F1: Terá Vettel recordado Monza?

Por a 30 Setembro 2019 16:40

A questão da estratégia da Ferrari tem sido amplamente debatida. Cada um terá a sua opinião, dependendo da sua “cor” e do piloto que prefere.

Pessoalmente, a questão da Ferrari foi mais um erro a juntar a muitos que aconteceram neste ano e meio. A Ferrari tem pecado por erros estratégicos e por decisões menos acertadas. Em Sochi tinham tudo para saírem por cima de novo e diminuir ainda mais a pressão, mas a polémica instalou-se na primeira voltas, isto porque talvez a Scuderia tenha tido mais olhos que barriga.

A ideia era simples… Aproveitar que Charles Leclerc saía de primeiro e “puxar” Vettel para o topo para assim tentar outra dobradinha. Leclerc ficaria com a missão de furar o ar para Vettel, que aproveitaria o cone de ar para passar. Ficou claro pela forma com Lelcerc não defendeu o interior da curva 2, o primeiro grande ponto de travagem. Mas essa ideia estava condenada à partida… porque o ego de ambos os pilotos da “casa” é demasiado grande para jogos de equipa.

E de quem é a culpa? Alguns apontarão o dedo a Vettel que não cumpriu o acordo estabelecido… mas o caso já é mais antigo e vem de Monza. Mattia Binotto pode ter perdoado Leclerc pela “esperteza” da qualificação do GP de Itália, mas Vettel certamente não se terá esquecido, e a sua opção em Sochi terá sido o “troco”.

Em Monza, Leclerc esqueceu-se de avançar para que Vettel pudesse tentar a pole. A “sua” volta já tinha sido feita, e era a vez de Vettel ter o cone de ar e tentar a pole. Leclerc ficou na confusão, a passo de caracol e Vettel não teve o cone de ar que achava que era dele por direito agradecendo o favor do colega via rádio. O que era uma relação algo fria e distante terá ficado pior, mas sem grande repercussões pois Leclerc ganhou em casa e Vettel ficou como patinho feio a levar uma volta de avanço. Os grandes campeões não gostam deste tipo de golpes no ego.

Em Sochi, fiquei com a sensação que os problemas auditivos do #5 se deveram a “inflamações” que vêm da Europa, especialmente de Monza. Em Singapura, Vettel provou-se a si próprio que ainda era capaz de vencer e em Sochi não teve problemas em repetir o cenário “Multi 21”, porque afinal eles está com a equipa desde 2015 e tem sido ele o homem a guiar a equipa nestes anos.

Leclerc tem também a razão do seu lado. Não tem, nem deve servir de súbdito do tetracampeão, pois tem sido ele o mais rápido da equipa. No Bahrein a vitória era dele e escapou por azar. Tem cometido erros, mas também o seu colega de equipa, mais experiente. Leclerc sente-se justamente legitimado a assumir o papel de nº1.

De quem a culpa? Da equipa, mais uma vez. A Ferrari não podia ter sido tão ingénua ao acreditar que o jogo de equipa iria resultar. A simples hipótese “e se Vettel largar melhor e não quiser sair da frente porque ele é o campeão da casa?” deveria ter feito pensar os responsáveis da equipa duas vezes, no mínimo. Não consigo culpar Vettel por ter tentar a vitória, por se ter agarrado ao primeiro lugar com unhas e dentes, fazendo volta mais rápida atrás de volta mais rápida, impondo a sua lei. Não culpo Leclerc por se ter encostado à equipa e por ter seguido o plano de jogo escrupulosamente, porque lhe dava jeito e porque a volta da pole lhe dava esse “direito”. Culpo a Ferrari por ter tentado algo que é difícil e que nem sempre resulta… tentar uma dobradinha logo desde a primeira volta. Depois de uma primeira metade de época horrível, a Scuderia quer compensar o tempo perdido, mas não pode ter mais olhos que barriga, nem pode almejar afectar a imparável marcha rumo ao título da Mercedes e de Lewis Hamilton. A Ferrari deve concentrar-se em colar os cacos, e isso implica ser competitiva, tentar vencer e dar aos fãs o que eles querem (espectáculo) e pensar em 2020. As ordens de equipa, exceptuando a Mercedes na actualidade, são o primeiro motivo de azias que dão origem a mau ambiente na equipa.

Como irá Binotto justificar-se? Como explicará a Vettel as voltas a mais antes de ir as boxes, tornando mais eficaz o undercut de Leclerc? Como irá Binotto dizer que o nº1 trocou de porta quando disse com todas as letras que era Vettel o homem com a prioridade no início da época? A relação entre os pilotos ficará sempre marcada pelos dois episódios (Monza e Sochi) e a partir de agora a “guerra fria” poderá começar a subir de intensidade. Estava “escrito” que a convivência entre Vettel e Leclerc iria azedar. A surpresa é a Ferrari não ter tomado precauções para evitar isso. Não quero colocar a culpa em Binotto por completo. Se a Ferrari aguentou a tempestade foi graças à sua calma e à sua visão. Talvez sejam erros de quem passou demasiado tempo na área técnica e precise de entender um pouco melhor o ego dos pilotos. Na F1 as “traições” são lembradas durante muito tempo e interesse da equipa muitas vezes é esquecido.

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