IMSA: A última dança dos DPi

Por a 29 Setembro 2022 15:02

O fim de semana traz-nos a última ronda de 2022 do IMSA, na qual Filipe Albuquerque vai tentar trazer o título de campeão. Mas será também a última corrida dos DPi que reinaram no IMSA desde 2017. Uma história de sucesso que abriu a porta aos LMDh, que irão entrar em cena em 2023.

Com o fim de ciclo dos DP (Daytona Prototype) a chegar, a IMSA tratou elaborar um novo conjunto de regulamento em 2015 para novas máquinas que ganharam a designação DPi (Daytona Prototype International). A estreia das novas máquinas foi em 2017, quase dois anos após terem sido anunciados pela IMSA.

O conceito dos novos DPi era simples: pegando na base dos protótipos LMP2 dos quatro diferentes construtores, cada marca poderia introduzir mudanças estéticas para os aproximar das linhas dos carros de produção (ganhando assim mais relevância do lado do marketing) com motores próprios, ao contrário dos LMP2 do ACO que usam apenas motores Gibson.

A primeira corrida com os DPi foi as 24h de Daytona de 2017, onde vimos três máquinas deste género; o Cadillac DPi-V.R (base Dallara com motor Cadillac 6.2 L V8), o Nissan Nissan Onroak DPi (base Ligier com motor Nissan VR38DETT 3.8 L Turbo V6, turbo) e o Mazda RT24-P (base Riley Tech/Multimatic com motor Mazda MZ-2.0T 2.0 L Turbo I4). A estes juntaram-se os novos LMP2 que também se estrearam nesse ano, com nova regulamentação.

Os Cadillac começaram esta era em grande e tornaram-se na referência, com o Nissan a mostrar velocidade, mas pouca fiabilidade e o Mazda ainda longe da competitividade necessária. As máquinas americanas dominaram as épocas de 2017 e 2018. Mas 2018 foi o ano da entrada da Acura (base ORECA com motor Acura AR35TT 3.5L V6, turbo) para o campeonato e, nessa altura sim a Cadillac encontrou um desafio à altura, numa altura em que o Nissan já tinha saído de cena e a Mazda tinha recorrido a Joest para tentar melhorar a performance da equipa, o que conseguiu, sem nunca capitalizar verdadeiramente as melhorias feitas. O confronto Cadillac vs Acura aqueceu o campeonato e em 2019 (ano em que os DPi começaram a correr numa classe à parte, sem os LMP2 que foram colocados numa classe separada) a Acura venceu o título de construtores, repetindo a dose em 2020. Em 2021 (último ano da Mazda na competição) a Cadillac voltou a vencer o título e em 2022 a luta continua renhida, mas a vantagem está completamente do lado da Acura.

Quanto aos pilotos que se destacaram nesta era, Jordan e Ricky Taylor, Felipe Nasr e Eric Curran, Dane Cameron e Juan Pablo Montoya, Ricky Taylor e Hélio Castroneves, Pipo Derani e Felipe Nasr foram as duplas que venceram o título de 2017 a 2022. Na Michelin Endurance Cup (reservada a provas longas) juntam-se à lista Renger Van Der Zande, Ryan Briscoe, Alexander Rossi e Filipe Albuquerque. Os pilotos lusófonos sempre estiveram muito na moda no IMSA com a presença ainda de Christian Fittipaldi que fez dupla uma dupla imbatível com o nosso João Barbosa, que deram cartas nos tempos dos Prototype e mostraram toda a sua qualidade nos DPi. Juntamente com Albuquerque, venceram a edição 2018 das 24h de Daytona, com Albuquerque a repetir o feito em 2021, o primeiro ano da era DPi em que a vitória na mítica corrida não foi para a Cadillac com a WTR a festejar o triunfo na primeira corrida com o ARX-05 da Acura. Podemos dizer que Albuquerque e Barbosa foram dos melhores pilotos da era DPi.

Foram seis épocas de muita intensidade, de grandes corridas, com grandes pilotos a percorrerem pistas míticas. Seis temporadas em que o conceito DPi foi ganhando força enquanto os LMP1 definhavam. Foi com uma base semelhante na filosofia DPi que foram pensados os LMDh, que finalmente poderão competir em Le Mans. Os DPi também foram pensados para correr em Le Mans, mas alterações técnicas de última hora não agradaram ao ACO e as portas dos americanos fecharam-se. Agora, com a união LMDh, LMH os fãs da resistência terão mais e melhores corridas, com as marcas a poderem apostar apenas num projeto e a poderem correr em todas as grandes provas de resistência do mundo. Os DPi foram importantes, pois elevaram a IMSA a um patamar de excelência, enquanto o ACO procurava um rumo. Esse rumo demorou a ser encontrado, mas foi de mãos dadas com a IMSA (finalmente) que se tomaram decisões que nos poderão dar uma das melhores eras de sempre do endurance. Os DPi tiveram uma parte de responsabilidade neste caminho. Um caminho que termina para estas máquinas, numa grande final (mais uma) em Petit Le Mans, o palco certo para o fim de um reinado que será recordado com saudade. 

Subscribe
Notify of
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
últimas Autosport Exclusivo
últimas Autosport
autosport-exclusivo
últimas Automais
autosport-exclusivo
Ativar notificações? Sim Não, obrigado