GP Itália F1: Nove anos depois, McLaren volta a vencer

Por a 12 Setembro 2021 15:25

Foi preciso esperar nove anos para voltarem a fazer a festa. Monza voltou a ser palco de uma corrida louca e se no ano passado “apenas” conseguiram um segundo lugar em Itália, este ano a McLaren conseguiu uma dobradinha, regressando finalmente às vitórias na F1. Daniel Ricciardo liderou praticamente toda a corrida e conquistou um saboroso triunfo, com a companhia no pódio do seu colega de equipa Lando Norris, ambos com corridas brilhantes. Em terceiro lugar ficou Valtteri Bottas, que depois de uma espantosa recuperação até ao quarto lugar, não conseguiu passar por Sergio Pérez, que devido a uma penalização de cinco segundos, perdeu a vaga no pódio para o homem da Mercedes. Que corrida!

A McLaren terminou a sua travessia do deserto. Depois de vários anos sem rumo e sem performance, a equipa voltou a encontrar o norte e a evoluir a cada corrida, a cada época, até chegarmos a este dia, em que uma das maiores equipas da história da F1 voltou ao topo, um lugar que sempre esteve à sua espera. Em Woking haverá festa e um pouco por todo o mundo, com os muitos fãs da equipa e da F1 a verem com um sorriso os festejos de Daniel Ricciardo, Lando Norris e toda a equipa.

Foi uma excelente exibição da equipa britânica que, apesar de ter estado constantemente sob pressão, conseguiu manter a cabeça fria, quer do lado dos pilotos, com prestações excelentes, quer do lado da equipa, com boas paragens nas boxes e boas estratégias. Beneficiaram também de azares alheios, mas venceram com toda a justiça. Daniel Ricciardo deu um pontapé na crise e depois de uma primeira metade de época para esquecer, foi regressando às boas exibições nesta rentrée e hoje afastou definitivamente fantasmas que começavam a pesar demasiado. Ricciardo sempre foi um dos melhores, mas precisou de mais tempo para se adaptar a um carro muito específico e que do outro lado da garagem tinha um jovem talento em grande forma. Ricciardo calou os críticos e voltou a ficar descalço. Lando Norris merece também destaque por mais uma excelente corrida. Foi agressivo quando teve de ser, defendeu-se de forma primorosa e mostrou uma maturidade muito acima da média, não mostrando azia por não ser ele o vencedor, limitando-se a ficar feliz pela equipa, afirmando “o meu tempo virá”. Uma prova que Norris cresceu tremendamente e é agora sem dúvida dos melhores do grid.

O filme da corrida

A corrida começou com Daniel Ricciardo a roubar a liderança da prova a Max Verstappen. O neerlandês disse antes da prova que não estava preocupado com o andamento dos McLaren, mas certamente se arrependeu do que disse pois apesar de não ser um andamento estonteante, era o suficiente para Ricciardo o manter atrás de si nas primeiras voltas. Mas a volta 1 ficou marcada também pelo excelente arranque de Lewis Hamilton que chegou mesmo a estar lado a lado com Verstappen em luta pelo segundo lugar, um duelo em que Verstappen apertou o britânico, que foi obrigado a ir fora de pista, um momento que Hamilton não esqueceu quando se voltou a encontrar com o #33 mais à frente na corrida. Atrás, o bom resultado de Antonio Giovinazzi na sexta e no sábado esfumou-se, com um toque de Carlos Sainz a atirar o italiano contra as proteções da pista, danificando a sua asa dianteira, caindo para o último lugar, sendo ainda penalizado com cinco segundos por ter saído de pista e regressado de forma insegura ainda antes do toque. Na volta dois Ricciardo liderava, com Verstappen, Norris, Hamilton e Charles Leclerc no top5. Pierre Gasly também foi obrigado a desistir, com um problema na suspensão e assim tínhamos dois Alpha Tauri fora de prova, pois problemas no sistema de travagem no carro de Yuki Tsunoda não permitiram que o japonês corresse hoje, um revés para a equipa que tinha marcado pontos em todas as provas até agora.

