IMSA: Os novos carros

Por a 22 Janeiro 2023 17:59

As grandes estrelas desta nova era são os protótipos que se estrearam oficialmente no Roar e que terão o grande desafio das 24h de Daytona pela frente. Um teste de fogo para os novos carros, numa corrida em que a fiabilidade poderá ser crucial para um bom resultado.

São quatro as marcas que estão presentes no começo deste novo capítulo do endurance nos EUA. Acura, BMW, Cadillac e Porsche colocarão em pista os novos carros LMDh, esperando pela chegada da Alpine e da Lamborghini que já confirmaram os seus projetos. Os Le Mans Daytona h, como o nome indica, foram pensados para correr em Le Mans e Daytona. No IMSA, correrão na categoria denominada GTP, que na primeira prova do ano terá 9 carros LMDh em prova. É tempo de conhecer as novas máquinas.

Acura ARX-06

A Acura não foi das primeiras marcas a aderir à moda dos DPi, mas quando aderiu fê-lo com grande sucesso. Apostou no chassis vencedor nos LMP2, fornecido pela Oreca (que passou a dominar nessa categoria), desenvolveu-o com os franceses e adicionou-lhe um motor turbo nipónico. A primeira época foi em 2018 (um ano após a introdução dos DPi) e logo nesse ano venceram uma corrida. Seguiram-se três títulos e duas vitórias em Daytona. O ARX-05 foi, a par do Cadillac, o DPi mais bem-sucedido. É esta a pesada herança do ARX-06. E, como em equipa que ganha não se mexe, a filosofia adotada foi semelhante. A Oreca voltou a ser a parceira escolhida para desenvolver o chassis. O motor sofreu uma redução de tamanho, passando de um V6, 3.5L, twin-turbo, para um V6, 2.4L, twin-turbo, com um sistema híbrido standard constituído por baterias (fornecidas pela Williams Advanced Engineering) e um motor gerador instalado no eixo dianteiro (fornecido pela Bosch), igual para todos os protótipos.

Serão duas as equipas a operar o protótipo da Acura: a Wayne Taylor Racing with Andretti Autosport (com o #10)e a Meyer Shank Racing with Curb-Agajanian (com o #60), tal como acontecia nos DPi. A Acura quis repetir a fórmula do sucesso e não se desviou muito do que fez na geração anteriore.

Wayne Taylor Racing with Andretti Autosport

A Wayne Taylor Racing (WTR) começou a era DPi com um Cadillac, mas já perto do percurso, (2021) trocou para a Acura. Mas não foi essa troca que afastou a equipa dos triunfos, tendo vencido três vezes seguidas as 24h de Daytona (2019,2020 e 2021). A WTR teve de aumentar a sua estrutura, juntando-se à Andretti Autosport para estar preparada para o desafio dos híbridos. Alguns rumores apontam que esta parceria poderá aproximar a equipa de Le Mans, mas para já nada está definido oficialmente. A dupla de pilotos a tempo inteiro para esta época é a mesma que compete desde 2021, com o português Filipe Albuquerque e o Ricky Taylor. Louis Délétraz vai acompanhar a dupla nas provas de longa duração e Brendon Hartley será o quarto piloto em Daytona.

Meyer Shank Racing with Curb-Agajanian

Os campeões em título vão tentar manter a coroa, sendo tarefa complicada dada a competitividade deste campeonato. A Meyer Shank Racing entrou na “festa” dos DPi a full time relativamente tarde (2021) mas não foi isso que impediu a equipa de festejar o título em 2022. A estrutura começou mais ligada aos GT, sendo que Álvaro Parente fez uma época inteira com a equipa, acompanhado de Katherine Legge com o Acura NSX GT3. Mas a equipa quis mais e apostou nos DPi, com sucesso. A dupla para a época a tempo inteiro mudou, com o britânico Tom Blomqvist a manter-se e Oliver Jarvis a sair, dando lugar ao americano Colin Braun. Hélio Castroneves e Simon Pagenaud irão ajudar nas 24h de Daytona.

