando Norris, que assumiu o comando na primeira curva ao arrancar bem de segundo, muito embora tenha liderado grande parte da corrida, sofria de um desgaste de pneus que reduzia substancialmente a sua possibilidade de vencer o seu primeiro Grande Prémio.

O grande opositor de Verstappen era Hamilton que tinha no Mercedes um carro rápido e com uma boa capacidade de gestão de pneus, estando o inglês em segundo, atrás de Norris e seguido pelo neerlandês, antes da primeira ronda de paragens nas boxes, o que lhe dava a vantagem de posição em pista relativamente ao seu rival da Red Bull.

No entanto, a Mercedes decidiu alongar o primeiro ‘stint’ do heptacampeão, realizando este mais quatro voltas que Verstappen, dando a ideia de que a formação de Brackley tinha ficado a meio caminho entre uma estratégia de duas paragens e uma de uma.

Estas quatro voltas a mais custaram a Hamilton onze segundos para o piloto da Red Bull, incluindo uma má troca de pneus em que perdeu um segundo e meio, caindo para trás o Tricampeão Mundial a sete segundos deste.

Ao estender a primeiro ‘stint’ de Hamilton, a Mercedes tinha entrado na fase em que os pneus entraram em perda intensa de performance, o que deixou o seu piloto em desvantagem.

A esperança dos homens comandados por Toto Wolff era que, o facto de ter borrachas mais novas que as de Verstappen, permitisse ao inglês recuperar o terreno perdido e o ultrapassasse.

Porém, apesar de estar a gerir um problema de travões desde o início da corrida de cinquenta e seis voltas, o neerlandês conseguia suster a recuperação de Hamilton, conquistando a sua quinquagésima vitória em Grandes Prémios ao cruzar a linha de meta com uma vantagem de 2,2s para o inglês.

A Mercedes, com falta de precisão estratégica custava a Hamilton a possibilidade de poder garantir a sua primeira vitória desde o Grande Prémio da Arábia Saudita de 2021.

Pior ainda, após a corrida, o inglês era desclassificado, por ter desgastado mais de 10% a placa de madeira.

Numa tarde, a Mercedes errava estrategicamente e, ao afinar o carro de uma forma demasiado agressiva, cometia um erro operacional, perdendo potencialmente uma vitória um segundo lugar efectivo, que poderá ser de extrema importância na luta pelo segundo lugar no Campeonato de Construtores com a Ferrari.