WRX, Montalegre: E Kristoffersson quase tudo levou

Por a 19 Setembro 2022 12:02

A estreia do novo Mundial de Ralicross totalmente elétrico no nosso país foi um sucesso. Houve espetáculo, drama e consagrações. Na prova do Mundial, Johan Kristoffersson mostrou porque atualmente está num nível à parte com o seu Volkswagen e alcançou o tetra de vitórias nesta temporada. Mas no domingo uma penalização de 10 segundos atribuiu a vitória a Niclas Gronholm

O futuro chegou ao Ralicross, os elétricos mostraram em Montalegre porque é que a sustentabilidade da modalidade só faz sentido com a transição para a eletrificação. Os novos Supercars são imponentes no aspeto, rápidos na performance e proporcionaram as corridas mais emotivas do fim-de-semana. Pode-se sentir falta do barulho, é verdade, mesmo até quando vemos os carros a entrar ou a sair dos espaços de assistência, mas o potencial do campeonato está lá. Com mais três ou quatro equipas, com a entrada de mais alguns nomes sonantes e com algumas medidas que podem ser implementadas pelo promotor (criar um som artificial Racing para os carros, por exemplo), o campeonato tem futuro e poderá crescer. Quem é um purista de gasolina pôde, no entanto, desfrutar também em Montalegre das fortes emoções proporcionadas pelos Supercar do Europeu RX1. E para os portugueses, os corações também bateram forte no domingo, com as vitórias e as disputadas batalhas finais em que se envolveram Mário Barbosa, João Ribeiro e Nuno Araújo. Parabéns a eles e a todos os pilotos portugueses que abrilhantaram esta prova internacional, organizada pela experiente equipa do Clube Automóvel de Vila Real, em colaboração com uma incansável equipa da Câmara Municipal de Montalegre, que permitiram uma vez mais a Portugal receber uma prova deste espetacular Campeonato do Mundo FIA.

Sábado de trás para a frente

Tendo de lutar depois da corrida de progressão devido a um furo duplo (a corrida de progressão substitui a última manga de qualificação e tem peso decisivo na atribuição das grelhas das Meias-finais), Johan Kristoffersson conseguiu, no entanto, retificar a situação para obter a sua quarta vitória consecutiva da temporada, vencendo à frente do seu companheiro de equipa Ole Christian Veiby e de Timmy Hansen. Dominante em termos de velocidade pura durante as duas mangas disputadas, um furo duplo na corrida de progressão fez atrasar, no entanto, a escalada de conquista do atual Tetracampeão Mundial. Uma oportunidade que Timmy Hansen aproveitou para garantir a pole-position para as meias-finais. Com o seu irmão Kevin Hansen e Johan Kristoffersson na sua meia-final, Timmy Hansen não conseguiu, mesmo assim, resistir ao regresso em força do piloto da Volkswagen. Um andamento completamente aparte da concorrência que Kristoffersson confirmaria depois na Final. Na segunda meia-final, vitória para Ole Christian Veiby, beneficiando da luta entre Klara Andersson e Niclas Gronholm, com o finlandês a atrasar-se na parte final devido a um eixo traseiro danificado no seu PWR. O jovem sueco Gustav Bergstrom, no terceiro Volkswagen, também se qualificava para a decisiva corrida do dia. Na Final, Kristoffersson conseguiu sair da primeira curva na liderança, muito disputada na travagem com múltiplos contactos entre os três Volkswagen Polo e o Peugeot de Timmy Hansen, nunca mais se preocupando com quem vinha atrás, vencendo tranquilamente na frente do seu companheiro de equipa Ole Christian Veiby. Por seu lado, Timmy Hansen teve de aplicar-se com todas as suas forças para conquistar o seu terceiro pódio desta temporada de 2022. Foram também notórios os progressos feitos no trabalho de desenvolvimento por parte do Team Hansen sobre o Peugeot face à anterior prova disputada na Letónia. O sueco Gustav Bergstrom efetuou a sua Joker-lap logo no início e quando Timmy Hansen fez a sua, parecia que poderia perder momentaneamente a posição, mas uma manobra bem-sucedida na curva 9 permitiu-lhe recuperar o terceiro lugar do pódio.