BMW M Hybrid V8

A BMW está de regresso às corridas de endurance com Protótipos e foi uma das marcas que ficou convencida com o conceito LMDh. A marca bávara apostou no IMSA e o projeto BMW M Hybrid V8 foi iniciado primeiramente para competir apenas nos EUA. Já perto do fim do desenvolvimento, os germânicos refletiram melhor na aposta e irão competir em 2024 no WEC, sendo que este ano a equipa vai focar-se apenas no campeonato americano de resistência. Mas a BMW exemplifica a beleza desta regulamentação conjunta com o IMSA e o ACO. Uma marca pode fazer um carro pensado inicialmente apenas para uma competição, mas pode optar por fazer as duas competições mais importantes de endurance, com o mesmo investimento.

O coração da nova máquina é um V8, 4.0L Twin-Turbo híbrido, derivado do motor usado no DTM. O chassis foi desenvolvido em colaboração com a Dallara.

BMW M Team RLL

Serão dois protótipos em pista em 2023, operados pela BMW M Team RLL. No #25 teremos Philipp Eng e Augusto Farfus a tempo inteiro, com a estrela da Indycar Series, Colton Herta, a ajudar nas corridas de longa duração. Marco Wittmann será o quarto piloto em Daytona. No #24 teremos Connor De Phillippi e Nick Yelloly, com a ajuda de Herta e Sheldon van der Linde para as 24h de Daytona. A RLL é uma equipa experiente que compete na Indy e no IMSA. Até este ano, usava apenas maquinaria GT3 no IMSA, mas com a entrada da BMW em força nos protótipos foi a parceira escolhida para esta nova aventura.

Cadillac V-LMDh

Tal como a Acura, a Cadillac optou por manter a fórmula do sucesso, com o Cadillac DPi-V.R a conquistar três títulos e quatro vitórias consecutivas em Daytona. O início da era DPi foi dominado pela Cadillac e apenas a Acura conseguiu bater o pé às máquinas americanas. Agora, os americanos apostam no V-LMDh para se manter no rumo das vitórias. O DPi começou por ser um V8 de 6.2L naturalmente aspirado, com uma segunda versão da motorização a ser implementada já a meio da regulamentação, com o motor a diminuir de tamanho para uns mais “modestos” 5.5L mantendo a configuração dos oito cilindros em V, sempre naturalmente aspirados, com o chassis a ser desenvolvido pela Dallara. Para a era LMDh, a filosofia mantém-se, com o V-LMDh a ser equipado com um motor com a mesma configuração e cilindrada, desta vez acoplado a um sistema híbrido. O chassis também foi desenvolvido pela Dallara. Serão duas equipas a operar os carros da marca americana: a Cadillac Racing e a Whelen Engineering Racing.

Cadillac Racing

A Chip Ganassi Racing dispensa apresentações e é uma das estruturas mais fortes do desporto motorizado norte-americano. Com presenças e sucessos nos principais campeonatos dos EUA, a Chip Ganassi Racing apostou nos DPi já na reta final da regulamentação, entrando como Cadillac Racing em 2021, passando a operar dois carros desde então. Em 2023 o plano será ligeiramente alterado com a Cadillac Racing a correr com um carro no IMSA (#01) e outro no WEC (#02). Os dois carros tentarão a vitória em Daytona, mas para o carro #2 trata-se mais de um teste de modo a preparar a equipa para as exigências do campeonato do mundo. No carro #1 que fará a época do IMSA, teremos Sébastien Bourdais e Renger van der Zande como pilotos a tempo inteiro, com Scott Dixon a juntar-se à dupla para Daytona. No #2 teremos Earl Bamber, Alex Lynn e Richard Westbrook, a tripla que depois irá competir no WEC.

Whelen Engineering Racing

A Action Express, equipa que durante muito tempo foi casa de João Barbosa e mais recentemente Filipe Albuquerque, está também à partida para esta nova era, como seria de esperar. Uma das estruturas mais respeitadas e que festejou o título em 2021, tendo usado sempre máquinas Cadillac ao longo da regulamentação DPi. De 2014 a 2016 a AXR venceu três campeonatos consecutivos. A lista de sucesso no campeonato e nas provas míticas (Daytona, Sebring e Road Atlanta) é extensa. Em 2015 a AXR assumiu a Whelen Engineering Racing, que agora se mantém depois da saída da Mustang Sampling (que os portugueses se habituaram a ver associado a Barbosa e Albuquerque). Nas épocas recentes o #31 era pilotado por uma dupla brasileira, Pipo Derani e Felipe Nasr, uma das duplas mais fortes do campeonato. Com a saída de Nasr para a Porsche, no ano passado, Tristan Nuñez foi o substituto, mas a parceria com Derani não resultou pelo que deu lugar a Olivier Pla. Mas para este ano é um alinhamento reformulado. Derani continua a ser a estrela da equipa, mas é agora acompanhado de Alexander Sims e para as provas de longa duração, Jack Aitken.

