F1: Verstappen e as cabeçadas

Na conferência de imprensa dos pilotos, relativa ao GP do Canadá, que decorreu ontem, Verstappen foi um dos pilotos escolhidos e foi sujeito a algumas perguntas que não o deixaram satisfeito. O tema dos acidentes e dos erros continua em voga e o holandês mostrou os primeiros sinais de que está farto de ser o principal tema de conversa.

Quando confrontado com a pergunta, “qual a razão para tantos acidentes?” Verstappen reagiu com desagrado  e disse que estava cansado desse tipo de perguntas e que daria uma cabeçada a quem o fizesse novamente. A ameaça foi em tom de brincadeira, mas com um ar muito sério, o que mostra bem a pressão a que o holandês está sujeito neste momento.

Verstappen desdramatizou a situação e afirmou que seria muito mais preocupante se estivesse lento.  Como tem sido um dos mais rápidos em todos os fins de semana, acredita que esta situação não é preocupante. E quanto à mudança de postura em pista a resposta foi simples: “Não vou mudar!”

Antes de mais, este é um verdadeiro teste ao carácter de Verstappen, e  o jovem de 20 anos está a mostrar que a bravura que mostra em pista é a mesma com que enfrenta os problemas fora dela. Seria muito mais fácil dizer que ia arriscar menos e até aplicar isso em pista, mas o piloto não abdica das características que o fizeram subir até a F1. 2018 tem sido um ano mau para Verstappen até agora, com demasiados erros, e todos  clamam para que segure o seu ímpeto em pista. Um versão mais cautelosa de Verstappen seria bom para ele e para a equipa, mas até que ponto seria bom para a F1. São várias as queixas que os pilotos da actualidade não têm o mesmo carisma dos de antigamente, e agora temos um jovem que mostra não ter receio do desafio e que pretende continuar onde se sente bem… no fio da navalha, doa a quem doer.

Ver os erros sucessivos de Max não tem sido um espectáculo que se aprecie com grande gosto, e por vezes alinhamos na tendência do “porque não muda ele de postura?”. Mas mudando a postura muda aquilo que o torna especial e a F1 não precisa disso. Talvez tivesse de passar por este teste nas categorias inferiores, mas agora já é tarde para isso e esta na F1 para ficar. Vai ter de resolver o problema sob o olhar atento de milhões. As primeiras rachas no seu “escudo” começam a ver-se mas Verstappen parece estar preparado para errar mais vezes se necessário para provar que a sua maneira é a melhor. Estratégia acertada? Talvez não. É a via mais difícil, sem dúvida, mas quando dobrar este cabo das tormentas, poderá olhar para trás e ver que mesmo na adversidade não perdeu o que o torna especial. E isso é de louvar.