Rali Vinho da Madeira: Seleção (quase) nacional

Por a 4 Agosto 2020 08:25

Realiza-se no próximo fim de semana o Rali Vinho Madeira, terceira prova do CPR, segunda do CMR, num evento que nos últimos três anos foi dominado por Alexandre Camacho. Este ano, as coisas estão muito mais ‘abertas’…

Vai para a estrada na próxima sexta-feira o Rali Vinho Madeira, uma prova em que o campeão espanhol de ralis, Pepe Lopez, é o único estrangeiro da lista de inscritos. Mas nem por isso teremos uma prova menos interessante, já que marcam presença todos os principais pilotos do CPR, bem como, naturalmente, os concorrentes do Campeonato da Madeira de Ralis, que até aqui, e ao contrário do que é habitual, ainda só realizaram uma prova, na Calheta.

Esta edição do Rali Vinho da Madeira quase se poderia denominar Rali dos Campeões, já que presentes estarão nada menos que quatro campeões em título, o da Madeira, o dos Açores, o de Portugal e ainda o de Espanha. Alexandre Camacho (Citroën C3 R5) Luís Rego (Skoda Fabia R5 Evo) Ricardo Teodósio (Skoda Fabia R5 Evo), e José Maria ‘Pepe’ Lopez (Citroën C3 R5) são alguns dos pilotos candidatos à vitória ou pelo menos à luta pelos lugares de destaque neste evento.

A prova conta com 60 inscritos e nela há quantidade e qualidade suficiente para muita animação, não só ao nível da luta pelo triunfo na geral absoluta, bem como nos diversos agrupamentos e classes em que a competição se desdobra. Da lista constam os principais animadores da modalidade a nível nacional e regional, com um parque automóvel notável em que se destacam 17 viaturas R5, 1 WRC e 2 Porsche entre muitos outros.

O primeiro piloto a arrancar para a estrada será o campeão regional em título e vencedor das últimas três edições do evento, Alexandre Camacho, que este ano corre num Citroën C3 R5, mas o facto de ter desistido cedo na Calheta, devido a uma saída de estrada, e também pelo facto do carro ser novo, pode impedi-lo de imprimir o mesmo tipo de ritmo que o levou a três triunfos consecutivos nos últimos anos, se bem que tem sempre que ser tido com um dos grandes favoritos à vitória no rali, especialmente se sair do primeiro dia na frente ou perto dela.

Camacho precisa de se ligar um pouco melhor ao carro, rodou ainda pouco com o C3 e depois do abandono na Calheta, se não obtiver um grande resultado na Madeira, pode comprometer o ‘regional’.

E vai ter grande oposição para o triunfo à geral. Tal como sucedeu no ano passado, ‘Pepe’ Lopez volta este ano com mais ‘armas’, já que conhece bem melhor a prova e tem um ritmo com o C3 que Camacho dificilmente terá, ainda que o melhor conhecimento dos troços atenuem essa questão. Seja como for, o espanhol pode concentrar-se somente no triunfo na prova enquanto Camacho e todos os restantes têm que gerir os seus ralis a pensar nos respetivos campeonatos.

Mas a luta pelo triunfo não se vai resumir a estes dois pilotos, já que há outros que podem lá chegar. Por exemplo Miguel Nunes, que com um Skoda Fabia R5 Evo, depois de ter vencido na Calheta, é também forte candidato – senão mesmo o principal favorito – a vencer a ‘sua’ prova. O Skoda ‘evo’ é ‘fácil’, rápido, e Miguel Nunes terá menos pressão que Camacho na luta ‘regional’.

Pedro Paixão (Škoda Fabia R5) e João Silva (Škoda Fabia Rally2 evo) têm que ser incluídos neste lote, mas com uma percentagem de favoritismo muito menor que Camacho e Nunes. Paixão tem um carro menos atual, mas não deve fazer mais provas, pelo que vai ‘investir’ tudo no Rali Vinho Madeira. Algo semelhante se passa com João Silva, sendo que neste caso estar parado há um ano não ajuda nada. Está motivado, mas falta-lhe ritmo, que só se consegue mantendo um boa cadência de provas.

