FÓRMULA 1: Mercedes: neutralidade carbónica já em 2020

Por a 8 Março 2020 09:17

Por José Manuel Costa

Quando os Governos mundiais apertam o cerco à indústria automóvel com regras cada vez mais restritivas em termos de emissões, a Fórmula 1 não passa ao lado desta situação. E se a Fórmula 1 anunciou já o ano passado planos para ter neutralidade carbónica em 2030 e provas sustentáveis em 2025, a Mercedes tomou a dianteira e anunciou o mesmo para o final deste ano.

Costuma-se dizer que “á mulher de César não basta parecer” e por isso mesmo, os construtores que estão presentes, oficialmente, na Fórmula 1, têm de ir além das palavras. A Mercedes tem grandes responsabilidades nesta área e não pode estar a cortar gamas e plataformas no seu “core business” e ser ineficiente no desporto automóvel. Lá está, não basta parecer.

Claro está que está afirmação da Mercedes, lida em contexto, pode parecer uma ousadia e tresanda a mentira, juntando a isso a intenção de cortar para metade as emissões de CO2 da equipa em 2022. Uma confirmação mais ou menos velada da continuidade da Mercedes depois de 2020.

O anúncio da neutralidade carbónica da Mercedes F1 no final de 2020, não é exagero nem sequer mentira, mas só será alcançado com a compra de certificados ambientais. Ou seja, a Mercedes quer compensar as emissões de CO2 através destes certificados. Mas, o que significa isso?

Em primeiro lugar, a Mercedes vai acelerar a utilização de energias renováveis nas suas instalações de Brixworth e de Brackley, eliminar a utilização de plástico no “catering” da equipa e fará uma seleção de hotéis que sigam as mesmas políticas de defesa ambiental, para albergar os elementos da equipa. Com estas medidas, a Mercedes vai conseguir passar das 20 mil toneladas de CO2 de 2018 para metade disso em 2022.

Depois, a Mercedes vai apoiar projetos que sejam, reconhecidamente, capazes de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e que ajudem a proteger o ambiente.

Lewis Hamilton forte defensor do ambiente

O seis vezes campeão do Mundo de Fórmula 1 elogia e sublinha a decisão da Mercedes, lembrando que a sustentabilidade ambiental é decisiva para o futuro. Para Lewis Hamilton, “a sustentabilidade é muito importante para mim, pessoalmente.” Recordamos que o piloto britânico vendeu o seu avião particular e desloca-se sempre que possível em carros híbridos Plug In ou elétricos da Mercedes. “Tenho-me tornado cada vez mais atento às questões ambientais que estamos a enfrentar na nossa ‘casa’ mundiale eu desejo ter um impacto positivo e tento fazer a minha parte.”

Para isso, Hamilton mudou “a minha maneira de viajar e comecei a andar com modelos ecológicos da Mercedes. Coloquei a sustentabilidade no coração das minhas atividades como a minha coleção de roupa feita com a Tommy Hilfiger.” Por isso, Hamilton fica feliz que a Mercedes “tome a dianteira na maior responsabilidade ambiental e que todos estejam a fazer um enorme esforço para encarar a situação e fazer algo de significativo. Espero fazer a minha contribuição e que outros me sigam nesta transformação.”

As mudanças na Mercedes

A equipa liderada por Toto Wolff está já operar algumas mudanças. Em Brackley, o túnel de vento, o centro de armazenamento de dados, os simuladores e os bancos de ensaio, todos eles são já alimentados por energias renováveis. Em Brixworth, onde são desenhados e produzidos os motores de Fórmula 1 e para a Fórmula E, mais de metade da energia necessária para o seu funcionamento é produzida por painéis solares e o ambiente é mantido também por sistemas de climatização sem gases poluentes. E a “Mercedes High Performance Powertrains” tem como objetivo mudar, totalmente, para alimentação energética através de energia renovável.

Numa altura em que a Mercedes determinou que todas as suas fábricas europeias tenham neutralidade carbónica a partir de 2022 e que a Daimler, a dona da Mercedes, anunciou que a sua frota de veículos terá neutralidade carbónica a partir de 2039, a casa alemã pega na liderança da Fórmula 1 também em termos de sustentabilidade ambiental.

“Queremos que as nossas plataformas desportivas sejam um caso de estudo devido a uma mente aberta para a implementação de inovações para um futuro mais sustentável. Isso vai das motorizações híbridas e elétricas aplicáveis aos nossos carros de competição, na pista, no nosso dia a dia e nas nossas fábricas. Queremos assumir a liderança nesta mudança!” Palavras de Toto Wolff depois do anúncio feito pela Mercedes de neutralidade carbónica no final de 2020.

A Fórmula 1 terá de (vai) mudar

Jean Todt, presidente da FIA (Federação Internacional do Automóvel) tem aumentado de maneira incrível a pressão para a mudança, pois o francês sabe, perfeitamente, que

necessita de combustíveis verdes para alcançar a sustentabilidade. Mas para lá disso, a Fórmula 1 terá de lutar para ter neutralidade carbónica, uma tarefa que não será fácil para um “circo” que viaja a cada duas semanas com toneladas de material em enormes aviões. Mas a Fia já anunciou que atingirá essa meta em 2030. Veremos como.

No que toca à competição, a FIA não poderá, apenas, ficar pelos combustíveis sintéticos que anda a desenvolver há muitos anos. A regulamentação híbrida não pode voltar para trás e a ameaça da Fórmula E continua a ser forte. Aliás, Lewis Hamilton já disse que “se a Fórmiula 1 seguir a Fórmula E terá enorme sucesso.”

Para já, a FIA quer aprofundar a tecnologia híbrida, mas com maior componente elétrica e uma procura de ainda maior eficiência do motor de combustão interna. Um motor que hoje já está na liderança da eficiência energética ao conseguir converter 50% da energia do combustível em potência e binário. Um valor recordista!

O desporto automóvel tem de ser uma montra tecnológica, mas também uma escola de boas práticas, e o programa de sustentabilidade será a prova decisiva que a Fórmula 1 está empenhada na defesa do ambiente.

As vitórias em pista podem convencer os consumidores e levá-los a abraçarem a mudança para a mobilidade sustentável, seja ela híbrida ou elétrica. E esse terá de ser o caminho a percorrer pela Fórmula 1 e pelas equipas.

A Mercedes tomou a dianteira e mesmo que nesta primeira fase seja pela aquisição de certificados ambientais, pagando muito para ajudar a desenvolver projetos de sustentabilidade, acredita-se que o futuro poderá ser sustentável com a segunda geração híbrida da Fórmula 1 a ser decisiva para que os objetivos da FIA sejam alcançados.

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