GP Abu Dhabi F1: Opções estratégicas ainda mais incertas que habitualmente

O GP Abu Dhabi F1 marca o final de época do Mundial de F1 de 2023, e como já se percebeu de anos anteriores esta pista proporciona habitualmente boas corridas, especialmente quando há lutas em aberto pelos campeonatos e não só, como é o caso.

Pelo segundo fim de semana consecutivo, houve interrupções que deixaram as equipas com dados limitados para a corrida, pelo que esse é mais um ponto que complica a vida de quem decide as estratégias. Os treinos de sexta-feira contaram com a participação de 10 pilotos substitutos no TL1, e depois a segunda sessão foi afetada por duas bandeiras vermelhas que representaram metade do tempo da sessão pelo que as equipas não obtiveram uma grande quantidade de dados de stints longos quando as condições eram semelhantes às da corrida, ainda que ao mesmo tempo tenham poupado conjuntos de pneus que normalmente não teriam para a corrida de hoje.

Ou seja, por um lado, o dos pneus estão melhores, têm mais opções, por outro, não têm dados para decidir quais as melhores…

Com todas as equipas, exceto a Alfa Romeo, a pouparem dois jogos de pneus duros para a corrida, é provável que sejam conservadoras nas suas estratégias.

Neste caso, uma paragem única parece ser a melhor aposta, com as equipas a começarem com o pneu de composto médio para obterem o equilíbrio entre o desempenho na primeira volta e uma duração de sessão gerível que lhes permita mudar para os pneus duros no final da corrida, entre a 20ª e a 26ª volta.

Esse primeiro stint também pode ser prolongado se os pilotos se sentirem confortáveis para o fazer, permitindo um segundo stint mais agressivo até à bandeirada. Esta estratégia está aberta a todas as equipas e pilotos, uma vez que a dupla da Alfa Romeo só precisa de um conjunto de pneus para a executar.

Após a qualificação, alguns pilotos referiram que o nível de degradação foi mais elevado do que esperavam, e isso impede uma estratégia de uma só paragem, embora tentar fazer uma paragem única continue a ser o mais evidente, porque todas as equipas têm a possibilidade de alterar a sua estratégia a meio da corrida.

Ao fazer a primeira paragem nas boxes entre a 12ª e a 18ª volta, mudar para o pneu duro ainda permitiria chegar ao fim, mas o mais realista são duas paragens.

Se a opção for dividir a corrida a meio, as idas às boxes serão entre as voltas 33 e 39.

Tendo em conta que houve vários pilotos, que rodam habitualmente na frente a não conseguir passar à Q3, estes podem fazer uma opção mais agressiva envolve começar com o pneu de composto macio.

O macio oferece uma vantagem no arranque pelo que pilotos como Carlos Sainz, em 16º, ou Lewis Hamilton, em 11º, podem considerá-lo para tentar ganhar posições nas voltas iniciais.

A duração do primeiro stint dos dois que pararam nos médios – a janela de paragem nas boxes vai da volta 12 à volta 18 – e depois podem tentar usar um conjunto de duros até ao final da corrida.

A alternativa mais provável para os que estão mais atrás, no entanto, seria começar com os pneus duros e rodar o máximo possível, sabendo que algumas posições podem ser perdidas na primeira ou segunda volta, mas depois o stint seria feito à medida que os outros começassem a debater-se com a degradação.

Ser capaz de rodar muito tempo com o pneu duro pode proporcionar uma maior hipótese de ainda estar em pista antes da sua primeira paragem nas boxes para um potencial período de Safety Car.

Ser capaz de fazer uma paragem nas boxes nestas condições, pouparia aos pilotos cerca de sete segundos em termos de tempo perdido na via das boxes. E nesta pista a probabilidade de Safety Car é boa…

Por outro lado, a corrida começa às 17h00 locais e pouco depois o sol põe-se pelo que a temperatura da pista vai baixar consideravelmente e as equipas vão ter de gerir o desafio de uma mudança no equilíbrio do carro à medida que isso acontece, bem como tentar prever como é que os pneus vão reagir mais tarde nos stints.

FOTO MPSA/Philippe Nanchino