Depois deste conjunto de quatro madeirenses e um espanhol, segue-se na lista a ‘nata’ do CPR, que como sempre vai andar nos lugares da frente, ainda que, tendo em conta a luta equilibrada que se espera no CPR, vão ‘marcar-se’ mais uns aos outros do que propriamente preocuparem-se em vencer à geral, sendo que pode haver aqui exceções.

Por exemplo, José Pedro Fontes (Citroën C3 R5) que anda normalmente muito bem na Madeira, como ficou agora provado no Rali da Calheta. Tendo em conta os seus dois pobres resultados nas duas primeiras provas do CPR, Fafe e Castelo Branco, não tem nada a perder, só lhe resta atacar ao máximo e vencer, pelo menos, no CPR, de modo a manter-se na luta pelo campeonato. E isso pode valer-se vencer à geral.

Bruno Magalhães anda normalmente bem na Madeira, mas sendo o Hyundai i20 R5 um carro mais ‘difícil’, o piloto de Lisboa tem que fazer uma prova quase perfeita para poder vencer. Contudo, o triunfo no CPR, é uma hipótese forte. Por exemplo, foi dele o triunfo no CPR nesta prova o ano passado.

Ricardo Teodósio investiu muito nesta prova! Sendo verdade que no Rali da Madeira sempre teve dificuldades para andar a um ritmo perto dos que lutam na frente, a verdade é que preparou esta prova como nunca, levou Eric Camilli (ndr, uma espécie de coach) à Calheta, testou intensamente e ainda vai testar mais. É uma incógnita o que pode fazer. Já conseguiu ser segundo no CPR, na Madeira, mas por exemplo o ano passado foi apenas sexto.

Quanto a Armindo Araújo, vem de dois triunfos “sem espinhas”, com provas dominadoras, atacando e gerindo ao ‘milímetro’. O seu segredo têm sido provas superiormente preparadas, e nem sequer consideramos que o toque que deu no Rali da Calheta que o levou ao abandono seja um óbice, já que ao nível a que se anda um pequeno erro pode ter grandes consequências e como se sabe, as estradas da Madeira não perdoam.

De qualquer forma, o Rali da Madeira é uma prova tipo circuito, de asfalto limpo, em que não se cortam bermas, e um 3º e 4º lugar no CPR foi o melhor que conseguiu na Madeira. Contudo, isso foi de Hyundai, agora tem um Skoda Fabia R5 evo. Com muito menos pressão que os seus adversários, pode arriscar menos, mas também pode decidir atacar forte e fazer o mesmo que fez em Fafe e Castelo Branco. O trabalho que está a fazer com a equipa este ano tem sido perfeito. Se chegar à Madeira e fizer (mais ou menos) o mesmo que fez nas duas primeiras provas do CPR, então passa uma mensagem de “esqueçam este ano” aos adversários. Será muito curioso perceber o que Armindo Araújo vai fazer nesta prova na Madeira.

Tendo condições para andar entre os melhores do CPR, Pedro Meireles (Volkswagen Polo GTi R5) pode sempre obter um resultado de relevo, mas nos últimos quatro anos o melhor que conseguiu foram dois quintos lugares no CPR na Madeira.

A lista prossegue com Luís Miguel Rego, campeão açoriano que vai à Madeira para uma estreia absoluta em provas na ilha. Não lhe vai ser nada fácil.

Miguel Correia vai andar a lutar pelo quinto, sexto lugar do CPR, Rui Pinto alinha com o habitual Ford Focus RS WRC e Filipe Freitas e Gil Freitas compõem o contingente em Porsche 991 GT3 RS.

Seja como for, esta é apenas a terceira de sete provas do CPR, e a segunda de cinco do CMR, pelo pela primeira vez em muito tempo o Rali da Madeira não define ou encaminha campeonatos, especialmente no ‘regional’, em que por vezes tudo se decida (ou praticamente) aqui. Quanto ao CPR, só no Alto Tâmega, a competição chega a meio, pelo que muito ainda pode mudar, ainda que até aqui tenhamos a curiosidade dos dois pódios de Fafe e Castelo Branco terem sido exatamente iguais. Será que é agora que se desfazem?

