GP do Bahrein F1: Que se aprenda de uma vez por todas

Por a 29 Março 2021 16:30

Tivemos uma grande corrida que ficou estragada por um “pormenor”… os limites de pista. Mais uma vez este tema surge sem que a FIA clarifique de uma vez por todas as regras.

Imagine que vai numa estrada com traço contínuo e vê os condutores à sua frente fazer uma ultrapassagem. Nenhum deles é multado, mas quando faz o mesmo a autoridade passa-lhe uma multa. É justo? Por um lado transgrediu a lei, mas por outro viu condutores fazerem o mesmo sem que nada tivesse acontecido.

A corrida ficou estragada por uma “dualidade de critérios” termo tantas vezes ouvido noutros desportos e que tanta polémica provoca. Estamos na primeira corrida do ano… mas se fosse a última e aquela manobra decidisse o campeonato? Além de festa estragada, teríamos dois lados com opiniões opostas, mas todos com razão. E quem pode evitar isto? A FIA.

A FIA e os comissários têm sido demasiado brandos em certos casos e demasiado rigorosos noutros e esta “dualidade de critérios” dá azo a este tipo de polémica. Como explicar a Verstappen porque teve de dar o lugar a Hamilton quando Lando Norris não o teve de fazer quando passou por Charles Leclerc, na mesma curva também para lá dos limites? 

Verstappen recebeu uma comunicação via rádio da Red Bull a meio da corrida dizendo-lhe que outros pilotos, incluindo Hamilton, tinham estado a usar a saída na Curva 4 e encorajando-o a fazer o mesmo.

Tal dava uma trajetória vantajosa que tinha sido considerada ilegal para os treinos e qualificação – mas que na corrida, de acordo com as notas revistas dos comissários enviadas na sexta-feira, “não seria monitorizada no que diz respeito à fixação de um tempo de volta, uma vez que os limites definidores são a relva artificial e a caixa de gravilha nesse local”.

As notas, contudo, referiam-se também ao Artigo 27.3 do Regulamento Desportivo, que declara: “Os pilotos devem fazer todos os esforços razoáveis para utilizar sempre a pista e não podem abandonar deliberadamente a pista sem uma razão justificável” – com Hamilton a receber mais tarde instruções para não utilizar a linha da Curva 4 ou correr o risco de receber uma bandeira preta e branca.

Mas enquanto Horner aceitou que a Verstappen tinha de devolver a posição a Hamilton depois de ir fora da pista enquanto tentava passar na Curva 4, o chefe da Red Bull questionou o policiamento dos limites da pista naquela curva, o que sentiu ter dado a Hamilton e Mercedes uma vantagem de dois décimos por volta sempre que utilizaram a linha alternativa – com Hamilton a acabar por ganhar o Grande Prémio por apenas 0,745s da Verstappen.

“Foi frustrante”, disse Horner. “Pudemos ver, assim que a Mercedes começou a forçar o andamento, usaram essa parte da pista. Questionamos o Race Control que, se for esse o caso, podemos fazê-lo? Numa batalha renhida, há uma vantagem de dois décimos usando essa parte do circuito. A Mercedes fê-lo volta após volta, o Director de Corrida pediu-lhes então que respeitassem os limites, caso contrário teriam uma bandeira preta e branca.

“Obviamente, o Max passou bem para lá do limite, o que tinha sido deixado claro antes da corrida que se alguém obtivesse uma vantagem ao ir lá fora, teria de a devolver. Ele fez isso imediatamente, a equipa instruiu-o a fazê-lo após o Race Control nos ter instruído.”

“Precisamos de ter uma situação consistente. Não se pode dizer que não há problema em usá-la na corrida, mas não se pode ultrapassar; deve ser preto ou branco, não deve ser cinzento”.

“Recebemos uma instrução do Diretor da Corrida para devolver o lugar imediatamente. Foi frustrante e Lewis tinha apenas o suficiente para manter a sua posição até ao final da corrida. Não há garantias de que poderíamos ter conseguido os cinco segundos [de vantagem sobre Hamilton] se essa tivesse sido a penalização. Ele fez a coisa certa. É obviamente difícil perder uma corrida renhida como essa”, acrescentou Horner. “Mas temos de tirar muitos pontos positivos do fim-de-semana”.

