Rally Serras de Fafe e Felgueiras: Vitória dominadora de Armindo Araújo

Por a 1 Março 2020 16:39

Por José Luís Abreu

Fotos ZOOM MotorSport/António Silva

Armindo Araújo e Luís Ramalho (Skoda Fabia R5 Evo) venceram o Rallye Serras de Fafe e Felgueiras, dominando por completo a prova em termos nacionais. Nicolay Gryazin (Hyundai i20 R5) liderou da 6ª à 11ª PE, mas abandonou perto do fim devido a uma saída de estrada. Desta forma, cereja no topo do bolo para Araújo, no que foi para si um excelente arranque com a sua nova equipa, a The Racing Factory, que com este triunfo, somado à vitória de Rafael Botelho na prova de abertura do Campeonato dos Açores, venceu em toda a linha..

A luta pelo segundo lugar foi intensa, com várias trocas de posição entre Bruno Magalhães/Carlos Magalhães (Hyundai i20 R5) e Ricardo Teodósio/José Teixeira (Skoda Fabia R5 Evo). Na fase inicial da prova o algarvio destacou-se, mas o piloto da Hyundai recuperou e na 6ª especial subiu para segundo do CPR. Depois foi a vez de Teodósio reagir e na PE10 voltou a passar Bruno Magalhães, que chegou a ter um atraso de 6.8s na PE11. Contudo, com os troços a ficarem cada vez mais escorregadios face à muita chuva que se abateu sobre as Serras de Fafe, Bruno Magalhães, que tinha inicialmente tido muito dificuldades com o piso seco e gravilha mais solta, aproveitou para recuperar o segundo lugar do CPR mesmo no último troço. Uma bela luta a prometer para o que aí vem.

Bom rali

O Rally Serras de Fafe e Felgueiras foi uma prova muito interessante e cheia de motivos de interesse, que esteve longe de se esgotar na presença da Hyundai Motorsport com o Campeão do Mundo de Ralis em título, Ott Tanak e Dani Sordo. O estónio precisa urgentemente de quilómetros no seu novo carro, o Hyundai i20 Coupe WRC, e o Serras de Fafe foi um excelente rali para isso mesmo, já que pode testar novas peças (a asa traseira é nova, foi utilizada no seu carro, ao contrário de Sordo, que usou a asa atual).

Apesar de não ter terminado o rali e não terem disputado o troço de Santa Quitéria, devido a questões regulamentares do WRC, esta presença foi muito útil para a equipa e excelente para os adeptos: “Fizemos muito quilómetros e também muito importante foi conhecer o carro em pisos de terra, onde vamos ter muitos ralis de seguida no WRC”, disse Tanak.

Também Dani Sordo se mostrou contente com mais esta presença. Vencedor da prova do anos passado num i20 R5, o espanhol aproveitou para readquirir ritmo para o Rali do México, ele que já não faz uma prova do WRC desde outubro do ano passado.

Contudo, nem tudo foram rosas, já que um espetador menos atento, teve que ser transportado para o Hospital, depois de ter caído para a estrada após ter ‘enganchado’ o braço na asa traseira do i20 WRC de Sordo. Tudo se passou no troço de Montim 2, numa zona em que o carro se atravessa para curva e o incauto espetador meteu a cabeça (e o braço) ‘demasiado de fora’, e ficou ferido.

Ficou o susto e mais um aviso. Um dia que as coisas voltem a correr verdadeiramente mal, lá terão os ralis que sofrer, por causa de meia dúzia de inconscientes.

Parque de assistência animado

No parque de assistência, muitas novidades. Em primeiro lugar, a presença em grande da equipa The Racing Factory, que para lá de ter entrado a vencer – nem faltou fogo de artifício no final – mostrou uma estrutura irrepreensível, onde não faltou sequer a presença de patrocinadores com as suas ações de Marketing, o mesmo sucedendo com a Hyundai, que desde que veio para os ralis, há dois anos.

No caso da marca coreana, já é hábito há muito, mas não deixa de ser muito relevante e importante para o CPR.

Foi à custa da Hyundai que esta prova ganhou um elan que não teria sem a sua presença. Exemplos? Co-drive de Miguel Oliveira no WRC de Dani Sordo, com vários TVs nacionais a seguir o evento. De resto, a Hyundai recebeu dezenas de convidados, que levava para os troços em ‘shuttles’. Se Maomé não vai à montanha, traz-se a montanha a Maomé, e provavelmente muitos voltarão sozinhos, pois como todos bem sabemos os espetáculos são habitualmente muito interessantes.

