IMSA, 24h Daytona: Meyer Shank Racing volta a vencer, Filipe Albuquerque consegue o segundo lugar

Por a 29 Janeiro 2023 18:45

Que grande corrida em Daytona! Mais uma. A mítica pista americana é, habitualmente, palco para grandes provas e a primeira da era LMDh deu-nos emoção, drama e espetáculo. Apesar da entrada da Porsche e da BMW, o confronto entre Cadillac e Acura voltou a animar a corrida, mas no final foi o duelo fratricida entre o Acura #60 e o Acura #10 que nos prendeu ao ecrã. Tom Blomqvist não deu hipóteses e levou o #60 a cruzar a meta em primeiro lugar, na segunda vitória consecutiva da Meyer Shank Racing. Foi uma prestação sem mácula da MSR e uma excelente recuperação da Wayne Taylor Racing, que chegou a estar a duas voltas do líder para recuperar e acabar no pódio. Filipe Albuquerque queria a vitória mas o pódio é um bom prémio de consolação.

A prova do #60 foi brilhante. Desde o Roar que têm sido o carro mais rápido e Tom Blomqvist tem-se assumido como a estrela da equipa. Nas 24h de Daytona, o #60 esteve sempre na luta pela vitória, sempre nos primeiros lugares apesar da pressão dos Cadillac e do #10, que teve mais azar do seu lado, mas conseguiu recuperar de uma desvantagem considerável para lutar pelo segundo lugar. Os Cadillac ainda tentaram lutar pela vitória, mas no final não tiveram argumentos para andar ao nível dos Acura. Quanto aos Porsche e aos BMW, os primeiros ainda andaram nas primeiras posições mas a falta de fiabilidade fez a equipa ficar de fora da luta desejada. Os BMW nunca chegaram a ser uma ameaça e começam com o pé esquerdo nesta nova era.

LMDh

Nova era, os suspeitos do costume. A IMSA começou este fim de semana um novo capítulo da sua história, um que se espera seja escrito a tinta dourada, dada a expetativa  criada em volta deste renovado interesse por parte das marcas face às corridas de endurance. Mas na primeira corrida do ano, a mais longa e mais prestigiante de todas, a história dos últimos anos repetiu-se. A luta Acura vs Cadillac voltou a acontecer.

O Acura #60 da Meyer Shank Racing w/Curb-Agajanian (Tom Blomqvist, Colin Braun, Hélio Castroneves, Simon Pagenaud) largou da pole e manteve-se na frente da corrida nas primeiras horas. Atrás de si, o desafio dos Cadillac #01 da Cadillac Racing (Sebastien Bourdais, Renger van der Zande, Scott Dixon) e dos Porsche 963 #6 (Nick Tandy, Mathieu Jaminet, Dane Cameron) e #7  (Felipe Nasr, Matt Campbell, Michael Christensen) da Penske Racing, com o Acura #10 da Wayne Taylor Racing (Ricky Taylor, Filipe Albuquerque, Louis Deletraz, Brendon Hartley) por perto. O Cadillac #31 (Pipo Derani, Alexander Sims, Jack Aitken) andou sempre a rondar o top 3, mas não se imiscuiu verdadeiramente na luta pelas primeiras posições.

Os primeiros problemas para um concorrente da classe GTP ocorreram muito perto do final da primeira hora, com o BMW M Hybrid V8 #25 (Connor de Philippi, Nick Yelloly, Sheldon van der Linde, Colton Herta) com Nick Yelloly aos comandos a ficar parado fora de pista. Era o fim da história para este carro, que regressou à pista algum tempo depois, mas apenas para acumular quilómetros. O segundo carro a sofrer problemas foi o Porsche #7. Com complicações no sistema elétrico, o carro alemão ficou 20 voltas na box, o que retirou a tripulação da disputa pela vitória.

A noite trouxe as inevitáveis surpresas. Os Acura necessitavam de reabastecer os depósitos de óleo de forma regular, com o #10 a precisar de perder duas voltas para reparar um filtro de óleo, o que deixou o nosso #10 mais longe da vitória. Para a Porsche, a noite não trouxe melhores notícias, com o #6 a necessitar de reparações na traseira do carro, o que demorou mais do que o esperado. A meio da noite de Daytona, os Cadillac pareciam ter alguma vantagem. O #01 liderou a corrida, com o #02 também ainda na luta, enquanto o #31 deparou-se com a necessidade de perder 14 voltas para reparar a suspensão traseira depois de um toque num GTD. 

