Miguel Ramos: “É preciso traduzir a emoção dos automóveis para os mais jovens”

Para onde vai a indústria automóvel? Cada vez mais castrada, com inúmeras regras que tornaram os carros mais seguros, mais amigos do ambiente, mas também menos interessantes e menos agradáveis, a indústria automóvel vê-se atualmente numa posição inesperada: ter de comunicar um produto cada vez menos emocionante, a um público cada vez menos interessado no automóvel.
Esta visão pode ser aberrante para quem lê, pois se está aqui, certamente nutre uma paixão pelos carros. Mas a novas gerações olham com cada vez menos interesse para o automóvel. Se antes, ter um carro era o sonho de muitos jovens, agora as prioridades são outras. É preciso repensar a forma de comunicação e como se chega ao público. E para isso, a Toyota tem apostado numa filosofia holística: com soluções de mobilidade pura que se mesclam com produtos emocionantes, forjados no mundo do motorsport, onde essa emoção atinge o pico.
Durante o fim de semana do International GT Open em Portimão, Miguel Ramos, piloto consagrado e diretor-executivo da Salvador Caetano, falou abertamente sobre a aposta contínua da Toyota no desporto motorizado. Com décadas de experiência tanto ao volante como na liderança de um dos maiores grupos empresariais portugueses, Ramos defendeu com convicção o papel central da emoção no futuro da mobilidade automóvel. O “ganhar ao domingo para vender à segunda” funciona agora de forma diferente:
“Não é diretamente relacionado com vendas, mas é claramente relacionado com a notoriedade da marca e onde a marca quer estar. A marca Toyota quer criar emoção. Com esta história da eletrificação, os carros de estrada estão cada vez mais aborrecidos. Se a marca não traduzir nada emocional ao cliente, qualquer dia estamos a comprar um carro como quem compra um televisor”, afirmou.
Segundo o dirigente da Salvador Caetano, o motorsport continua a ser uma peça essencial da estratégia da marca nipónica. “A estratégia da Toyota é muito clara: quer que a marca traduza valores de competitividade, de emoção. Por isso é que aposta tanto no motorsport”, destacou. “É isso que a Toyota faz muito bem. Garante que há um Yaris nos rallys e agora temos um GR Yaris, que é um espetáculo de conduzir. E acessível — não é o preço de um Ferrari. Eu trouxe um para Albufeira e fui por uma estrada de terra. Chegou lá todo sujo, mas foi um espetáculo.”
No entanto, Ramos reconhece que os tempos mudaram: “As gerações são diferentes. Ou se consegue traduzir essa emoção para os mais jovens, ou isto não interessa para nada. Há pessoas que só querem um meio de mobilidade, e há outras que querem algo que lhes diga alguma coisa. Como quem compra um Ferrari, não é para andar com ele — é porque é Ferrari. Fica parado em casa, mas transmite emoção.”
E é precisamente esse equilíbrio que, segundo Ramos, a Toyota está a conseguir alcançar. “Está a trabalhar nos dois mundos. Temos soluções de mobilidade para quem quer algo prático, mas também produtos que despertam emoções. Conheço pilotos que têm Ferrari ou Lamborghini em casa, mas o que lhes dá gozo no dia a dia é o GR Yaris.”
Assim, podemos estar perante uma mudança de paradigma para o desporto motorizado. Se antes, havia uma proporção direta entre vitórias e as vendas, parece que agora o caminho é usar o desporto motorizado como uma montra onde as marcas, mais do que mostrarem o número de vitórias, mostram a sua capacidade técnica e também a sua capacidade de criar momentos emocionantes. O desporto motorizado pode ser o último reduto onde as marcas têm espaço e liberdade para mostrarem o que podem fazer: máquinas de sonho, que vão para lá do instrumento que nos leva de A a B. Automóveis com capacidades incríveis que nos mostram que a mobilidade não tem de ser cinzenta. E se essa emoção puder ser passada para o consumidor, talvez o automóvel possa manter-se como objeto de paixão para as próximas gerações.
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