GP Canadá F1/2º pelotão: Williams e Albon fazem tudo bem

Alex Albon foi o mais forte na luta pela primazia no Segundo Pelotão no Grande Prémio do Canadá, tendo a Williams usado tudo o que tinha ao seu alcance para poder dar ao seu piloto as condições para terminar nos pontos.

Depois de ter pontuado logo na primeira corrida da temporada, com um décimo lugar, o piloto tailandês tem vindo a ser um dos candidatos a terminar entre os dez primeiros, sobretudo, quando existem problemas com os recrutas das cinco equipas mais fortes.

O Williams FW45 continua a não ser um carro muito sofisticado aerodinamicamente, tendo a equipa de Grove ferramentas de simulação menos avançadas que as suas rivais, mas tem um baixo arrasto, o que lhe permite deslizar pelo ar de uma mais eficaz, o que num circuito como o de Gilles Villeneuve pode ser uma vantagem.

A formação britânica sabia que o Canadá seria uma boa possibilidade para regressar aos pontos e resolveu trabalhar afincadamente para que Albon pudesse estrear um novo pacote aerodinâmico. O facto de Logan Sargeant ter acesso esta nova configuração apenas no Grande Prémio da Grã-Bretanha evidencia bem a urgência que a equipa tinha em ter os componentes para o evento de Montreal, não tendo tempo para construir peças suficientes para dois carros.

O facto de a primeira sessão de treinos-livres do fim-de-semana ter sido um evento de bandeira vermelha, devido a um problema num cabo de fibra óptica do sistema CCTV do circuito, não ajudou a Williams, que desejava todo o tempo de pista para poder validar os novos componentes e verificar se faziam o que era pretendido.

Na segunda sessão, que foi estendida meia hora, a formação fundada por Frank Williams teve a oportunidade de, finalmente, avaliar o novo pacote técnico e os resultados não foram auspiciosos, com Albon a não ir além de décimo sétimo.

A instabilidade climatérica que se viveu ao longo de todo o fim-de-semana não ajudou a formação de Grove, tendo chuva no sábado impedido que o conhecimento do novo pacote técnico fosse aprofundado, mas o estado da pista apresentou, por outro lado, uma oportunidade para Albon.

A qualificação foi realizada com a pista molhada, e foi aí que a Williams começou a aproveitar as possibilidades que se lhe abriram.

Sem nada a perder, na Q2, resolveu montar pneus slicks no carro de Albon antes de todas as outras equipas, o que permitiu ao seu piloto aproveitar da melhor forma a curta janela para o uso de borrachas para o seco.

O resultado foi espectacular, tendo o tailandês sido o mais rápido do segmento. Para este desfecho, foi determinante a vontade da equipa assumir riscos, ao invés de uma subida de performance do FW45, mas ainda assim há mérito da parte da Williams.

Albon acabaria por ficar no décimo posto da tabela de tempos, dado não ter conseguido terminar uma volta antes das bandeiras vermelhas provocadas pelo despiste de Oscar Piastri na Q3.

Era um bom ponto de partida, até porque subiu a nono devido à penalização de Carlos Sainz, sendo pontos uma possibilidade para Albon.

A formação de Grove não deixou nada ao acaso e, num circuito em que a potência é importante, montou no carro número vinte e três um novo V6 turbohíbrido da Mercedes, dando ao seu piloto todas as condições que estavam ao seu alcance para assegurar um bom resultado, principalmente numa pista seca.

Albon arrancou bem para a corrida de setenta voltas, completando a primeira em décimo, ao perder um lugar para Charles Leclerc, que na verdade não fazia parte da sua luta.

Ainda assim, manteve Sainz e Sergio Pérez no seu encalço e desde cedo ficou evidente que ultrapassar o Williams não seria uma tarefa fácil para quem o tivesse à sua frente, dada a sua elevada velocidade de ponta – Albon era o mais veloz neste parâmetro, com 343,0 km/h, Guanyu Zhou, o segundo mais veloz, registava 340,0 km/h.

Com a generalidade dos pilotos a arrancar com pneus médios novos, o tailandês estava um pouco mais condicionado que os seus adversários, uma vez que tinha borrachas marcadas a amarelo usadas, mas o Safety-Car que entrou em pista na décima segunda volta devido ao despiste de George Russell, permitiu à Williams uma nova janela de oportunidade, entrando nas boxes, tal como a generalidade dos concorrentes.

Com os pilotos da Ferrari e Sérgio Pérez a ficarem em pista, preferindo rodar no ar limpo para ganhar posições, assim como Kevin Magnussen, Albon caía para décimo segundo, sendo ainda suplantado por Valtteri Bottas nas boxes.

Esta era uma situação desconfortável para o piloto da Williams, uma vez que dificilmente conseguiria recuperar até aos pontos se se fiasse apenas na performance da sua máquina.

Mas numa corrida em que a estratégia de duas paragens era a preferida, havia alguma margem estratégica para recuperar posições.

Com pneus duros novos, a Williams embarcou numa estratégia de apenas uma paragem, esperando que a velocidade máxima do seu monolugar e as capacidades de defesa de Albon fossem suficientes para que conseguisse terminar nos pontos.

Na quadragésima volta, depois da segunda ronda de paragens nas boxes, o tailandês encontrava-se no sétimo posto, sendo os seis da frente inalcançáveis, mas com trinta passagens pela linha de meta pela frente, manter a sua posição não seria uma tarefa fácil.

Esteban Ocon colava-se ao Williams, estavam decorridas cinquenta e duas voltas, passando a atacar o sétimo posto, muito embora tivesse também de ter cuidado com os pilotos que estavam atrás de si.

O jovem tailandês, a liderar um comboio de DRS; era o piloto mais exposto do grupo, mas volta após volta foi colocando-se numa posição em que Ocon, apesar de ter muito mais ritmo, não tinha a possibilidade de lhe colocar um ataque.

No final, Albon assegurava o sétimo posto para a Williams, batendo o francês da Alpine, Lance Stroll e Valtteri Bottas.

O novo pacote técnico estreado em Montreal deu boas indicações e pode dar esperança à equipa de Grove, mas no Canadá foi o sentido de oportunidade e elasticidade estratégica dos homens da Williams, as características singulares do carro e uma prova irrepreensível de Albon a garantir o triunfo na luta pela primazia do Segundo Pelotão.