Assim, quando amanheceu em Daytona, tínhamos na luta pela vitória o #60, o #01, o #02 com o BMW #24 (Augusto Farfus, Philipp Eng, Marco Wittmann, Colton Herta) sem argumentos para incomodar na frente. O #10 tentava regressar à volta do líder, tal como o Porsche #06 e os outros concorrentes mantinham-se em pista por uma questão de honra e de acumulação de experiência. 

As trocas na liderança na frente foram-se sucedendo, mas a nas últimas horas, o Porsche #6, que estava em quarto lugar, à frente do Acura #10, teve uma fuga de óleo que necessitou de uma reparação mais demorada. Era assim o fim das esperanças da Porsche, numa estreia azarada. 

Entramos nas últimas duas horas, com o Acura #60 na frente, seguido dos “Caddy” #01 e #02, com Filipe Albuquerque ao volante do #10, quando entramos no 12º período de Full Course Yellow.  O #10 estava a agora na volta do líder e o cenário era um pouco mais risonho para as cores nacionais. Com 90 minutos para o fim da corrida, tínhamos o #60 na frente, seguido do #02 e do #01, com o #10 logo atrás. Eram estes os carros na luta pela vitória final. Mas foi preciso novamente um período de FCY e todos estes momentos tornavam-se fundamentais para a estratégia da equipa. 

O recomeço deu-nos um Albuquerque afoito e com vontade de chegar ao primeiro lugar. O português despachou o Cadillac #01 e colocou-se em perseguição do #02 que não estava muito longe do #60. A uma hora do fim, Albuquerque passou para o segundo posto, numa luta espetacular com o #02. As contas da vitória à geral seriam feitas na última paragem. Quem precisa de trocar de pneus? Quantos pneus? Que quantidade de combustível? Antes ou depois de um possível FCY. Blomqvist seguia na frente, com quatro segundos de vantagem para Albuquerque numa reedição da final do campeonato do ano passado em Petit Le Mans. 

Um carro LMP3 ficou parado em pista  que levou a maioria das equipas a entrar nas boxes para trocas de pneus e combustível, no que poderia ser um FCY e ninguém queria ficar do lado errado desta oportunidade. O FCY acabou por se confirmar e íamos ter um final de cortar a respiração. Mas no recomeço houve mais um toque entre GTD o que motivou toques e muita fibra de carbono na pista, com carros danificados e a necessidade de mais um período de FCY.  No último recomeço, Albuquerque conseguiu aproximar-se mais um pouco do #60, que conseguia uma boa vantagem nos primeiros metros. Os Acura deixaram os Cadillac a uma distância de segurança, e Albuquerque tentava aproximar-se de Blomqvist. Os Cadillac davam espetáculo, mas no final o #01, que vai fazer o campeonato todo, acabou na frente do #02 que vai competir no WEC. 

Os últimos dez minutos chegaram e Blomqvist continuava imparável e já tinha quase cinco segundo de vantagem para Albuquerque, que não parecia ter resposta para o andamento do adversário. Blomqvist nunca mais foi incomodado e cruzou a linha de meta em primeiro lugar, vencendo as 24h de Daytona pela segunda vez consecutiva. Filipe Albuquerque contentou-se com o segundo lugar e o Cadillac #01 completou o pódio.

Algarve Pro Racing perde por 0.016s

Nos LMP2, o Oreca #52 da PR1/Mathiasen Motorsports (Ben Keating, Paul-Loup Chatin, Alex Quinn, Nicolas Lapierre), com um alinhamento de luxo, liderou grande parte da primeira metade da corrida, mas o #35 da TDS Racing (François Heriau, Giedo van der Garde, Josh Pierson, Job van Uitert) intrometeu-se nas lutas pelas primeiras posições, tal como o #11, também da TDS (Scott Huffaker, Steven Thomas, Mikkel Jensen, Rinus VeeKay). Após as doze horas de corrida era o #4 da CrowdStrike Racing by APR, operado pela Algarve Pro Racing (George Kurtz, Matt McMurry, Ben Hanley, Esteban Gutierrez) a liderar – tendo-o feito até às 20 horas de prova – seguido do #35 e do #88 da AF Corse (François Perrodo, Matthieu Vaxiviere, Julien Canal, Nicklas Nielsen) ainda com o #52 e o #51 da Rick Ware Racing (Pietro Fittipaldi, Eric Lux, Devlin DeFrancesco, Austin Cindric) na luta pela vitória.

