» Textos: Nuno Branco

» Fotos: Arquivo AutoSport/Nuno Branco

 

Rali de Portugal: Turini à portuguesa


O local ganhava fama no itinerário do Rali de Portugal e as suas curvas encadeadas atraíam cada vez mais espectadores. Na berma da estrada, no cimo de um dos muitos pedregulhos ou sobre os muros que serpenteiam na imensidão verde da serra, os entusiastas apreciavam os dotes de condução dos concorrentes.

A forma como aquelas classificativas eram acarinhadas por pilotos, espectadores e fotógrafos, incentivou a equipa de César Torres a introduzir, em 1976, uma importante alteração na estrutura do então já denominado “Vinho do Porto”: a inclusão de uma terceira etapa totalmente disputada na Serra de Sintra, ao longo de uma madrugada, ao melhor estilo da noite do Turini no Rali Monte Carlo. Continuando a abrir as hostilidades, Sintra voltava assim a receber os sobreviventes para uma última noite que se pretendia emocionante e decisiva para o desfecho da prova. A jornada incluía várias passagens pelas classificativas de Alcabideche (4,2Km), estreada no ano anterior e utilizada até 1977, Lagoa Azul (5Km), Peninha (6,5Km, já totalmente asfaltados), e Sintra (10,5Km).

A ‘noite de Sintra’ rapidamente se tornou num dos momentos mais aguardados do ano pela gente dos automóveis. Milhares e milhares de populares começavam a subir a serra durante a tarde, com o farnel às costas, escolhendo o melhor local para ver e aplaudir Alen, Munari, Waldegård, Mikkola, Meqepê, Torres e companhia. O número de espectadores aumentava de ano para ano e o seu comportamento começava a preocupar a organização. Em 1981, os espectadores que se deslocaram à Peninha, assistiram a uma cena insólita: Após bater numa pedra, o Fiat 131 Abarth de Markku Alen perdeu a roda dianteira direita e o finlandês fez os quilómetros finais em marcha-atrás, vindo ainda a vencer o rali.

Este seria o último ano em que as estrelas do Mundial ali mediram forças durante a noite. Se a colocação dos espectadores, àquela hora, era mais difícil de controlar, do ponto de vista desportivo, a ideia não tivera o sucesso esperado já que apenas em 1978, ano do épico duelo Alen-Mikkola, o vencedor fora ali decidido. Habitualmente, os concorrentes chegavam à última etapa com as posições consolidadas, limitando-se a cumprir calendário. Acolhendo a competição em dois momentos, a abrir e a fechar o rali, Sintra constituía ainda uma operação logística onerosa e César Torres decide, em 1982, concentrar as passagens na abertura do Rali de Portugal, proporcionando o primeiro contacto entre o público os pilotos que percorreriam agora a fundo, as várias rondas pelas classificativas durante a manhã e início da tarde da etapa inicial.

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