F1: Estará o rumo realmente definido?

Por a 17 Julho 2019 13:14

A notícia do regresso em força do “efeito solo” à F1 domina as notícias de hoje. Foram apresentados os rascunhos do que poderá ser a F1 a um lote escolhido de jornalistas e o regresso de uma das técnicas que foi sendo constantemente anulada durante os últimos anos é um dos pontos principais.

Mas à distância, parece que algo vai mal na produção dos regulamentos de 2021. Parece que falta consistência… falta um rumo definido. Ross Brawn, segundo os relatos dos jornalistas presentes na apresentação, estava com um ar ligeiramente insatisfeito. Todos conhecem o seu trabalho na F1 e certamente estará pouco contente com estes avanços e recuos.

O impacto da apresentação dos novos carros, feita há meses atrás, diluiu-se completamente. A espectacularidade dos desenhos mostrados trouxe um sorriso que rapidamente desapareceu pois… a F1 já nos habituou a algumas desilusões neste capitulo.

O rascunho que hoje surge nos media é uma versão bem mais modesta a nível visual, mas para já não é sequer problema, pois são apenas rascunhos, com o valor que se lhes deve atribuir nesta fase.

O que mais levanta pontos de interrogação são as declarações de alguns responsáveis, que têm disparado soluções para o futuro. Os pneus, por exemplo, voltaram a mesa e parece que finalmente se chegou à conclusão que são parte importante da solução, algo já várias vezes afirmado, mesmo na remodelação de 2017 quando os carros receberam pneus maiores. A Pirelli tem sido criticada, mas para além de lhe ser pedido pneus que se degradem a um certo ritmo e que provoquem variabilidade nas estratégias, têm tempo reduzido para testar as novas soluções. Os italianos sempre se mostraram receptivos aos pedidos da F1 mas parece que também eles foram vitimas da indefinição no rumo.

Jean Todt falou recentemente em trazer de volta os reabastecimentos. Numa fórmula que pretende diminuir custos, parece um contrassenso, pois as equipas já não usam reabastecimentos há mais de uma década e terão de se adaptar a uma nova realidade com os pneus de 18 polegadas, uma mudança radical na filosofia dos monolugares. Acrescentar esta mudança implicará custos elevados. E a FIA, que tem sido tão intransigente na segurança, parece agora estar na disposição de diminuir os padrões.

Este novo foco no “efeito solo” é também estranho agora, pois em 2017 foi isso mesmo que foi prometido… maior difusor traseiro para potenciar o efeito solo e diminuir a dependência das asas. O resultado final não foi o prometido, assim como não foi na mudança deste ano, com asas mais simples. O efeito solo foi sendo constantemente posta de parte e agora surge como a solução.

Não se pretende aqui criticar a solução A ou B. Os argumentos que poderão ser apresentados contra os reabastecimentos poderão ser refutados com outros a favor de igual pertinência.Todos os pormenores devem revistos para termos o melhor produto final possível. O que se questiona é a falta de consistência e a aparente falta de rumo nos últimos anos e, especialmente agora, a poucos meses da apresentação de regulamentos de vital importância na F1. Ninguém esquece a introdução do novo sistema ridículo de qualificação em 2016. Chegamos à conclusão que a qualificação que temos está muito bem assim, mas falou-se na introdução de uma Q4 que não trará nada de novo. Parece que se navega à vista, num mundo onde estão os melhores entre os melhores.

A Fórmula E cresce cada vez mais, a oferta de entretenimento é cada vez maior, e a industria automóvel muda de forma cada vez mais rápida. A F1 tem de decidir se quer continuar a ser o pináculo da tecnologia automóvel (e para isso não pode apostar tanto em peças padronizadas), se quer ter uma competição equilibrada ( talvez o tecto orçamental seja solução) e em que tipo de filosofia quer apostar para os próximos 5 / 7 anos. Tem de encontrar um rumo claro, com dados sólidos que nos permitam ter uma F1 melhor e mais competitiva.

Apesar da F1 continuar viva e ainda proporcionar espectáculos de grande qualidade como em Silverstone, a falta de interesse continua a crescer e é preciso trazer de volta os fãs que se desligaram e conquistar novos fãs. Por uma vez a politica e os interesses individuais deveriam ficar a porta e pensar no futuro de algo que é mais que um negócio. À distância, é algo que não parece estar a acontecer. A F1 está longe, muito longe da morte como alguns pintam, mas precisa de ser pensada de forma séria para que tal de facto não aconteça.

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