Um ‘Full Course Yellow’ a menos de quatro horas para o final da corrida fez reagrupar o pelotão dos LMP2. O Oreca #88 da AF Corse (François Perrodo/ Matthieu Vaxiviere/ Julien Canal/ Nicklas Nielsen) entrou na contenda ao liderar a classe para as últimas duas horas com o #04 da CrowdStrike Racing by APR, que tinha sido líder da classe durante grande parte da corrida, no quarto posto. O #52 da PR1/Mathiasen Motorsports (Ben Keating/ Paul-Loup Chatin/ Alex Quinn/ Nicolas Lapierre) estava no segundo lugar e o #35 da TDS Racing no terceiro lugar, com margens muito curtas a separar todos os concorrentes.

Nas duas horas finais, o #4 voltou a recuperar a liderança, com o #35 e o #88 nas posições de pódio, enquanto o #55 da Proton Competition (Gianmaria Bruni/James Allen/Fred Poordad/Francesco Pizzi) seguia no quarto posto. Um erro de Job van Uitert a 20 minutos do final da prova, levou o #35 a sair ligeiramente de pista, perdendo a vice-liderança e o terceiro lugar.

Nos últimos minutos James Allen no Oreca #55 da Proton Competition conseguiu ultrapassar ainda o #88 e tinha as últimas duas voltas para tentar a ultrapassagem ao carro líder. Houve uma primeira tentativa na curva 1 à entrada da última volta, mas Ben Hanley no carro da Algarve Pro Racing defendeu-se bem, no entanto foi incapaz de parar o ataque final sobre a linha de meta, perdendo a vitória ao final de 24 horas de corrida apenas por 0.016s. A AF Corse fechou o pódio.

Azares lusos nos LMP3

Nos LMP3 as coisas pareciam bem encaminhadas para o #33 da Sean Creech Motorsports (João Barbosa, Lance Willsey, Nico Pino, Nolan Siegel) que liderou grande parte da corrida, desafiado na primeira metade da corrida pelo #36 da Andretti Autosport (Jarrett Andretti, Gabby Chaves, Rasmus Lindh, Dakota Dickerson), com uma penalização a Rasmus Lindh (toque num LMP2) a facilitar a vida à equipa da estrela portuguesa. Para Guilherme Oliveira, a corrida terminou durante a noite em Daytona. Um incêndio no Ligier JS P320-Nissan da MRS GT-Racing (James French, Sebastian Alvarez, Danial Frost, Guilherme Oliveira) acabou com as pretensões do jovem piloto luso que fez a sua estreia nas 24 Horas de Daytona.

Chegando às últimas quatro horas de corrida, mais uma má notícia para as cores lusas. O Ligier #33 de Barbosa perdeu a liderança confortável que tinha, depois de um problema no carro que demorou bastante a ser resolvido. Dentro do protótipo imobilizado, o companheiro de equipa do piloto português, Nolan Siegel viu o Duqueine M30-D08 Nissan #17 da AWA a assumir o primeiro posto da classe. O #33 regressou à corrida no terceiro lugar, mas a 17 voltas do líder. Sem possibilidade de lutar pela vitória, a duas horas do fim o #33 conseguiu ultrapassar o Ligier #38 da Performance Tech Motorsports (John DeAngelis/ Connor Bloum/ Cameron Shields/ Christopher Allen) e ocupava o segundo posto da classificação, ainda a 14 voltas do carro líder.

Sem terem o controlo dos acontecimentos, a Sean Creech Motorsport só podia esperar por um problema no #17 para poder ganhar a corrida, algo que não aconteceu. Assim, o #17 da AWA venceu, com João Barbosa a subir ao pódio na classe. O Ligier #38 da Performance Tech Motorsports terminou em terceiro lugar.

