IMSA: A maldição de Petit Le Mans atacou novamente

Por a 2 Outubro 2022 07:30

Ainda não foi desta! A maldição de Petit Le Mans voltou a atacar Filipe Albuquerque, que viu o título ali tão perto. Mas a mítica pista americana insiste em complicar a vida ao piloto português, que nem conseguiu terminar no pódio desta feita, depois de uma corrida de altos e baixos, mas em que o #10 da Wayne Taylor Racing lutou sempre.

Não estava escrito que seria em 2022 que Filipe Albuquerque iria ser campeão nos Estados Unidos. Um dos melhores pilotos do mundo de endurance, que procura o título americano há algum tempo, ainda não conseguiu esse feito. Não tem faltado esforço e dedicação (o talento esse há para dar e vender), mas por vezes os deuses das corridas são cruéis. Filipe Albuquerque e Ricky Taylor fizeram uma excelente época a todos os níveis. O Acura ARX 05 revelou-se a melhor máquina do ano, destronando os Cadillac, que só não dominaram a era DPi por completo por terem a concorrência dos carros nipónicos. A luta entre Acura e Cadillac foi perdendo força ao longo do ano, com o Acura #10 e o Acura #60 a ganharem ascendente sobre o resto da concorrência. Foi uma luta taco a taco, tendencialmente mais favorável ao #10, mas as contas, como habitualmente, seriam resolvidas na última corrida do ano, em Petit Le Mans. Uma pista espetacular, cheia de história, mas que também já tinha dado alguns dissabores a Albuquerque, que nunca conseguiu aí vencer. Nem queremos lembrar aquela vez em que ficou sem combustível perto do final… a lista já é grande e, infelizmente, teremos de adicionar a corrida de 2022 nessa lista.

O objetivo de Albuquerque e do #10, para esta prova com a ajuda de Brendon Hartley, era simples: ficar à frente do Acura #60 (O. Jarvis / T. Blomqvist /H. Castroneves). Isso chegava para garantir o título. As contas eram relativamente simples de fazer, mas a teoria parece sempre um pouco mais simples.

A corrida não começou da melhor forma para o #10, com Ricky Taylor (que tinha feito a qualificação e conquistado o terceiro lugar) a fazer o arranque. Mas um pião no final da sessão de qualificação deixou um pneu “quadrado” e a vibração obrigou a equipa a fazer a troca logo na primeira volta o que colocou o #10 na cauda do pelotão DPi. O #60 largava da pole, mas pouco depois o Cadillac #02 (E. Bamber / A. Lynn / R. Hunter-Reay) assumiu a liderança da corrida, com o #31 (O. Pla / P. Derani / M. Conway), que fez um stint mais curto, também a imiscuir-se na luta pelo primeiro lugar, o que despromoveu o #60 a terceiro. O preocupante era que o Taylor não estava com um andamento forte e por pouco não ficava com uma volta de atraso, tendo de se defender de Earl Bamber no #02. O primeiro momento de Full Course Caution tirou pressão do colega de Albuquerque e com o pelotão reagrupado, a ameaça de ficar com uma volta de atraso dissipou-se.

Mas sucessivos FCC foram mudando a face da corrida e se no começo, os “Caddy” pareciam mais fortes, paragens bem orquestradas foram dando vantagem aos Acura que trataram de se colocar no topo da tabela (uma dessas paragens motivadas pelo violento acidente do #5 – T. Vautier / R. Westbrook / L. Duval- que ficou fora de prova, depois de ter mostrado bom andamento). A meio da corrida, o #10 liderava, com o #60 sem argumentos para igualar o andamento do carro preto e azul. Aí, todos sonhamos que a maldição poderia ser terminada.

Mas com mais FCC, os Cadillac voltaram às luzes da ribalta e o #02 e o #01 ( R. van der Zande / S. Bourdais /S. Dixon) regressaram ao topo da tabela. Nada de preocupante para as cores portuguesas. Os Cadillac pareciam mais fortes agora, mas o #10 mantinha-se em terceiro, à frente do #60. O título ainda era “nosso” nessa fase.

Mas já na última hora de corrida o impensável aconteceu. Os Cadillac não evitaram um toque e os dois acabaram nas caixas de gravilha, com danos significativos, que os colocavam fora do pódio. A via estava aberta para os Acura novamente. Na luta das boxes, a MSR levou a melhor sobre a WTR e Tom Blomqvist passou para a frente da corrida nas boxes, com Filipe Albuquerque logo atrás. As contas ainda estavam em aberto e uma paragem tardia, com a corrida sob bandeiras amarelas, dava a Albuquerque vantagem no combustível, enquanto Blomquvist tinha de gerir.

