F1: As batalhas internas (Parte I)

Quando faltam apenas sete corridas para o fim do ano, há tendências bem definidas que devem ser olhadas com algum pormenor de forma a entendermos o actual campeonato e a forma como ele se desenvolve.

A questão das lutas internas é sempre uma constante e por vezes influencia mais o futuro dos pilotos do que os resultados da classificação geral. Assim, vamos olhar para os confrontos dos colegas de equipa e ver quem leva vantagem para já.

Mercedes

Aqui a tendência é fácil de avaliar. Tal como no ano passado, Hamilton continua a ser muito mais forte do que Bottas. Ao nível do campeonato, pegou na liderança em Baku, esteve em luta acesa com Vettel até a Alemanha e a partir dai começou a cavar o fosso. Tem agora 30 pontos de vantagem sobre Vettel e tem uma almofada que pode dar muito jeito. Ao nível interno o domínio é inquestionável. Em 14 corridas, Hamilton foi melhor do que Bottas 11 vezes. As seis vitórias de Hamilton (piloto com mais vitórias até agora) estão muito acima das prestações de Bottas (6 pódios). Também ao nível das poles Hamilton leva a melhor com seis (melhor piloto em qualificação) contra apenas uma de Bottas. Curiosamente o registo de Bottas é inferior ao do ano passado (em que já tinha conquistado 2 vitórias), mas as suas prestações têm sido mais sólidas. Tem sido um excelente “team player” e tem ajudado a Mercedes e Hamilton na conquista dos objectivos. Mas espera-se mais do #77.

Ferrari

A questão dos erros de Sebastian Vettel continua a marcar esta época. O alemão começou a época de forma dominante mas desde Baku que a luta pelo título tem sido renhida. A desistência em Hockenheim é para já o ponto de viragem do campeonato e desde aí, passou a correr atrás de um prejuízo demasiado grande para a qualidade do carro (e do próprio piloto). A luta com Kimi Raikkonen também tem sido mais equilibrada graças a estes erros. Vettel leva uma vantagem de 8-6 para Raikkonen, que tem mais pódios que o seu colega germânico (9-8). As cinco vitórias do #5 fazem toda a diferença a nível pontual (226- 164) e as prestações em qualificação também têm sido melhores por parte do vice-líder do campeonato (5-1). Raikkonen parece estar de saída da Scuderia, com Leclerc apontado para o seu lugar mas a confirmar-se, sai na melhor época desde o seu regresso em 2014, embora abaixo de Vettel, apesar de ter sido prejudicado algumas vezes ao nível da estratégia e das desistências (3-1) todas elas sem culpa do Iceman.

Red Bull

A Bélgica foi um ponto de viragem na dinâmica interna da Red Bull. Curiosamente, depois do anúncio da saída de Daniel Ricciardo para a Renault, Max Verstappen assumiu a liderança deste “confronto interno”. Até a Áustria o australiano tinha uma vantagem considerável mas a partir dessa corrida Verstappen aproximou-se e passou para a frente do “marcador” em Spa.  Ricciardo tem a seu favor mais vitórias (2-1), mais poles (1-0), mas perde ao nível de presenças no pódio (5-2). As quatro corridas fora dos pontos nas últimas seis jornadas foram um golpe tremendo, sendo que das quarto desistências, nenhuma teve culpa directa do futuro piloto da Renault.  E das seis desistências de 2018, apenas uma pode ser vista como tendo influência directa de Ricciardo. Verstappen recuperou de uma série de erros e está agora muito melhor, mas continua a exagerar em certos pormenores que o prejudicam ao nível da pontuação final. Os 130 pontos contra os 118 de Ricciardo são para já um sinal positivo, mas em condições “normais” Ricciardo estaria ainda na frente desta luta.

Renault

A Renault atravessa uma fase menos positiva, com muitos pontos desperdiçados devido a prestações menos conseguidas. Nico Hulkenberg tem sido o piloto que mais contribuiu para a acumulação de pontos da equipa, mas atravessa uma fase menos boa com três corridas seguidas sem pontuar. Mas nem isso coloca a sua posição de melhor piloto da equipa uma vez que tem 52 pontos marcados contra apenas 34 de Sainz (que também atravessou uma fase semelhante entre as provas da França e da Alemanha). No entanto, temos aqui um equilíbrio pois ao nível de resultados finais o “score” está em 7-7.  O alemão tem oito corridas no top 10 enquanto o espanhol tem nove. A única diferença é que quando Hulkenberg pontuou, esteve invariavelmente mais acima do que o seu colega espanhol (excepto na França). Os pilotos já sabem os seus destinos para 2019 mas será interessante ver qual o resultado final desta luta entre dois excelentes pilotos.

Haas

Está a ser claramente a melhor época de sempre da Haas mas poderia estar a ser muito melhor, não fosse o começo de época desastroso de Grosjean. O francês esteve oito corridas sem pontuar e apenas na Áustria voltou aos lugares que se esperam dele. Quem aproveitou foi Kevin Magnussen que está a fazer a sua melhor época na F1, com 49 pontos marcados contra 27 de Grosjean. No confronto directo, o dinamarquês leva vantagem pois o marcador está em 9-5. Magnussen tem estado claramente melhor e graças a isso terá  o lugar praticamente garantido na equipa em 2019, enquanto Grosjean recupera o tempo perdido. Tem realizado boas exibições ultimamente o que poderá não ser o suficiente para se manter. No confronto directo com o seu colega, está claramente a perder.

(Continua)