Porsche 963

A Porsche é uma das marcas mais aclamadas e o seu historial no automobilismo, especialmente no endurance, é tremendo. Não admira, portanto, que o regresso da marca de Weissach esteja a animar os fãs da competição automóvel. Depois do sucesso tremendo no WEC, com o Porsche 919 Hybrid a revelar-se numa máquina dominadora, a Porsche começa agora uma nova era. O 963 é na sua essência, uma máquina menos exigente, complexa e refinada que o 919 Hybrid, mas com os seus desafios. A Porsche foi a primeira marca a testar com um LMDh e sofreu com nos primeiros tempos com problemas nas baterias e dos motores do sistema híbrido. A Porsche fez o trabalho de sapa, para eliminar todos os problemas, pelo que muito do sucesso nas primeiras corridas desta nova era se deverá ao trabalho da marca germânica.

O chassis do 963 foi desenvolvido pela Multimatic, sendo equipado com um motor V8, 4.6L twin – turbo, com sistema híbrido. Pensado para competir no IMSA e no WEC, o 963 irá representar a Porsche mas também será a máquina de algumas equipas privadas. A JDC-Miller MotorSports e a Proton Competition aguardam a entrega dos seus protótipos que, face a atrasos no programa, apenas poderão ser entregues a meio da época. Para já, apenas a Penske Motorsport recebeu os carros.

Porsche Penske Motorsport

Não é a primeira vez que a Penske se junta à Porsche e basta relembrar o RS Spyder, um LMP2 feito pela Penske em colaboração com a Porsche que se tornou numa máquina de colecionar sucessos, com títulos em 2007,2008 e 2009 no já extinto ALMS, que serviria de base para o IMSA. O domínio do RS Spyder era tal que levava a melhor sobre os LMP1 da Audi e da Lola.

Assim, a parceria Porsche / Penske já provou que pode ser bem sucedida. Para este ano, a equipa irá colocar em pista dois carros, o #6 que terá ao volante Nick Tandy e Mathieu Jaminet com a ajuda de Dane Cameron nas 24h de Daytona, enquanto que o carro #7 estará ao cargo de Matt Campbell e Felipe Nasr com o experiente Michael Christensen a juntar-se à dupla em Daytona.

Novidades também nos GT

Desde 2022 que a estrutura do campeonato IMSA foi alterada, com os GTLM (GTE) a saírem de cena. Agora na grelha dos GT apenas encontramos maquinaria GT3. E se a maioria da grelha apresenta carros com versões já conhecidas há três máquinas novas para a esta temporada.

A grande novidade é o Ferrari 296 GT3 a nova máquina de competição da Scuderia, com um motor V6, 3.0 turbo, que debita 600 CV. A nova máquina fará a estreia oficial em Daytona, sucedendo ao 488 que tão boa conta deu de si.

A Porsche apresenta um carro novo para a frente da grelha, mas não se esqueceu dos GT e apresentou o novo Porsche 911 GT3 R (992), um seis cilindros boxer, com 4.2L de capacidade, debitando 565 cv.

Mas o Ferrari não será o único carro italiano novo em pista para Daytona, com a Lamborghini a colocar a prova o seu novo Huracán GT3 EVO2, com o habitual V10, com 5.2L de capacidade.

As restantes máquinas presentes em pista serão o Chevrolet Corvette C8.R GTD, Lexus RC F GT3, Aston Martin Vantage AMR GT3, Mercedes-AMG GT3 Evo, BMW M4 GT3 e o Acura NSX GT3 Evo22.

Subscribe
Notify of
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
últimas IMSA
últimas Autosport
imsa
últimas Automais
imsa
Ativar notificações? Sim Não, obrigado