Os últimos 15 minutos foram de cortar a respiração e Albuquerque, que podia andar a fundo, estava cada vez mais próximo de Blomqvist, mas um toque no Mercedes #57, aparentemente sem relevância, danificou a suspensão do Acura #10. Já vimos Albuquerque arriscar em dobragens mais incisivas, mas a maldição de Petit Le Mans atacou ali, nos últimos minutos. Com a suspensão a ceder, o título escapou mais uma vez. O #60 venceu a corrida, seguido do #31 e do #48 completou o pódio. Tom Blomqvist e Oliver Jarvis sagraram-se campeões e a Meyer Shank Racing festejou o título por equipas. Seguiram-se os Cadillac #01 e #02, que regressaram à pista após reparações e por fim o #10 que não viu a bandeira de xadrez. Uma história com um final triste, não o que queríamos, mas a prova que este desporto é duro e cruel. Para vencer é preciso talento, determinação, garra, um bom carro e… um pouco de sorte.

LMP2 – Rui Andrade fez a festa

Em LMP2 a festa também se fez em português. O Oreca #8( J. Farano / L. Deletraz / R. Pinto de Andrade) terminou em quinto da geral e venceu a corrida com Rui Andrade a festejar a vitória. A corrida foi dominada pelo Oreca #52 e parecia que a história estava contada nesta categoria. Mas um erro de Ben Keating, colega de Henrique Chaves no WEC e experiente piloto, nas dobragens motivou uma saída de pista algo violenta que acabou com a corrida dos favoritos. A luta passou a ser entre o #8 e o #81 ( H. Hedman / J. Montoya / S. Montoya), mas sorriu ao #8 com John Farano a conquistar o título de pilotos em LMP2 e a Tower Motorsport a conquistar o título por equipas.

LMP3 – João Barbosa no pódio

Em LMP3, a vitória na classe foi para o #36 Andretti Autosport (Gabby Chaves / Josh Burdon / Jarett Andretti). O trio resistiu à pressão do #30 da Jr III Racing Ligier (Garett Grist / Nolan Siegel / Ari Balogh) para levar a melhor na segunda metade da corrida, com um desempenho dominador. Na luta pelos melhores lugares esteve também o #33 de João Barbosa acompanhado desta vez pelo jovem talentoso Malthe Jakobsen e Nico Pino (colega de Guilherme Oliveira no ELMS), que chegaram a liderar a corrida. O pódio em Petit Le Mans é um bom prémio de final de temporada para a estrela lusa. O título foi para Colin Braun e Jon Bennett, que cruzaram a linha de meta em quinto, após vários incidentes, com a CORE Autosport a festejar o título por equipas.

GTD Pro – Penalização tira vitória ao #62

Numa corrida algo estranha nos GT, com os carros Pro Am (GTD) a ficarem à frente dos GTD Pro depois de um procedimento num FCC que viu os carros GTD passarem para a frente dos Pro, a luta na categoria dedicada aos pilotos Pro foi intensa, como sempre.

O Lexus #14 ( J. Hawksworth / B. Barnicoat / K. Kirkwood) liderou grande parte da corrida, com o BMW #25 ( C. De Phillippi / J. Edwards / J. Krohn) a aproximar-se após uma penalização cedo na corrida e o #9 a aproximar-se também após um toque com o Corvette #3 ( A. Garcia / J. Taylor / N. Catsburg) que motivou um furo.

Depois dos muitos FCC que foram mudando a ordem, as últimas interrupções deram-nos uma luta entre quatro carros, com o Porsche #9 ( M. Campbell / M. Jaminet /F. Nasr) o Lexus #14, o BMW #25 e o Ferrari #62. Nas lutas intensas que vimos, foi o Ferrari #62 (D. Serra / D. Rigon / J. Calado) a levar a melhor e a cruzar a linha de meta em primeiro lugar, com o Lexus em segundo e o BMW em terceiro. Mas uma penalização aplicada após a corrida ao #62 por infração no tempo de condução de Daniel Serra (11 minutos a mais) deu a vitória ao Lexus #14, seguido do BMW #25 e do Porsche #9 que conquistou o título de pilotos (Mathieu Jaminet e Matt Campbell) assim como a Pfaff Motorsports venceu o título por equipas

GTD – Vitória também para a Acura

Se em DPi vimos a Acura a vencer, em GTD o cenário foi idêntico, com o carro #66 ( K. Simpson / T. Bechtolsheimer / M. Farnbacher) a cruzar a linha de meta em primeiro. Mas foi Roman De Angelis, da The Heart of Racing, a vencer o campeonato de pilotos e equipas em GTD com um sétimo lugar na final da temporada do campeonato. Lutas intensas até ao fim, especialmente entre o Acura #66 e o McLaren #70 (B. Iribe / J. Pepper / S. Priaulx) que acabou por ficar em segundo lugar, com uma curiosidade. Brendan Iribe fez o primeiro turno de condução de 2h e meia e assim que terminou foi para o aeroporto para apanhar um voo em direção a Barcelona onde também competirá no GTWC. Uma agenda apertada. Em terceiro lugar ficou o BMW #96 da Turner Motorsport (Bill Auberlen / Robby Foley / Michael Dinan) completando o pódio da classe GTD. 

Resultados AQUI

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