24 Horas Le Mans: Portugueses com aspirações

Por a 16 Setembro 2020 08:50

Realiza-se no próximo fim de semana a edição deste ano das 24 Horas de Le Mans, evento que conta com dois portugueses em pista, naquela que se espera ser uma interessante batalha nos LMP2. Filipe Albuquerque e António Félix da Costa vão estar na luta na categoria, que conta ainda com a equipa portuguesa Algarve Pro Racing, que inscreve dois Oreca.

Filipe Albuquerque Rumo ao título

A primeira vez que Filipe Albuquerque correu em Le Mans foi em 2014, então pela Audi, numa altura que as portas do WEC se começavam a abrir para o piloto português. Deu nas vistas no começo da semana, mas não chegou a poder confirmar as excelentes indicações que deu pois a corrida acabou apenas 25 voltas após a bandeirada que dita o começo da prova, com um erro do seu colega de equipa. Não teve tempo para se mostrar em corrida, mas ficou a promessa de que havia talento e qualidade para vencer a prova, tanto que recebeu o prémio de rookie do ano. Em 2015 já conseguiu confirmar o potencial mostrado  e foi dos mais rápidos em pista, mas Le Mans não lhe sorriu nesse ano, acabando em sétimo, a última vez que visitaria La Sarthe com as cores da Audi. Voltou mais quatro vezes, sendo que numa delas (2017) conquistou o quinto posto à geral com um LMP2, numa corrida com um final espantoso e inesperado. 2018 trouxe a segunda desistência e 2019 trouxe mais um quarto lugar na sua classe tal como em 2017. O que falta a Albuquerque? No mínimo um pódio em Le Mans. Até agora a sorte não tem sorrido ao piloto de Coimbra mas as coisas parecem finalmente estar a mudar.

No ano passado a United Autosports decidiu livrar-se dos pouco competitivos Ligier e passar a usar a referência da classe, os chassis Oreca. As primeiras corridas com a nova máquina foram pautadas por alguns azares mas esta época tem corrido de feição ao #22, estando na luta pelo título quer no ELMS, quer no WEC. No WEC, competição para a qual irá pontuar em Le Mans, segue líder do campeonato LMP2, com 120 pontos, mais 22 que o #37 da Jackie Chan DC Racing. O ano não começou da melhor forma em Silvestone (desistência) mas  desde então somam-se dois terceiros lugares e três vitórias. Faltam apenas duas provas para o fim da época e Le Mans pode definir o título, mas mais que isso, pode dar o merecido prémio ao piloto luso, que é considerado um dos melhores da disciplina.

Albuquerque considera que 2015 é a melhor recordação até agora, mas quer uma ainda melhor, nesta que é a sua sétima participação consecutiva: “Tenho algumas boas memórias de Le Mans mas a melhor é a minha primeira passagem pela corrida em 2015. O carro estava perfeito. Eu estava em  P2 na geral e estava a aproximar-me do líder a cerca de dois segundos por volta. Eu estava a voar  e ao mesmo tempo a divertir-me imenso. Naquela época eu estava a bater o recorde de volta da corrida que foi feito sem chicanes e, além disso, era o meu aniversário. Mas devo dizer que ainda estou em busca da única grande memória, que é vencer Le Mans e estar naquele pódio. ”

Esperamos que seja desta que veremos Albuquerque no pódio em Le Mans.

António Félix da Costa Em busca de mais um troféu

2020 é um ano em cheio para António Félix da Costa. O piloto de Cascais conseguiu o tão desejado título que lhe escapava há tanto tempo e logo na Fórmula E, uma categoria tão disputada. Foi o culminar de muitos anos de esforço e trabalho incansável, receita incontornável mesmo para quem, como ele, tem muito talento. O início da sua época desportiva ficou também marcado pelo regresso aos protótipos, depois de uma primeira experiência em Daytona. Com o fim do projeto BMW no endurance, Félix da Costa encontrou um lugar na JOTA para continuar nas provas de longa duração, pelas quais tem um gosto cada vez maior. O piloto vai para a sua terceira participação na prova, sendo que na primeira não conseguiu terminar e na segunda teve de se contentar com um décimo lugar à geral (ambas com a BMW). Este ano tem legitimas aspirações a um pódio à classe, pois o carro que conduz é competitivo, a equipa é muito experiente e está inserido numa tripulação com muita qualidade. O português já conta com três presenças no pódio este ano, uma delas (em Shangai) no lugar mais alto. A diferença pontual para o seu compatriota é já considerável, mas recuperável. Mas obviamente que as contas do título ser farão depois pois a grande vontade de todos é destacarem-se em Le Mans e Félix da Costa quer aproveitar o impulso positivo deste ano e juntar mais um troféu aos muitos que colecionou em 2020.

A história de Félix da Costa em Le Mans parecia improvável há alguns anos mas agora ganha cada vez mais força. “Criado” nos monolugares, Félix da Costa tinha apenas a F1 em mente e quando as portas do Grande Circo se fecharam, teve de alargar os seus horizontes. A BMW propôs-lhe um lugar no programa de endurance e então aí, o bichinho das corridas de longa duração mordeu. “Antes de entrar na BMW nem queria ouvir falar de GT, muito menos de corridas de 24h. De repente, com a entrada na BMW, tendo eles uma presença forte nas competições de longa duração, comecei a interessar-me, experimentei e adorei. Decidi sair do DTM para ir para o WEC, e na altura foi complicado porque não tínhamos a estrutura ideal e o carro também não estava no nível desejado. Agora nos LMP2, que é quase uma competição monomarca, a qualidade dos pilotos evidencia-se muito mais e estou a adorar. Os resultados tem sido bons e agora adoro corridas de resistência. As 24h de LeMans, as 24h de Daytona e as 24h de Nuburgring são três eventos que aconselho a qualquer fã de corridas. Espero  vencer em Le Mans pois é algo que quero muito colocar no meu palmarés.”

Félix da Costa está em grande e tem tudo para poder saborear o champanhe no final das 24h.

Carlos Tavares dará a partida de Le Mans e… do futuro da Peugeot

É mais um português em destaque na prova francesa. Carlos Tavares, CEO do grupo PSA será encarregue de agitar a bandeira francesa no arranque oficial das 24h de Le Mans, uma honra a que poucos têm direito. Este também pode ser um sinal do compromisso da Peugeot com o WEC, pois espera-se que a marca francesa apresente os seus planos para o hypercar que deverá ir para a pista em 2022. Entre as notícias que provavelmente surgirão nas 24 Horas de Le Mans  estão não só os regulamentos finais para os Hypercar  Le Mans e LMDH  mas também informações adicionais sobre o regresso  da Peugeot ao endurance.

Inicialmente as baterias estavam apontadas para a criação de um hypercar, mas o surgimento da regulamentação LMDh fez a marca francesa esperar um pouco e ponderar as suas opções. A aposta nos Hypercars, fórmula mais cara que os LMDh, poderá estar ligada ao regresso da TOTAL como parceira. A decisão da Peugeot de optar por uma plataforma LMH em vez de LMDH poderá estar ligada ao desejo da TOTAL mostrar a sua tecnologia de baterias, parte do foco da empresa para o futuro. Assim a bandeirada que o português irá dar poderá simbolizar também o regresso da marca a um palco que conhece bem e onde já foi protagonista principal.

Subscribe
Notify of
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
últimas Autosport Exclusivo
últimas Autosport
autosport-exclusivo
últimas Automais
autosport-exclusivo
Ativar notificações? Sim Não, obrigado