O novo patrocinador de Ricardo Teodósio, a Vito, também teve muito relevo. Sobressaiu também toda a estrutura da Suzuki Espanha, que colocou na estrada os competitivos Suzuki Swift R4LLY S. Uma motorhome imponente. Deixamos para o fim a estrutura trazida pelo Mex Machado Santos, e para a percebermos melhor, desafiamos os leitores a ver o vídeo que está no nossos site (ou canal de Youtube) em que o piloto explica a sua visão para o que podem ser os ralis para lá das provas especiais de classificação.

Rali muito interessante

Regressando à parte desportiva, a prova era aguardada por muita expetativa, pois todos os principais protagonistas tinham as suas ambições, mas nem todos eles as traduziram da forma desejada. Nesse particular, foi fantástica a entrada em cena da nova equipa de Armindo Araújo e Luís Ramalho, que se adaptaram na perfeição ao seu novo Skoda Fabia R5 evo.

Antes do arranque da prova já se percebia pelas palavras de Armindo Araújo que a sua confiança era imensa, e depressa o começou a traduzir, pois logo a abrir ‘espetou’ com 5.2s à jovem vedeta russa da equipa oficial da Hyundai, Nikolay Gryazin, e 7.9s ao Campeão em título do campeonato português: Ricardo Teodósio.

Estava dado o mote, e a partir daí cedo se percebeu que Armindo Araújo estava claramente acima da concorrência e isso foi-se traduzindo troço a troço. No início do segundo dia a diferença de Araújo para Teodósio já era de 21.8s e no final da manhã os segundos classificados já eram Bruno e Carlos Magalhães (Hyundai i20 R5) a mais de um minuto. Em condições normais, o rali estava decidido em termos de CPR no que ao vencedor diz respeito.

Já em termos de classificação geral, Nicolay Gryazin/Yaroslav Fedorov (Hyundai i20 R5) chegaram ao comando da prova na PE6, com Araújo a deixar de imediato claro que o seu foco estava no CPR. Com os pisos cada vez mais difíceis era demasiado arriscado atacar e o russo, que veio a esta prova para preparar os próximos eventos do WRC, cometeu um excesso na PE12, Lameirinha, e abandonou, abrindo as portas da vitória a Armindo Araújo, algo que foi uma espécie de cereja no topo do bolo, e o culminar de uma fantástica exibição que deve ter deixado os adversários mais diretos, um pouco apreensivos.

Bastou uma prova para ficar claro que Armindo Araújo se adaptou na perfeição ao seu Skoda Fabia R5 evo e a confiança com que entrou nesta prova trouxe-a dos testes, onde percebeu o caminho a seguir. Aqui, convém também destacar o bom trabalho de Rui Francisco Soares, um engenheiro que milita no WRC e tem um conhecimento e uma visão que resultou em pleno e ficou bem expresso na forma como este resultado foi alcançado. Curiosamente, e apesar do longo palmarés, este foi o primeiro triunfo de Armindo Araújo no Rali Serras de Fafe.

Grande luta pelo 2º lugar

Tal como já referimos antes, a luta pelo segundo lugar foi excelente, tendo Bruno e Carlos Magalhães (Hyundai i20 R5) suplantado Ricardo Teodósio e José Teixeira (Skoda Fabia R5 evo) no último troço do rali. Curiosamente, enquanto os pisos estiveram mais secos, na fase inicial do rali, o duo do Team Hyundai Portugal teve dificuldades, pois a afinação que tinha no Hyundai apontava para menos terra solta do que encontraram depois. Foram trabalhando no set-up do carro e aproveitaram as condições mais difíceis para chegar à posição possível, o segundo lugar.

Quanto a Ricardo Teodósio e José Teixeira (Skoda Fabia R5 evo), ao fim de quatro troços já estavam a 21.8s de Araújo, depois de cederem 13.3s em dois troços, quando estes estavam secos. Mas com a chuva que caiu em Fafe de sexta para sábado, tudo piorou pois Teodósio não tinha confiança para andar mais depressa tendo em conta o estado dos pisos e a diferença dilatou-se para números irrecuperáveis. Com o piso mais seco ainda conseguiu suplantar Bruno Magalhães, mas com a chuva a intensificar-se voltou a perder a posição para o piloto da Hyundai, terminando no lugar mais baixo do pódio. Seja como for, terminou a 1m30.5s do vencedor, que tem um carro igual, o que lhe deve dar que pensar.