Daniel Ricciardo ia segurando Verstappen e Lando Norris segurava Hamilton, que depois do toque com Verstappen caiu de novo para o quarto posto. Os McLaren seguravam os líderes do campeonato. Mais atrás Charles Leclerc era quinto, com uma ameaça crescente de Sergio Pérez, que tinha conquistado duas posições, estando à frente Carlos Sainz, mas quem se destacava era Valtteri Bottas que já estava nos pontos ainda não tínhamos um terço de corrida cumprida.

O primeiro momento chave da tarde aconteceu na paragem nas boxes de Verstappen. Ricciardo parou para trocar os pneus médios por um conjunto de duros, na volta 23 e Verstappen tentou levar a melhor, ficando mais uma volta em pista, para ganhar tempo, mas as borrachas do neerlandês já tinham dado tudo o que tinham e era expectável que Ricciardo ficasse na frente do #33. Mas uma paragem desastrosa atirou Verstappen para o décimo lugar. A dança das boxes intensificou-se e Hamilton foi trocar de pneus, colocando um conjunto de pneus médios, mas na saída das boxes teve novo duelo com Verstappen na cuva 1. Nenhum deles deu espaço e o resultado final foi um Red Bull em cima de um Mercedes na caixa de gravilha, com os dois candidatos ao título fora de prova. Verstappen queixou-se que Hamilton não lhe deu espaço, a mesma queixa de Hamilton na curva 1.

No recomeço da prova, depois da saída do inevitável Safety Car, Ricciardo manteve-se na frente e Lando Norris tratou de passar Charles Leclerc (que tinha sido promovido a segundo), com uma espetacular manobra, que colocava os dois McLaren na frente da corrida. Mais atrás as lutas eram acesas, com Valtteri Bottas já em quinto e Sergio Pérez passou por Leclerc, mas a manobra foi feita fora de pista, pelo que o mexicano teria em teoria de dar de volta a posição. Como isso não aconteceu, Pérez foi penalizado com cinco segundos, mas era já claro que a Red Bull queria atrapalhar a Mercedes. Bottas já tinha despachado Leclerc e tinha como alvo o mexicano.

Daniel Ricciardo continuava na frente da corrida, com Lando Norris em segundo. O jovem piloto britânico perguntou se as posições eram para se manter e recebeu resposta afirmativa, mas Bottas vinha com tudo, tentando aproveitar a vida que ainda tinha nos pneus. Mas Pérez não lhe facilitou em nada a vida, não permitindo a ultrapassagem e poucas voltas depois, o finlandês perdeu gás e ficou atrás do #11 da Red Bull.

NIkita Mazepin apareceu parado em pista com problemas no seu monolugar, o que motivou um Virtual Safety Car, numa altura em que tínhamos Ricciardo, Norris, Pérez, Bottas, Charles Leclerc, Carlos Sainz, Lance Stroll, Fernando Alonso, George Russell e Esteban Ocon, com menos de dez voltas para o fim.

A corrida rapidamente se encaminhou para o final, sem grandes mudanças e Ricciardo cruzou a linha de meta em primeiro, seguido de Norris e Pérez, que por força da penalização caiu para quinto, entregando o terceiro lugar a Bottas que largou de 19º. Uma corrida fantástica com emoção, drama e uma vitória saborosa para a McLaren e a volta mais rápida para Ricciardo.

Destaques:

O maior destaque já foi feito. Os homens e mulheres da McLaren fizeram um trabalho soberbo hoje, um prémio merecido para anos de trabalho intenso, muitas vezes sem os resultados desejados. Esta é também mais uma prova que a reorganização que Zak Brown promoveu, com a entrada de Andreas Seidl e James Key está a surtir efeito. Uma vitória importante para as contas do campeonato, mas mais importante para a moral da equipa que volta a ter resultados palpáveis do seu excelente trabalho.