Perceber tendências

Se olharmos para os resultados do passado recente no Rali Vinho Madeira, pode daí extrair algumas tendências, que nunca dirão tudo (há muita coisa nova, e até trocas de ‘montada’ várias), mas podem ‘dizer’ alguma coisa. Recuando três anos, em 2017 Alexandre Camacho (Peugeot 208 T16), terminou a prova 15.6s na frente de Giandomenico Basso (Hyundai i20 R5). O madeirense repetiu a vitória em 2018, desta feita com um Skoda Fabia R5, terminando 39.1s na frente de Miguel Nunes (Citroën DS3 R5). Como não há duas sem três, Camacho voltou a vencer em 2019, novamente com o Skoda Fabia R5, batendo Pepe Lopez (Citroen C3 R5) por 40.3s. Mas este ano tem um Citroën C3 R5 que conhece mal.

Veja como foram os três pódios. 2019: 1º Alexandre Camacho, 2º Pepe Lopez, 3º Bruno Magalhães. 2018: 1º alexandre Camacho, 2º Miguel Nunes, 3º Zé Pedro Fontes. 2017: 1º Alexandre Camacho, 2º Giandomenico Basso, 3º João Silva.

No CPR, em 2017 venceu Miguel Barbosa, menos de um minuto na frente de Carlos Vieira, em 2018 o triunfo foi para José Pedro Fontes (Citroën C3 R5), 1m20s na frente de Ricardo Teodósio (Skoda Fabia R5) com João Barros (Ford Fiesta R5) em terceiro 23.3s mais atrás. No ano passado o triunfo foi para Bruno Magalhães (Hyundai i20 R5), 34.3s na frente de José Pedro Fontes (Citroën C3 R5). Três anos, três vencedores diferentes.

2019: 1º Bruno Magalhaes, 2º Zé Pedro Fontes, 2º Armindo Araújo. 2018: 1º Sé Pedro Fontes, 2º Ricardo Teodósio, 3º João Barros. 2017: 1º Miguel Barbosa, 2º Carlos Vieira, 3º Paulo Moreira.

Mais curto e seguro

O Rali Vinho da Madeira 2020 tem menos classificativas, mas não deixa de passar por toda a ilha da Madeira. No total, são cerca de 160 quilómetros divididos em 16 PE. As emblemáticas provas do Rosário, Palheiro Ferreiro/Terreiro da Luta, Boaventura e Santana, mantêm-se no itinerário. Grande novidade é o Parque Fechado que este ano será montado o Cais 8, de forma a permitir aos adeptos do automobilismo um contacto visual com os carros, mas sempre no cumprimento das regras sanitárias que impõem um distanciamento físico entre as pessoas. O pódio será novamente na Praça do Povo, mas a organização está a trabalhar num plano de circulação e de acessos ao local. Pelas razões conhecidas, este ano não haverá sessão de autógrafos e a super-especial na Avenida do Mar.