Luta acesa nos GTD Pro

No pelotão dos carros de GT, as lutas foram constantes pelos primeiros lugares na GTD e GTD Pro.

Em GTD Pro, o Mercedes-AMG GT3 #79 da WeatherTech Racing (Jules Gounon/ Dani Juncadella/ Maro Engel/ Cooper MacNeil) começou na frente, seguido do Lexus RC F GT3 #14 da Vasser Sullivan (Jack Hawksworth/Ben Barnicoat/Mike Conway) e do Corvette C8.R GTD #3 da Corvette Racing (Antonio Garcia/Jordan Taylor/Tommy Milner).

Chegada a prova às últimas 4 horas, o Corvette C8.R GTD #3 passou a ocupar o primeiro posto da classe, mas com pouco mais de 10 segundos de vantagem sobre o Mercedes #79. Mas duas horas depois a classificação estava diferente. O Lexus RC F GT3 #14 passou a ocupar o primeiro lugar, apenas com 1.5s para o Mercedes AMG GT3 Evo #79.

Maro Engel ficou encarregado de terminar a corrida aos comandos do Mercedes #79, segurando a liderança que, entretanto, tinha conquistado. Antonio Garcia tentou perseguir o líder, mas manteve o Corvette #3 no segundo posto, enquanto Jack Hawksworth levou o Aston Martin #14 ao pódio no terceiro lugar.

GTD

Em GTD, o Aston Martin #27  Heart of Racing Team (Roman de Angelis,  Marco Sorensen,  Ian James,  Darren Turner) venceu de forma clara, acabando à frente dos GTD Pro.

O #27 esteve sempre nas lutas pela primeira posição com o Mercedes #32 Team Korthoff Motorsports (Mike Skeen, Mikael Grenier, Maxi Gotz, Kenton Koch)a dar luta nas primeiras horas. Mas o Mercedes #57 da Winward Motorsport (Russell Ward,  Phillip Ellis, Indy Dontje, Daniel Morad)veio do fundo da tabela para a luta pela vitória. O #57 era uma das histórias desta edição, depois do violento acidente que motivou a ida de Lucas Auer para o hospital e a troca de chassis. Mesmo com esta contrariedade, a equipa lutava pelo melhor lugar.

A última hora chegou e o #27 tinha já conseguido uma saudável margem para o segundo classificado e a vitória parecia bem encaminhada com o #57 já a alguma distância a defender-se do McLaren #70, do Aston Martin #44, do Lexus #12 e dos Acura #93 e #66, todos na volta do líder. 

Mas o drama foi palavra de ordem nesta categoria. O esforço do #57 acabou de forma ingrata, com o carro a embater no mesmo muro que afetou Lucas Auer. Um lugar no pódio teria sido um bom prémio para o esforço da equipa. A vitória caiu para o #27, sem surpresas, dado o domínio, com o segundo lugar a ser ocupado pelo Aston Martin #44 (Andy Lally, John Potter, Spencer Pumpelly, Nicki Thiim) e o terceiro lugar a ficar para o McLaren #70 (Brendan Iribe, Frederik Schandorff, Ollie Millroy, Marvin Kirchhofer).

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2 Comentários
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Scb
Scb
1 ano atrás

Os carros americanos não tiveram problemas relevantes ao contrário dos carros alemães. O carro #60 esteve simplesmente irrepreensível e Blomqvist é um piloto extraordinário. Filipe Albuquerque volta a ter azar, a sua equipa fica com 2 voltas de atraso (julgo que momentaneamente chegaram a ser 3) mas recuperaram e de que maneira, mas nota se uma grande diferença de andamento do Filipe para os restantes, o que não se verifica nas outras equipas. O Porsche #6 ainda recuperou bem até ter o derradeiro problema que os arrumou. Muitas dores de cabeça para quem fez 30.000 km em testes. A BMW… Ler mais »

F1 FOR FUN
F1 FOR FUN
1 ano atrás

Boa corrida, excelentes carros. Não entendo porque a ASO e a FIA não adoptam o nome GTP, é menos confuso que os nomes que escolheram.

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