24h Le Mans: Peugeot tenta o milagre

Por a 10 Junho 2025 11:29

Se há disciplina onde a Peugeot tem tradição e um currículo invejável, é na resistência, e muito os portugueses vibraram com Pedro Lamy a representar as cores da marca francesa. Infelizmente, a marca do Leão tem poucos argumentos para voltar a sorrir em Le Mans em 2025, fruto de um projeto inovador, mas com um nascimento e crescimento difícil, que parece condenado às páginas das ideias que não resultaram. Mas Le Mans escolhe os seus vencedores e, quem sabe, se a Peugeot acaba por não ser a improvável escolhida.

Os primeiros passos nos primórdios de Le Mans

A história da Peugeot nas 24 Horas de Le Mans começou em 1937, graças a Emile Darl’mat, um concessionário Peugeot que personalizou modelos acessíveis como o 201, 301 e 601 antes de produzir o 402 Spéciale Sport. Em 1937, três Peugeot 402 competiram e todos terminaram entre os 10 primeiros, com o melhor resultado sendo o sétimo lugar. No ano seguinte, apesar de algumas desistências, um carro melhorou para o quinto lugar. Este período marcou um ressurgimento dos fabricantes franceses em Le Mans, ao lado da Bugatti e da Delahaye, antes que a Segunda Guerra Mundial interrompesse as atividades de corrida. Note-se que em 1926, dois Peugeot iniciaram a prova, mas ambos desistiram.

O arranque com o 905

Mas foi em 1988 que a história da Peugeot em Le Mans ganha mais força, quando a marca apostou pela primeira vez na construção de um Sportscar, com o projeto 905, pensado para participar no Campeonato do Mundo, na época em que os Grupo C faziam as delícias dos fãs. Em novembro desse ano, a Peugeot Talbot Sport, com um ‘tal’ de Jean Todt ao leme, anunciou o lançamento do projeto 905 para competir na época de 1991, utilizando as novas regras que seriam então introduzidas. A máquina equipada com o estridente motor 3.5L V10 de mais de 640 cv correu de 1991 a 1993 com evoluções de ano para ano e venceu Le Mans por duas vezes: em 1992 com Derek Warwick, Yannick Dalmas e Mark Blundell e em 1993 com Éric Hélary, Christophe Bouchut e Geoff Brabham no degrau mais alto de um pódio 100% Peugeot. Também ganharam o Campeonato do mundo de 1992, graças a Warwick, Dalmas, Philippe Alliot e Mauro Baldi.

908 HDi FAP, uma nova era

A mudança para a F1 implicou o fim da participação nos campeonatos de Sportscar, mas o apelo das corridas de longa duração falou mais alto e em 2007 a Peugeot voltou à categoria, com o 908 HDi FAP, com motor 5.5L V12 biturbo, a primeira máquina LMP a ter um cockpit completamente fechado. Em 2009 o carro foi atualizado com um sistema híbrido de 80 cv, com baterias carregadas por travagem regenerativa. A Peugeot tornou-se referência batendo o pé à Audi. Em 30 corridas, o 908 venceu 20 e conquistou 23 poles, ao que se somam três títulos por equipas (2007 Le Mans Series, 2010 Le Mans Series, 2010 Intercontinental Le Mans Cup), três títulos de construtores (Le Mans Series 2007, 2010 Le Mans Series, 2010 Intercontinental Le Mans Cup) e dois títulos por pilotos 2 (Le Mans Series 2007, 2010 Le Mans Series).

Dos muitos pilotos de renome que passaram pelo projeto destaca-se Pedro Lamy. Em 2007, Lamy tornou-se piloto de fábrica da Peugeot na Le Mans Series, que venceu na primeira temporada. Foi também segundo classificado em Le Mans nesse ano e em 2011, data que marcou o fim do projeto francês no endurance.

9X8, sem asa e sem argumentos

A Peugeot apresentou ao mundo o revolucionário 9X8 a 6 de julho de 2021, marcando o seu regresso às 24 Horas de Le Mans com um conceito arrojado e inovador. O grande destaque foi a ausência de asa traseira, possível graças aos regulamentos técnicos do Hypercar e ao uso inteligente do fundo do carro para gerar apoio aerodinâmico. Inicialmente considerado apenas um exercício de estilo, o 9X8 manteve as suas linhas originais até à versão final, provando que a marca francesa queria realmente romper com os padrões tradicionais da competição.

Apesar de não ter estado presente na edição de 2022 em Le Mans, devido ao atraso no desenvolvimento e mudanças no calendário do WEC, o carro estreou-se oficialmente em competição nas 6 Horas de Monza de 2022.

O design do 9X8 aliava performance e identidade visual, refletindo o ADN da marca e desafiando o paradigma dos protótipos tradicionais. No entanto, a falta de fiabilidade e a performance abaixo da concorrência levou a Peugeot a tentar de várias formas otimizar o conceito. Após várias tentativas com pouco sucesso, os engenheiros tiveram de se render.

Após milhares de quilómetros de testes, a Peugeot revelou a versão 2024 do 9X8, que fez a sua estreia competitiva nas 6 Horas de Imola, a 21 de abril, na segunda ronda do Campeonato do Mundo de Resistência (WEC). Esta nova iteração marcava uma viragem significativa no conceito original, com a introdução de uma asa traseira — elemento ausente na versão anterior e um dos traços mais distintivos do projeto inicial.

A decisão de incluir a asa surgiu em resposta às alterações regulamentares que permitem uma configuração de pneus mais eficaz, com largura diferenciada entre os eixos: 29 cm à frente e 34 cm atrás. Para maximizar esta vantagem, a Peugeot redesenhou a aerodinâmica do 9X8, mantendo cerca de 90% da carroçaria inalterada, mas ajustando o fluxo aerodinâmico para integrar a nova asa e melhorar o equilíbrio e desempenho geral do carro.

Com este passo, a Peugeot assumiu uma abordagem mais convencional. A esperança era que o 9X8 finalmente se aproximasse dos lugares de topo, mas essa aproximação não aconteceu ao ritmo desejado. A máquina francesa conseguiu alguns apontamentos interessantes, mas nunca se revelou como um carro verdadeiramente capaz de lutar por vitórias de forma regular.

No centro do carro, um motor V6 biturbo de 2,6 litros montado em posição central-traseira (com até 670 cv, regulado pelo BoP) e um motor elétrico de 270 cv no eixo dianteiro, ativa acima dos 190 km/h. A transmissão é sequencial de sete velocidades, associada a uma bateria de alta voltagem que gere a recuperação e entrega de energia.

Para esta edição das 24h de Le Mans, as expetativas são baixas. Os problemas de fiabilidade são já história do passado, sendo esse até um dos pontos mais bem trabalhados do carro. Mas falta performance e tanto os pilotos como a equipa sabem que apenas uma prova perfeita poderá abrir-lhes a porta do sucesso.

A Peugeot TotalEnergies alinha no Campeonato do Mundo de Resistência (WEC) de 2024 com dois Peugeot 9X8 renovados. O carro #93 é pilotado por Paul Di Resta, Mikkel Jensen e Jean-Éric Vergne, um trio experiente e já bem entrosado no projeto. Já o #94 conta com Loïc Duval, Malthe Jakobsen e Stoffel Vandoorne.

Foto abertura – Philippe Nanchino /MPSA; Restantes – Oficiais

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