José Pedro Fontes e Inês Ponte (Citroën C3 R5). Desde cedo que se percebeu que a dupla não iria conseguir acompanhar o ritmo da frente, ao cabo de dois troços, já estavam a 40.5s, quase dois minutos no fim da manhã de sábado. Ainda assim salvou-se um quarto lugar, sendo melhor o resultado que a exibição.

Com os dados atuais na mão, agora há que perceber o que podem fazer para ‘virar o tabuleiro’, sabendo de antemão que se está a andar muito nos primeiros lugares do CPR. Quem os viu passar na estrada, percebeu que estavam a dar tudo o que tinham, mas os tempos não saíram…

Quinto lugar final para Pedro Heller e Marc Martí (Volkswagen Polo GTI R5), que vieram a Portugal preparar as provas do WRC que costumam fazer anualmente. Miguel Correia e Pedro Alves (Skoda Fabia R5) terminaram em quinto do CPR, depois duma prova em que tiveram uma bela luta com Manuel Castro e Ricardo Cunha (Skoda Fabia R5).

Melhor conhecedor do carro, ao cabo do primeiro dia de prova, Miguel Correia terminou a sexta-feira com 16.6s de avanço para o líder da Racing4You, mas um toque em Montim, levou a uma sensível perda de tempo, e afetou também a confiança do jovem piloto, que meteu mãos à obra e depois de ter chegado a estar a 34.1s de Manuel Castro, encetou uma grande recuperação e passou o outro Skoda na classificação na penúltima especial da prova. Excesso à parte, uma boa prestação do jovem Miguel Correia.

Já Manuel Castro estava encantado com o seu novo Skoda, mas ciente que ainda tem caminho a percorrer. O piloto das Caldas das Taipas teve uma boa estreia com o Skoda Fabia R5 e promete melhorar bastante face às prestações dos últimos tempos.

Participação muito positiva do Suzuki Swift R4LLY S da Suzuki Motor Ibérica, com o espanhol Javier Pardo a terminar no oitavo lugar. O carro não tem andamento para os melhores R5, mas bem guiado, dá bom espetáculo para o público e suplantou muitos R5, por exemplo o seu compatriota José Luiz Peláez (Skoda Fabia R5).

A fechar o top 10 ficaram António Dias e Nuno Carvalhosa, com o piloto do Skoda azul a confessar que continua a tentar manter-se no ativo. Daniel Nunes e Nuno Ribeiro (Peugeot 208 R2) venceram as duas rodas motrizes depois uma bela luta com Pedro Almeida e Hugo Magalhães, que desistiram perto do fim com problemas no Peugeot. Incialmente liderou o estónio Georg Linnamae, que abadonou na PE8. Depois, Ruari Bell (Ford Fiesta R2T19) herdou a dianteira, com Daniel Nunes e Pedro Almeida por perto. Nunes atacou o líder e passou-o no último troço, vencendo os 2WD à geral.

No Grupo N, vitória para Adruzilo Lopes/Paulo Silva (Mitsubishi Lancer Evo IX), enquanto João Figueiredo/Fábio Ribeiro (Citroën DS3 R3T) venceram a categoria RC3. Os mais rápidos entre os Juniores que pontuam para o Europeu foram os espanhóis Javier Pardo/Adrian Peres (Suzuki Swift R4LLY S). Lucas Simões/Simplício Gonçalves em Mitsubishi Lancer Evo VI venceram o Campeonato Norte de Ralis.

Pelo caminho ficaram alguns nomes sonantes. Logo a abrir, na PE2, Pedro Meireles e Mário Castro (Volkswagen Polo GTI R5) com um problema mecânico, mais um no VW Polo.

O Porsche 997 GT3 Cup de Mex Machado Santos e Luís sá deram espetáculo, mas ficaram pelo caminho, Diogo Salvi/Jorge Carvalho (Skoda Fabia R5) desistiram na PE12 quando eram oitavos do CPR, José Rocha capotou o Ford Fiesta R5, João Correia (Hyundai i20 R5) não arrancou para o segundo dia, Diogo Gago viu abrir-se o capot do C3 R5, que partiu o para brisas e feriu o piloto na vista, embora nada de grave. Paulo Neto também ficou pelo caminho com problemas mecânicos no seu novo Skoda Fabia R5.

O Campeonato de Portugal de Ralis prossegue de 26 a 28 de março com o Azores Rallye, prova que marca também o arranque do Europeu de Ralis.

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