Velocidade: Porsche passou a ser a máquina de eleição em Portugal

Por a 6 Abril 2021 17:30

Vive-se um momento de transição em Portugal. A velocidade nacional parece estar a ressurgir, depois de momentos de indefinição. E a mudança é cada vez mais visível em pista.

O Campeonato de Portugal de Velocidade by Sport TV segue a fórmula iniciada no ano passado e está a ganhar cada vez mais interessados com a lista de inscritos a ficar cada vez mais bem composta. O trabalho feito pelos promotores é positivo e vemos um campeonato que tem agora do seu lado o apoio sempre vital da Televisão, além de estar a conseguir uma muito interessante lista de inscritos.

Paulo Pinheiro, Pedro Marreiros, Francisco Mora e Francisco Abreu escolheram o 991 GT3 Cup 4.0, enquanto Mariano Pires, Diogo Almeida e o francês Jean-Roch Piat escolheram o Porsche 991 GT3 Cup 3.8. Veremos em pista também os Porsche 997 GT3 Cup de Gonçalo Manahu, Manuel Castro e Fábio Mota.

Luís e Diogo Rocha e Zdenek Chovanec vão usar dois Ferrari 458 Challenge, Nuno Baptista, que no ano passado também andou de Porsche vai trazer ao Campeonato de Portugal de Velocidade o Mitjet Supertourisme.

Estão também confirmados Ricardo Gomes, Pedro e Jorge Silva na categoria Touring Cup.

Como se pode ver, temos para já os ingredientes para termos uma boa época.

Além do CPV, temos este ano a novidade do GT3 Cup que terá em pista os 997 trazidos da Argentina por José Monroy.

Carlos Vieira, José Rodrigues, Francisco Carvalho, Mário Silva, Vasco Barros e os irmãos Manuel e Pedro Mello Breyner são também nomes que já foram confirmados na competição.

Temos também o surgimento dos Supercars,  fruto da união de esforços entre a GT4 South European Series e o TCR Ibérico Endurance Series, juntando assim máquinas GT4 e TCR num único palco na vertente de endurance que se torna economicamente mais viável para os pilotos, numa relação custo benefício mais interessante. Os GT4 ganham cada vez mais força no panorama internacional e apresentam um custo benefício interessante, enquanto os TCR seguem uma fórmula já conhecida que tem sido bem sucedida um pouco por todo o mundo.

O resto da velocidade mantém-se praticamente inalterada com as habituais competições de clássicos, as competições da CRM que continuam a atrair muitos pilotos e o Troféu C1 uma porta de entrada interessante para quem procura experimentar as sensações das corridas a um preço acessível. 

O que está claro nesta fase é que os Porsche ganharam uma preponderância inquestionável nesta fase. Depois da aposta nos TCR que não deu os frutos desejados, as máquinas alemãs parecem ser a opção preferida da maioria dos pilotos. Os turismos dão assim lugar aos GT, uma espécie de regresso ao passado, quando nas pistas nacionais os GT3 surgiram em força. Há um impulso novo, mais interesse, mais pilotos interessados e mais opções.

Fica uma questão no ar. Não estaremos com demasiado competições  e por vezes demasiado semelhantes num mercado pequeno? Habituamo-nos a ouvir pilotos e equipas a referir que há pouco dinheiro, mas nesta fase esse pouco dinheiro parece estar a ser investido  em várias competições em que algumas delas aparentemente servem propósitos muito semelhantes. Temos um CPV recheado de Porsches e agora um GT3 Cup  também com Porsche. Os GT4 e os TCR estão numa fase de indefinição mas será justo dizer que ainda não chegaram à dimensão que os promotores desejavam já ter no nosso país.

Sabemos que a velocidade em Portugal é feita de altos e baixos e acima de tudo de modas, algo que apenas pode ser minimizado com um plano definido, em que todos os intervenientes, com a FPAK a assumir um papel central, estejam presentes para delinear o futuro do automobilismo. É preciso identificar os erros feitos até agora, é preciso admitir que é necessária uma visão a longo prazo, que os recursos são finitos e que os herdeiros das nossas estrelas internacionais da velocidade demoram a surgir. A velocidade é a categoria que mais estrelas internacionais do automobilismo nos deu, mas curiosamente é aquela que menos força parece ter, um cenário que já tem alguns anos. Se quisermos voltar a festejar e ver a bandeira no topo dos pódios de Le Mans ou Daytona temos de preparar a próxima fornada e isso só poderá ser feito com um rumo claro.

Não queremos com isto dizer que a convivência das competições acima mencionadas não é possível, e o que mais queríamos era que essas competições singrassem, todas pois todos ficariam a ganhar. Mas devemos sempre questionar-nos se não estamos a dispersar demasiado os poucos meios que temos, correndo o risco de poder passar por nova travessia no deserto.

Talvez seja bom que todos os intervenientes na velocidade se juntem de uma vez por todas para definir um rumo de forma clara pois para já o cenário parece algo positivo, mas com uma visão demasiado dispersa e talvez com navegação à vista, algo que pode ser perigoso como já vimos no passado. Para já vemos este novo impulso com otimismo e esperamos que perdure a bem no nosso desporto.

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