WEC, Pascal Vasselon: “O carro será 10 seg. mais lento em Le Mans”

Por a 17 Janeiro 2021 14:00

Pascal Vasselon diretor técnico mostrou-se orgulhoso do novo carro da Toyota, o GR010. O responsável pela nova máquinas detalhou alguns pormenores na apresentação do carro.

Considerando-o uma mistura perfeita entre um carro de corrida e um carro de estrada radical, Vasselon explicou que este carro é também uma amostra do que a Toyota irá lançar no futuro, explicando também o que foi aproveitado do seu predecessor, o TS050, última máquina LMP1:

“Estou certo que os fãs vão adorar este novo conceito e que será um dos fatores de sucesso para esta nova era no endurance, pois poderão ver nas estradas versões dos carros que competem nas pistas. Tivemos de integrar elementos estéticos que serão vistos nos carros GR do futuro, tivemos reuniões com o departamento de estética para ter a certeza que estávamos a incluir esses elementos que serão visto nos carros. É mais fácil dizer o que passou do TS05 para o GR010 que foram apenas partes genéricas como sensores botões entre outros. Tudo o resto é diferente. O carro é maior e mais pesado. A maior diferença é a unidade motriz que é completamente diferente ao nível da arquitetura, controlos e a forma como é usada.

O GR010 HYBRID irá ser equipado com um motor híbrido de tração às quatro rodas, V6 bi-turbo de 3,5 litros, fornecendo 680cv às rodas traseiras, combinando com uma unidade elétrica de recuperação de energia de 272cv, desenvolvida pela AISIN AW e DENSO, no eixo dianteiro. A escolha do motor foi explicada usando matemática simples:

“Quanto as mudanças na escolha do motor o raciocínio é simples. As exigências de um motor LMP1 são muito diferentes. Em LMP1 tínhamos um objetivo à volta dos 500 cv. Com este motor o objetivo é 680cv o que significa um incremento de 30%. Partindo do nosso motor 2,4L se adicionarmos 30% ficamos com 3,2L e como os carros são mais pesados não havia necessidade de apostar num motor mais pequeno e por isso mais leve. Adicionamos 0,3L por questão de fiabilidade e assim ficamos om um motor 3,5L.

A forma como usamos a unidade motriz é muito diferente da forma que era usada em LMP1. Antes podíamos usar a energia elétrica como queríamos na saída de curva agora temos um limite de potência que temos de respeitar, por isso todos os carros terão de respeitar a mesma curva de potência. Isso implica que não teremos mais o “push to pass” (que permitia aos carros ter mais potencia para facilitar ultrapassagens), não teremos mais grandes diferenças ao nível das curvas de aceleração entre os vários carros. Esta era uma caraterística fundamental para que o BoP se torne eficaz pois para isso acontecer temos de ter todos os carros com o mesmo perfil de perfomance.

Os novos hipercarros não terão uma aerodinâmica levada ao extremo e a nova filosofia permite uma abordagem mais livre, segundo o engenheiro francês:

No que diz respeito à aerodinâmica houve uma mudança nos princípios dos regulamentos. O regulamento LMP1 era mais restritivo enquanto nos hipercarros o que está especificado é um objetivo de performance, dando liberdade para o atingir como entendermos, desde que estejamos numa janela de performance muito precisa. Esta liberdade permite integrar elementos visuais que são usados nos carros de estrada e por isso os carro terão um aspeto diferente e bem melhor.

A pandemia trouxe muitas coisas negativas, mas por outro lado ajudou a Toyota, pois o adiamento do começo da nova era dos hipercarros veio no momento certo:

“A história dos regulamentos foi um carrossel, com muitas mudanças, avanços e recuos. Os primeiros regulamentos foram publicados em dezembro de 2018 e desde então vimos muitas mudanças. Inicialmente estávamos a trabalhar para ter 800 cv e com a oportunidade que surgiu de convergir os LMDh e os hipercarros surgiu um acordo para baixar a potência para os 670 cv. Foi um carrossel mas não foi nada com que não conseguíssemos lidar. Em termos de calendário, podemos ver um dos poucos beneficio da pandemia. Tínhamos um calendário que era provavelmente um pouco irrealista, pois tínhamos planeado fazer o primeiro teste em julho e correr em setembro. Com a pandemia, a primeira corrida será em março deste ano o que se tornou para nós muito mais exequível e graças a isso podem chegar aqui já com dois testes feitos.”