Numa conversa com Filipe Albuquerque, há algum tempo, o piloto português afirmava que preferia correr nos Estados Unidos pois a questão dos limites de pista não se aplica. Eles existem. Para lá da linha há um muro, ou relva, ou gravilha. Quem passa da linha tem consequência imediata e isso faz parte do desafio de ser piloto. Saber arriscar o suficiente para ganhar vantagem, sem ficar fora da pista. Não é preciso ser tão drástico na F1. Mas é preciso que os comissários sejam coerentes e que usem a mesma métrica durante todo o fim de semana. Só assim estes casos deixarão de acontecer com tanta frequência. Que se aprenda de uma vez por todas.

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JP INAU
JP INAU
3 anos atrás

Duas perguntas: 1 – “Ultrapassar os limites da pista”, e “Ultrapassar para lá dos limites da pista” são frases com o mesmo significado? 2 – Se Max conseguia recuperar mais do que 5 segundos até ao final da corrida, porque é que não conseguiu tornar a ultrapassar Hamilton, apesar de ainda ter duas passagens pelo 3º sector onde era mais forte, e duas passagens pela reta principal com DRS e uns longos 1090 metros? 3 – Porque é que Max não usou aquela escapatória antes do aviso da Direcção de Prova, tendo em consideração que o muro das boxes da… Ler mais »

MLS_OLD
3 anos atrás

Esse ultimo paragrafo diz tudo, 100% de acordo…

aguia25
aguia25
3 anos atrás

Realmente esta vitória doeu muito, incluindo ao AS. Aceitem que dói menos. Tanto disparate junto. 😱

js1970
js1970
Reply to  aguia25
3 anos atrás

Aguia25 que gozo me dá este ruído e azia deste pessoal. 😂😂😂😂😂

opassac
opassac
3 anos atrás

Mas quem escreve as notícias neste pasquim que já foi o meu jornal de referência para saber novidades e noticias de todo o desporto motorizado vê a F1? Realmente, não deve ser fácil explicar a Verstappen porque teve de dar o lugar a Hamilton depois duma ultrapassagem fora de pista quando o Lando não teve de fazer o mesmo com o Charles…. porque tal não aconteceu… Bolas, onde é que o Lando ficou à frente do Charles, quando disputou a posição e alargou para fora de pista?!?!?!?! Enfim…

alexis
alexis
3 anos atrás

Há uma coisa que o Fabio Mendes deveria ter aprendido quando decidiu ser “jornalista”, é que tem que ser imparcial, deve reportar os factos tal como eles são e não alimentar polémicas, ainda por cima quando essas polémicas são baseadas em falta de informação, como é o caso. Antes de vir para aqui demonstrar a sua “azia” por a FIA ter feito cumprir o regulamento, deveria saber (é a sua obrigação como “comentador”) que o exceder os limites da pista é tolerado até um certo ponto, desde que não tire vantagem da manobra, como foi o caso da ultrapassagem do… Ler mais »

LAF
LAF
3 anos atrás

Este artigo começa logo mal com isto: “Imagine que vai numa estrada com traço contínuo e vê os condutores à sua frente fazer uma ultrapassagem. Nenhum deles é multado, mas quando faz o mesmo a autoridade passa-lhe uma multa. É justo? Por um lado transgrediu a lei, mas por outro viu condutores fazerem o mesmo sem que nada tivesse acontecido.” Isto é o mesmo que dizer: vi outros a matarem, nada lhes aconteceu e matei também e a autoridade apanhou-me! Que injusto!” Depois o artigo fala em dualidade de critérios. Mas não houve. Houve sim regras diferentes para situações diferentes,… Ler mais »

amigosinvisiveis2021_gmail_com
amigosinvisiveis2021_gmail_com
3 anos atrás

Essa matéria é claramente parcial, de maneira simplificada, um torcedor faz um reclame, gostaria que um jornalista informasse ao invés.

ZeCambota
ZeCambota
3 anos atrás

Este Fábio Mendes saiu cá um artista, de certeza que jornalista não é, é mais um opinador demagogo. A “crónica” dele devia estar cá em baixo junto de todos os comentários dos que dão “palpites certeiros” mesmo que só o próprio entenda serem certeiros.

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