F1: Vale a pena trazer de volta os V12?

Por a 1 Outubro 2019 15:30

O desabafo de Sebastian Vettel quando foi obrigado a desistir no GP de Sochi terá feito sorrir muito fãs de F1. “Tragam de volta os V12!” exclamou um desiludido Vettel, após uma falha da sua unidade de recuperação de energia cinética.

Estes V6 híbridos nunca foram bem aceites pela maioria dos fãs. E ainda hoje continuam a ser olhados de lado. Primeiro foi o som… as críticas teriam caído para metade se o som destas unidades motrizes fosse mais vivo, com mais alma (bastava subir um pouco mais a rotação máxima do motor para termos outra música). Todos temos saudades do som estridente dos V12, V10 e até os V8, que na altura da sua introdução não foram tão bem aceites e que parecem agora uma sinfonia agradável, face ao som monótono e “anasalado” dos V6. Juntou-se a isso a exigência dos consumos algo que sempre esteve presente na F1 mas que sempre foi esquecido por que a quantidade de informação disponível não era a que temos hoje em dia. Por fim os custos e a complexidade que levaram a falhas sucessivas e a queixas de equipas, cujos orçamentos ficaram afectados com a exigência financeira destas novas unidades.

Todos estes argumentos podem parecer justificações mais que válidas para trazer de volta os V8 ou V12. Mas fazê-lo seria dar um passo atrás, um contrassenso no mundo da F1. A F1 sempre foi feita de passos em frente, de tecnologia de ponta, de inovação, de coragem para pensar fora da caixa. Trazer de volta os V12 seria no fundo mais um passo para a tão receada “americanização” da F1. No EUA as corridas são vistas numa componente de espectáculo diferente daquela que é usada na F1. Ambas são válidas mas são diferentes e, na minha opinião, devem manter-se assim.

A complexidade dos motores é grande, o custo é elevado, e tudo isto afasta possíveis interessados. Talvez por isso estes V6 devam ser mais admirados, pois apenas os mais corajosos conseguiram colocar em prática esta tecnologia e oferecer aqueles que são dos motores mais potentes que a F1 viu, em carros que são dos mais rápidos de sempre.

Eu entendo o desabafo de Vettel. Eu, como todos, tenho saudades do som arrepiante que aumentava ainda mais a sensação de velocidade… tenho saudade daquelas reduções agressivas, tenho saudades dos “blown difusers”… para mim o som dos motores é a música do automobilismo e sem música… a vida faz pouco sentido. Mas não quero que a F1 deixe de ser F1. Que a inovação que nos faz ficar de queixo caído deixe de fazer parte do imaginário dos fãs, mais ou menos interessados pela tecnologia. Que a F1 se torne numa espécie de Indy, e digo isto sem qualquer tipo de preconceito em relação à competição americana que serve o seu propósito de forma perfeita. Mas a F1 não é isso… nem deve ser.

Aprendi a gostar destes motores, com toda a beleza da sua complexidade e todos os seus defeitos. Aprendi que são o reflexo do mundo, que também é agora complexo e cheio de electrónica. Deixamos de lado os telemóveis que serviam para fazer chamadas e mandar 2 mensagens por dia, para dispositivos de uma complexidade tal que por vezes o conceito de fazer chamadas se torna quase secundário. O mundo evoluiu, tornou-se complexo, cheio de submenus e de definições… tal como a F1 que se tornou ainda mais complexa pois está um passo à frente. Um passo entre a modernidade do eléctrico, da eficiência, da electrónica e da tradição da combustão interna.

Não precisamos de trazer de volta os V12. Eles merecem ser admirados e apreciados nas máquinas que ainda os usam e nas demonstrações de carros históricos… e sim pensaremos sempre que antigamente é que era… algo que inevitavelmente acontecerá com os V6. Tenho saudades do som e da simplicidade dos V12. Mas os V6 são o caminho e devem ser aceites de uma vez por todas… por tudo o que têm de bom, por tudo o que podem trazer de bom… nunca esquecendo os pontos negativos que devem ser melhorados. Talvez seja isso que lhes dá carácter.

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