Hamilton e Verstappen também são destaque, pela negativa. Ambos voltaram a cometer os mesmos erros de Silverstone, mas desta vez ambos ficaram a perder. É inevitável que ambos não cedam um milímetro e que este tipo de situações aconteça mais vezes. Hamilton foi apertado por Verstappen e caiu para quarto, Verstappen foi apertado por Hamilton, ambos ficaram fora de prova. O respeito entre ambos existe, mas a luta é demasiado intensa para que alguém ceda. Ainda vamos ver mais disto.

Bottas esteve em grande neste fim de semana e foi claramente um dos melhores. Rápido, agressivo, apenas falhou por não ter despachado Pérez enquanto ainda tinha pneus. Mas largar de 19º e acabar em terceiro é obra. Nota-se que está mais leve e agora, com o futuro definido e sem a pressão da especulação, provavelmente veremos mais disto por parte do finlandês.

Foi também uma boa corrida para a Ferrari. Acabaram mais ou menos onde se esperava, mas não desperdiçaram pontos, pelo que pode ser considerada uma boa operação. Lance Stroll também foi um dos melhores desta tarde com um excelente sétimo lugar, à frente de Alonso e de George Russell, que andou na cauda do pelotão mas aproveitou o Safety Car para recuperar terreno e terminar nos pontos mais uma vez, à frente de Esteban Ocon. Giovinazzi teve uma tarde para esquecer e não conseguiu o bom resultado que se esperava, pois tinha mostrado potencial para isso, os Haas foram iguais a si próprios, Robert Kubica manteve-se longe dos problemas e só por isso merece novamente uma menção honrosa e para a Alpha Tauri foi um fim da série impressionante de corridas sempre a pontuar. Segue-se uma semana de merecido descanso para o Grande Circo, depois de três semanas intensas.

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V8_scars
V8_scars
2 anos atrás

Engraçado como num circuito tão difícil para ultrapassar, desde 2019 temos tido direito a grandes corridas cheias de energia e emoção. Hoje tivemos uma onda laranja novamente, mas ligeiramente diferente da passada semana. Com a desistência acidentada dos principais candidatos ao título por uma questão de testosterona, tivemos a oportunidade de ver lutas mais inteligentes e sensatas com um vencedor surpresa, não apenas por pilotar um carro que já não vencia à 9 anos, mas principalmente pela época apagada que vinha a fazer, mas hoje esteve soberbo desde o arranque e mereceu por inteiro a vitória. Se ainda juntarmos o… Ler mais »

Lagaffe
Lagaffe
Reply to  V8_scars
2 anos atrás

Hoje o Ricciardo seria sempre o vencedor. Mesmo com Lewis e Max em pista.

anotheruser
2 anos atrás

É muito bom ver a McLaren a renascer das cinzas.

A FIA cria tantas regras e regrinhas … falta uma para as micoses e pé de atleta.

gtman
gtman
2 anos atrás

A Mclaren ganhou, ainda bem. Numa análise mais fria devem a vitória ao Cenoura. A Mercedes acompanhava a carruagem com pneus mais duros e com a troca de papeis (pneus) seriam “comidos” com facilidade. Coisa que o Cenoura também sabia e por isso decidiu acabar com um mais do que provável deficit de 9 pontos.

kkk698
kkk698
Reply to  gtman
2 anos atrás

Tá a falar de banda desenhada?

kkk698
kkk698
2 anos atrás

Por que raio há de o Verstapem ser punido com 4 posições na grelha, se o Hamilton é que provoca o acidente, ainda mais ajudado pela altura do corrector que projeta o carro do Max contra o Inglês? Bad think Will heapean.

Lagaffe
Lagaffe
2 anos atrás

Ricciardo a calar-nos a todos que duvidaram do seu talento. Bravo!!
É evidente que quando muda de equipa toma o seu tempo a adaptar-se mas assim que vence a barreira inicial é excelente. Imagino que a azia do Norris seja grande mas é mais um desafio para ele vencer.

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