Peugeot ameaçam no domingo

Depois de um pódio prometedor, o Team Hansen queria mais e começou o dia de domingo a demonstrar no terreno que poderia ser uma ameaça ao domínio de Kristoffersson. Numa pista que apresentou uma temperatura mais elevada em relação ao dia de sábado, os dois Peugeot recuperaram todo o seu vigor. Na Q1, Timmy Hansen fez voltas rápidas muito próximas dos tempos registados pelo atual Campeão e na Q2 Kevin Hansen acompanhou perfeitamente o ritmo de Kristoffersson. Ficou logo ali o aviso. Seguiu-se a corrida de progressão, onde assistimos provavelmente à corrida mais emocionante de todo o fim-de-semana com uma luta intensa, nos limites e correta entre Kevin Hansen e Kristoffersson, o que representou o perfeito exemplo do que deve ser o Ralicross, com vantagem para Kevin Hansen. Na outra corrida de progressão, Timmy Hansen conseguia bater Gronholm e assim tínhamos os manos Hansen a ocuparem o lugar da pole-position para cada uma das duas Meias-finais. Estava a ser uma exibição de sonho para o mais jovem dos irmãos Hansen, mas na Meia-final 1, um toque na saída da curva 1 com o PWR de Gronholm fez com que o Peugeot ficasse com danos irremediáveis na suspensão. Na segunda meia-final as coisas também não correram nada bem a Timmy Hansen e um pião na Joker-lap afastava-o da luta pela vitória, que ficava assim nas mãos de Kristoffersson. Na Final, o sueco do Volkswagen partia da pole, enquanto Timmy Hansen da posição mais exterior. No arranque, Timmy Hansen redimiu-se e teve um disparo sensacional que o levou a discutir a liderança com o seu rival na curva 1, conseguindo mesmo sair na frente. Seguiu-se um frenético duelo pela vitória, com o Volkswagen sempre colado aos para-choques traseiros do Peugeot até que um ataque mais musculado de Kristoffersson na travagem para a curva 1 na segunda volta custou ao tetracampeão mundial a oportunidade de conquistar o “penta” em vitórias nesta temporada. Depois do toque, Timmy Hansen foi à escapatória e perdeu imenso tempo, enquanto Kristoffersson nunca mais foi incomodado e acabaria por cruzar a bandeira de xadrez no primeiro lugar. Mas depois o Colégio de Comissários Desportivos penalizava Kristoffersson em 10 segundos, dando assim a Niclas Gronholm a segunda vitória consecutiva em Portugal depois da conquistada no ano passado, enquanto Ole-Christian Veiby alcançou o seu quarto pódio em cinco possíveis à frente de Klara Andersson, com a jovem sueca de 21 anos a ser uma das agradáveis surpresas do fim-de-semana. Quanto a Kristoffersson, este caiu para o quinto lugar na Final, mas na classificação geral do campeonato, o sueco mantém naturalmente o controlo com uma vantagem de 21 pontos sobre Ole-Christian Veiby que é agora o segundo classificado.

Título entregue nos RX1

Nos RX1, a luta foi entre  Jānis Baumanis (Peugeot 208) o mais rápido no TL1 e na Heat 1, sempre com Enzo Ide (Audi S1) por perto, com o belga a ser o mais rápido na Heat 2 e Anton Marklund (Hyundai i20) a tentar chegar aos primeiros lugares. Marklund foi o mais rápido na Heat 3. Na corrida de progressão foi Ide a destacar-se na sua corrida, com Marklund a levar a melhor sobre Baumanis na sua prova.

Apesar de uma final atribulada, Anton Marklund festejou o título em Montalegre, sendo obrigado a fazer uma corrida de recuperação. A final não teve presença lusa, pois quer Mário Barbosa (Citroen DS3), quer José Oliveira (Peugeot 208) ficaram pelas meias-finais, um resultado apesar de tudo positivo para ambos os pilotos. Na final, Marklund embrulhou-se na curva 1 em alguns toques, foi logo à Joker Lap e cometeu um erro que o fez perder muito tempo. Enzo Ide (Audi S1) assumiu a liderança que foi sendo questionada por Jānis Baumanis (Peugeot 208), que tinha de vencer para adiar as contas do título. Mas Ide agarrou firme o primeiro lugar e conseguiu a sua primeira vitória no RX1, o que ajudou Marklund, que ainda recuperou um lugar e terminou em quarto, o suficiente para festejar. 

RX3 – Nuno Araújo foi ao pódio

Nos RX3,  Damian Litwinowicz (Audi A1) começou com o melhor tempo no TL1, mas na Heat 1 foi Kobe Pauwels (Audi A1), favorito ao título, a fazer o melhor tempo, seguido de Jan Cerny, em Skoda Citigo (+0:02.967) e Litwinowicz em terceiro. João Ribeiro foi quarto, seguido de Nuno Araújo em quinto (ambos eu Audi A1). Seguiram-se Sérgio Dias em sétimo (Renault Twingo), Jorge Machado em oitavo (Citroën C2), Rogério Sousa (Ford Fiesta) em décimo. Leonel Sampaio (Škoda Fabia), Tiago Ferreira, Joaquim Machado e António Sousa, este trio em Peugeot 208, completaram a tabela. Na Heat 2, seguido de Damian Litwinowicz e Kobe Pauwels. O melhor português foi João Ribeiro que foi quarto, com Nuno Araújo a ficar em sexto. Do sexto ao 13º apenas um lugar não foi preenchido pela armada portuguesa, presente em peso em Montalegre, com Jorge Machado (6º), Rogério Sousa (7º) e Joaquim Machado (9º) a conseguirem lugares no top 10. Kobe Pauwels venceu a Heat 3, com João Ribeiro a ficar com o terceiro posto, logo seguido de Nuno Araújo (Audi A1), com Jorge Machado (6º), Sérgio Dias (7º), Joaquim Machado (8º) e Tiago Ferreira (9º) a completar o top 10. Nas rondas de progressão, João Ribeiro venceu a sua corrida e Nuno Araújo ficou em segundo na sua prova.

No final, João Ribeiro não conseguiu manter as suas aspirações ao título de RX3. O piloto português foi quinto na final, após ter triunfado na semifinal 2 (onde também correram Nuno Araújo, Jorge Machado e António Sousa, sendo que na semifinal 1 tivemos a presença de Joaquim Machado. Kobe Pauwels foi o vencedor e com três vitórias em quatro provas, sagrou-se já campeão sem precisar da última ronda para festejar. Pauwels levou a melhor sobre Damian Litwinowicz, com Nuno Araújo a garantir a presença da bandeira portuguesa no pódio, numa excelente prestação do piloto luso, que no final do dia não escondeu a sua alegria e emoção pelo resultado conquistado. Beneficiou de uma penalização de cinco segundos a João Ribeiro por ter tocado mais de uma vez nos marcadores das curvas. Excelente prestação da armada lusa com a bandeira portuguesa no pódio graças a Nuno Araújo.

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