F1: Ferrari troca de diretor a cada três anos

Por a 1 Dezembro 2022 11:00

Não é fácil ser diretor da Ferrari. A Scuderia é uma das equipas de competição mais famosas do mundo, pelo símbolo que ostenta e pela sua história na F. A pressão é grande e a necessidade de bons resultados é igualmente grande. Por isso, nem sempre os diretores ficam por muito tempo.

A Ferrari nunca teve muita estabilidade ao longo da sua história e olhando para os números essa caraterística torna-se ainda mais vincada. Com 22 chefes de equipa desde 1950, a média de tempo que cada diretor passou ao leme da equipa foi 3.3 anos.

Há duas exceções. Marco Piccinini (11 anos) e Jean Todt (15 anos) foram os homens que mais tempo passaram aos comandos da operação italiana. Tirando os dois nomes referidos do resto das contas, apenas seis diretores se mantiveram por quatro anos ou mais na liderança: Nello Ugolini (4), Romolo Tavoni (4), Eugenio Dragoni (5), Stefano Domenicali (6), Maurizio Arrivabene (4) e Mattia Binotto (4). Os restantes 14 não conseguiram manter-se por mais de três anos.

Se olharmos para as equipas com mais sucesso na F1, é fácil entender que a estabilidade na liderança foi a chave do sucesso. Mesmo na Ferrari, Piccinini começou o seu “reinado” com um vice-campeonato e um campeonato, seguindo-se um décimo lugar em 1980 e um quinto em 1981. Conquistou dois títulos seguidos em 82 e 83, ficando mais três vezes no segundo lugar. O caso de Jean Todt mostra bem a diferença que uma liderança estável pode trazer. Entrou para o leme da equipa em 1993, mas apenas em 1998 conseguiu vencer o título. Seis épocas sem títulos, das quais 3 deram segundos lugares. O que se seguiu? Uma das maiores eras de domínio de sempre da F1 com seis campeonatos consecutivos. Até a sua saída em 2007, Todt festejaria mais um título, saindo pela porta grande e deixando a semente para o triunfo da época 2008, o último ano que a Ferrari conquistou um título. Há assim uma ligação direta entre a estabilidade e os bons resultados, pelo que a filosofia de troca constante de líderes parece ser contraproducente. E era essa instabilidade que se tentava combater na Ferrari. Era um dos desejos de Mattia Binotto retirar a pressão dos resultados imediatos e trabalhar com calma e com astúcia para os resultados a médio prazo. No final da quarta época, resolveu ceder o lugar, com as críticas a serem cada vez maiores e talvez por não ter o apoio que achava que deveria ter por parte da chefia da marca. Mas uma coisa parece clara. O sucesso na F1 depende de um plano estruturado a médio prazo e com uma estrutura diretiva forte… o que não tem acontecido na Ferrari.

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917/30
1 ano atrás

Em Maranello a palavra estabilidade foi retirada do dicionário…

Lagaffe
Lagaffe
Reply to  917/30
1 ano atrás

Nunca existiu

917/30
Reply to  Lagaffe
1 ano atrás

Na era Todt, Schumacher, Brown existiu.

canam
canam
1 ano atrás

A Ferrari está no bom caminho.
Fez um bom carro e um exelente campeonato, embora com alguns erros taticos.
Agora nem o Leclerc nem o Sainz são o Vestappen . Esse é um problema…bicudo!
Se o Max corresse na Ferrari e o Leclerc na Red Bull, o resultado do mundial seria como ?

Last edited 1 ano atrás by Canam
917/30
Reply to  canam
1 ano atrás

Seria Leclerc P1 Max P2, são os dois melhores da actualidade e um é tão bom como o outro!

Scirocco
Scirocco
1 ano atrás

O problema da Ferrari parece ser o de não escolher necessariamente os melhores para gerir a equipa (e aqui não estou só a falar do director mas de toda a estrutura de gestão abaixo dele) mas sim os melhores desde que italianos. Se por um lado se percebe dado a nacionalidade da Ferrari, já não é entendível no mundo da F1 onde o talento/capacidade é sem duvida a prioridade numero 1. Veja-se o caso da Red Bull (austríaca) e gerida por um Inglês, a Alemã Mercedes com inúmeros elementos de gestão ingleses e a McLaren com um gestor desportivo Alemão… Ler mais »

garantia4
garantia4
Reply to  Scirocco
1 ano atrás

Há que ter em conta que os proprietários da Ferrari, sobretudo com o Marchionne, fecharam os “cordões à bolsa”, e que já vão longe os tempos do Todt que teve um presidente que o apoiou e segurou e ainda lhe proporcionou milhões e milhões para testes em pista ( a razão dos sucessos da Ferrari) ou para contratações de técnicos sem olhar a despesas, e isto só a título de exemplo. Mesmo assim, essa visão é preconceituosa. O Mekies, o Director Desportivo da Ferrari, é italiano ou francês? O Director, o nº1 da aerodinâmica da Ferrari, David Sanchez, é italiano… Ler mais »

garantia4
garantia4
1 ano atrás

A gestão do Binotto, querido naquele posto pelo Marchionne e nunca pelo Elkann, foi tudo menos pacífica. Desde o 1º dia. Não é uma das, mas sim, a equipa de competição mais famosa do mundo ( e como brand global, é só ir ver os rankings anuais). O 1º campeonato, o de construtores, foi em 1999. Ao longo de 7 anos o Todt, que aqui é apresentado como o “Salvador da Pátria”, esteve a roer as unhas e não trouxe em um chavo para casa, enquanto ia queimando milhões de liras em testes em Fiorano. E como a memória é… Ler mais »

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