Uma das mudanças para esta nova era é o uso de um Balance of Performance, que servirá para manter o equilíbrio na competição, uma medida que agrada a poucos, mas que é entendida:

“O BoP está feito para equivaler as performances” disse Vasselon. “Claro que os carros de tração integral tem diferentes caraterísticas e funcionalidades que os carros de tração a duas rodas apenas. O que estamos a tentar nos grupos de trabalho técnicos é equilibrar os benefícios dos híbridos de tração integral, compensado essas vantagens com um handicap como o peso por exemplo. O sistema híbrido em seco só pode ser usado a partir dos 120 km/h mas o valor com pneus de chuva ainda não está estabelecido estando compreendido numa janela entre os 140 e 160 km/h. Nos grupos de trabalho estamos a partilhar dados que temos recolhido onde tentamos equilibrar os benefícios dos dois conceitos, mas não há uma conclusão definitiva.”

Os carros na nova era serão mais lentos, um declínio necessário para tornar a fórmula mais barata. A perda de tempo foi explicada pelo diretor técnico da Toyota:

“As perdas nos tempos por volta estarão a volta dos 10 seg. em Le Mans e 5 seg em circuitos convencionais. Essa perda acontece um pouco em toda a volta. Uma das premissas deste novo regulamento é o abaixamento de custos o que vem com uma diminuição da performance. Assim nas curvas somos mais lentos porque somos mais pesados e a eficiência aerodinâmica é reduzida em comparação com o que tínhamos com os LMP1. Perdemos em aceleração por causa do peso também e porque a potencia combinada do sistema hibrido e de combustão é menor Já não temos a suspensão interligada entre a frente e a traseira que permitia um controlo da altura ao solo da frente do carro em aceleração e travagem. Sem esse controlo e isso implica uma perda na forma como usamos os nossos mapas aerodinâmicos, mas será o mesmo desafio para todos por isso é apenas um novo desafio ao nível da afinação do carro .

O carro novo não vem de uma folha em branco e os engenheiros da Toyota aproveitaram muito do conhecimento adquirido na era LMP1 para esta nova máquina:

“Apesar de ser um regulamento diferente pudemos usar o nosso conhecimento em todas as áreas do carro. Temos usado os mesmo processos, apenas ajustamos os nosso objetivos. Em todas as áreas o carro reflete a nossa experiência em corridas com carros híbridos. O carro poderá ser menos complexo em certas áreas mas torna-se mais complexo noutras, porque tivemos de refazer todos os sistemas para estar dentro dos novos regulamentos. Teremos de ver a evolução do carro de forma diferente em relação ao que fazíamos antes. É verdade que até agora estivemos sempre em busca da performance máxima, agora com o BoP teremos de ver as coisas de forma diferente, mas estamos a avaliar o que isso implica e estamos a rever os nossos processos “,disse Vasselon.

O teste em Aragão ficou comprometido por causa da neve que impediu a Toyota de seguir o seu plano, mas o GR010, já tem alguma quilometragem em cima:

“O carro até ao momento não fez os quilómetros que queríamos mas temos neste momento fizemos mais de 6000Km.”

Caro leitor, esta é uma mensagem importante.
Já não é mais possível o Autosport continuar a disponibilizar todos os seus artigos gratuitamente.
Para que os leitores possam contribuir para a existência e evolução da qualidade do seu site preferido, criámos o Clube Autosport com inúmeras vantagens e descontos que permitirá a cada membro aceder a todos os artigos do site Autosport e ainda recuperar (varias vezes) o custo de ser membro.
Os membros do Clube Autosport receberão um cartão de membro com validade de 1 ano, que apresentarão junto das empresas parceiras como identificação.
Lista de Vantagens:
-Acesso a todos os conteúdos no site Autosport sem ter que ver a publicidade
-Oferta de um carro telecomandado da Shell Motorsport Collection (promoção de lançamento)
-Desconto nos combustíveis Shell
-Acesso a seguros especialmente desenvolvidos pela Vitorinos seguros a preços imbatíveis
-Descontos em oficinas, lojas e serviços auto
-Acesso exclusivo a eventos especialmente organizados para membros
Saiba mais AQUI
Subscribe
Notify of
2 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
Não me chateies
Não me chateies
3 anos atrás

Prefiro os LMP2. Não são tão pesados nem tão caros e andam o mesmo. Por causa destes vão destruir o que funcionava bem.

JP INAU
JP INAU
Reply to  Não me chateies
3 anos atrás

Os P2 são carros pouco evoluídos e todos iguais. Bora aí voltar ao troféu Datsun 1200GX, Troféu Mini ou Troféu Toyota Starlet 1ª edição. São carros baratos e andam todos o mesmo. Ah! e todos iguais. Se Há vários (5 a 7) construtores já a investirem na categoria, porque não aproveitarmos. Se eles estão interessados vamos apoiar essas máquinas de topo na tecnologia, e potencialmente super velozes para dar grande espectáculo, e quem sabe se será possível até venderem carros a equipas privadas, eu acho que sim, porque segundo creio, vão existir 125 unidades de estrada para suavisarem os custos… Ler mais »

últimas VELOCIDADE
últimas Autosport
velocidade
últimas Automais
velocidade
Ativar notificações? Sim Não, obrigado