HORÁRIO

6ª Feira, 7 de agosto, DIA 1

Assistência Funchal 09:10

PE1 Campo de Golfe 1 10.49 km 10:11

PE2 Palheiro Ferreiro 1 8.11 km 10:54

PE3 Boaventura 1 10.75 km 12:17

PE4 Cidade de Santana 1 10.84 km 12:50

Assistência Funchal 14:15

PE5 Campo de Golfe 2 10.49 km 15:31

PE6 Palheiro Ferreiro 2 8.11 km 16:14

PE7 Boaventura 2 10.75 km 17:37

PE8 Cidade de Santana 2 10.84 km 18:10

Assistência Funchal 19:28

Sábado, 8 de agosto, DIA 2

Assistência Funchal 10:00

PE9 Câmara de Lobos 1 10.32 km 10:41

PE10 Ponta do Sol 1 8.00 km 11:26

PE11 Ponta do Pargo 1 10.45 km 12:09

PE12 Rosário 1 11.37 km 13:04

Assistência Funchal 13:59

PE13 Câmara de Lobos 2 10.32 km 14:55

PE14 Ponta do Sol 2 8.00 km 15:40

PE15 Ponta do Pargo 2 10.45 km 16:23

PE16 Rosário 2 (Power Stage) 11.37 km 17:18

Assistência Funchal 18:18

PALMARÉS

2019 Alexandre Camacho/Pedro Calado Skoda Fabia R5

2018 Alexandre Camacho/Pedro Calado Skoda Fabia R5

2017 Alexandre Camacho/Pedro Calado Peugeot 208 T16 R5

2016 José Pedro Fontes/Inês Ponte Citröen DS3 R5

2015 Bruno Magalhães/Hugo Magalhães Peugeot 208 T16

2014 Bruno Magalhães/Carlos Magalhães Peugeot 208 T16

2013 Giandomenico Basso/Lorenzo Granai Peugeot 207 S2000

2012 Bruno Magalhães/Nuno Rodrigues Da Silva Peugeot 207 S2000

2011 Bruno Magalhães/Paulo Grave Peugeot 207 S2000

2010 Freddy Loix/Frédéric Miclotte Skoda Fabia S2000

2009 Giandomenico Basso/Mitia Dotta Fiat Punto Abarth S2000

2008 Nicolas Vouilloz/Nicolas Klinger Peugeot 207 S2000

2007 Giandomenico Basso/Mitia Dotta Fiat Punto Abarth S2000

2006 Giandomenico Basso/Mitia Dotta Fiat Punto Abarth S2000

2005 Renato Travaglia/Flavio Zanela Renault Clio S1600

2004 Vitor Sá/Ornelas Camacho Peugeot 306 Maxi Kit Car

2003 Miguel Campos / Carlos Magalhães Peugeot 206 WRC

2002 Andrea Aghini/Loris Roggia Peugeot 206 WRC

2001 Adruzilo Lopes/Luis Lisboa Peugeot 206 WRC

2000 Piero Liatti/Carlo Cassina Subaru Impreza WRC

1999 Bruno Thiry/Stephane Prevot Subaru Impreza WRC

1998 Andrea Aghini/L. Roggia Toyota Corolla WRC

1997 Piero Liatti/F. Pons Subaru Impreza WRC

1996 F. Peres/R. Caldeira Ford Escort Cosworth

1995 Piero Liatti/Alessandrini Subaru Impreza WRC

1994 Andrea Aghini/Farnocchia Toyota Corolla WRC

1993 Patrick Snijers/D. Colebunders Ford Escort Cosworth

1992 Andrea Aghini/Farnochia Lancia Delta

1991 Fabrizio Tabaton/Imerito Lancia Delta

1990 Fabrizio Tabaton/Imerito Lancia Delta

1989 Yves Loubet/A. Andrie Lancia Delta

1988 Patrick Snijers/D. Colebunders BMW M3

1987 Dario Cerrato/Cerri Lancia Delta

1986 Fabrizio Tabaton/Tedeschini Lancia Delta S4

1985 Salvador Servia/Sabater Lancia 037

1984 Henri Toivonen/J. Pironen Porsche 9ll SC

1983 Miki Biasion /T. Siviero Lancia 037

1982 Toni Fassina/Rudy Opel Ascona 400

1981 Aly Kridel Sr/Paul Dunkel Ford Escort

1980 Adartico Vudafieri/Penariol Fiat 131 Abarth

1979 Toni Fassina/Nanini Lancia Stratos

1978 Ari Vatanen/Henry Liddon Escort 2000-RS

1977 Américo Nunes/João Baptista Porsche 911-S

1976 Giovanni Salvi/Pedro Almeida Escort 2000-RS

1975 João Clemente Aguiar/Miguel Sousa Escort 1600-RS

1973 Gomes Pereira/Almeida Pereira Opel 1904-SR

1972 Luís Neto/Jocames Fiat 125 Special

1971 Giovanni Salvi/José Arnaud Porsche 911-S

1970 Américo Nunes/Fernando Fonseca Porsche 911-S

1969 Américo Nunes/Fernando Fonseca Porsche 911-S

1968 Américo Nunes/Evaristo Saraiva Porsche 911-S

1967 Jean Pierre Nicolas/Jean Claude Roure Renault R8 1300

1966 António Sarmento Rebelo NSU Prinz 1000

1965 Zeca Cunha Triumph TR4

1964 Fernando Basílio Dos Santos Porsche SC

1963 Horácio Macedo Ferrari

1962 Horácio Macedo Ferrari

1961 António P. Peixinho Alfa Romeo

1960 Horácio Macedo Mercedes 300SL

1959 José Bernardino Lampreia MGA

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